sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A Dilma ganhou, e agora?

A vitória da Dilma tem gerado uma diversidade de manifestações, algumas, inclusive, mais quentes que durante o período eleitoral. Surgiu até um site que propõe a reconciliação entre pessoas que perderam a amizade por causa de discussões políticas. Batizado de “Coxinha S2 Petralha”, o site disponibiliza uma série de mensagens a serem enviadas para colegas petistas e tucanos.
Além das manifestações e das possíveis reconciliações, algumas contradições já se evidenciaram. A Marina, que afirmou o tempo todo “não desistir do Brasil”, parece que resolveu substituir o Lobão e sumiu do país. Já o seu partido – que apoiou Aécio -, apareceu em cena e declarou, por meio de seu presidente, que a legenda vai permanecer fora da base aliada e que fará oposição “à esquerda”.
As reações pós-vitória de Dilma se tornaram mais radicais. Conforme reportagem publicada pela Revista Fórum, após o resultado que confirmou a reeleição de Dilma, a página do Exército, no Facebook, recebeu centenas de pedidos de golpe militar. Uma das imagens publicadas na página do Exército recebeu mais de 2 mil comentários, acusando o Exército de estar “acomodado” em relação à situação política do país. Assim, a vitória da Dilma nos indica que avançamos mais um largo passo à esquerda, complicando ainda mais os planos da direita que ainda permanece mobilizada.
A Dilma ganhou e, com isso, Aécio repetiu a façanha de seu avô Tancredo e quase governou o país. Aécio também coroa o tricampeonato de derrotas do PSDB em disputas diretas com seu adversário, equilibrando, assim, o cenário de frustrações sofridas pelo PT desde 1989. Não obstante, a vitória de Dilma preocupa a direita, que já reconhece a volta de seu maior adversário em 2018: o presidente Lula.
 A vitória de Dilma preocupa a direita, pois ela promete realizar as reformas políticas que Collor e FHC engavetaram e que Lula só tentou implementar. Essas reformas preocupam a direta, sobretudo alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que já se pronunciaram desfavoráveis aos plebiscitos e aos referendos populares.

            Enfim, A Dilma ganhou, e agora? Tomara que o seu governo volte-se para os movimentos sociais, revendo, assim, a sua estratégia de poder para então abortar de vez o seu discurso desenvolvimentista e propor um governo realmente popular sem as interferências de alguns caciques da política corrupta e oportunista.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Seguimos à esquerda ou voltamos à direita?

Depois que o capitalismo dominou além da economia também a política, tem se tornado difícil distinguir a política de esquerda da política de direita. Isto porque a alma da política tornou-se o negócio ou uma negociata. Política é vendida aos eleitores que a consomem e não mais a constroem. Parece que há mais delegação de poder e representatividade do que participação e democracia.
Esta reflexão parece extremista ou exagerada, por que são pequenas as ações do Estado (Legislativo e o executivo, desde o âmbito nacional até o municipal) que propiciam a conscientização política ou a educação para a cidadania.
Observando a política nacional, centrando o olhar na disputa eleitoral, especificamente, na peleja entre Dilma e Aécio, percebe-se algumas semelhanças, sobretudo no que diz respeito às estratégias midiáticas e às “multi-pluri-hiper” alianças partidárias.
Por exemplo, Aécio, representa ou herda projetos e visão de política da direita, como a redução da maioridade penal. No entanto, discursivamente, defende a reforma agrária e a preservação do meio ambiente. No caso de Dilma, que representa a esquerda, que implantou as políticas sociais como o bolsa família e defende a não redução da maioridade penal. No entanto, tem em seu palanque políticos do Partido progressista (PP/Arena) e a senadora Kátia Abreu, que defendeu a extinção dos quilombos e do MST.
Dados alguns dos elementos que nos impossibilitam distinguir com clareza entre esquerda e direita ainda nos resta a história. Ou seja, graças a história podemos desembaraçar as coisas e não tomar tudo pelo viés extremo, generalista ou superficial. Quem foram direita e esquerda em nossa história?
A direita foi a base ideológica de nossa colonização. Ou seja, os colonizadores não pensaram em beneficiar os colonizados. O processo de colonização foi da elite sob os nativos, introduzindo a mão de obra escrava e extinguindo ao máximo os recursos naturais. A esquerda representou os movimentos de resistência indígena e negra, que lutou pela soberania nacional e pela distribuição da renda entre as classes sociais.
Atualmente, Dilma é o seguimento da esquerda e, mesmo com as coligações com alguns partidos de direita, ainda representa o pouco que nos resta da histórica esquerda. Aécio, mesmo discursando para os pobres, ainda representa a classe política de direita, que prefere a dominação do mercado em detrimento da participação popular através do Estado. Sem dúvida, a partir da história, a questão central permanece: seguimos à esquerda ou voltamos à direita?

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Projeto de Extenção: Comunicação, Saúde Pública e Cidadania

          No intuito de colaborar com o Sistema Público de Saúde do município de São Borja (RS), este Projeto de extensão busca compreender como a comunicação midiática atua na mediação entre saúde pública e cidadania.  A noção de cidadania condiz, nesse projeto, com a disponibilidade de conteúdos midiáticos da Secretaria municipal de Saúde à população, como: impresso, site e audiovisual.  A partir da Pesquisa participante, o presente projeto realiza a observação, coleta e o diagnóstico da produção e veiculação desses conteúdos midiáticos. 
Acesse o blog e saiba mais
http://comunicasaudeunipampa.blogspot.com.br/

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Programa radiofônico Grito Camponês


Programa realizado na oficina de radio da II Escola de Comunicação da CLOC - VC, que aborda temas sobre reforma agrária no Brasil e América, e sobre o golpe de estado do Paraguai .
 Ouça ...
http://www.mpabrasil.org.br/biblioteca/musicas-audios/programa-grito-campones 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O papel da sociedade civil e da esfera pública política. Direito e democracia...



 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS
Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Disciplina: Teoria Sociológica II - Doutorado
Docente: Prof. Dr. Luciano Joel Fedozzi
Discentes: Joel Felipe Guindani e Valéria Calvi Amaral Silva


Apontamentos a respeito do texto: HABERMAS, J. O papel da sociedade civil e da esfera pública política. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997, Vol. II, p. 57-121.


Ementa: No presente texto, Habermas busca construir uma reflexão na medida em que revisa algumas correntes teóricas, como a dos sistemas (a partir da teoria da regulação), da pluralidade e a da teoria econômica da democracia. O texto é divido em três grandes seções. A primeira, A democracia no crivo das teorias sociológicas, Habermas problematiza a noção de política deliberativa. A segunda, “Um modelo de circulação do poder político”, apresenta os principais argumentos defendidos pela teoria dos sistemas e de como eles concebem, sistemicamente, a integração da sociedade de um modo fechado ou autônomo. Criticando tal perspectiva, o autor desenvolve uma nova reflexão, que baseia-se na força empírica da funcionalidade do poder oriundo do Estado de direito. A terceira parte, Atores da sociedade civil, opinião pública e poder comunicativo, finaliza a discussão demonstrando que a força do Estado de direito depende, sobretudo, “da capacidade da sociedade civil em desenvolver impulsos vitais através de esferas públicas autônomas e capazes de ressonância, as quais podem introduzir no sistema político conflitos existentes na periferia”. 

Versão completa com: j.educom@gmail.com

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Comunicação é alteridade



Só existe comunicação se antes existir a disposição do outro. A alteridade é condição fundamental para o processo comunicativo. Para Bakhtin (2003 p.302)

Ao falar sempre levo em conta o fundo aperceptível da percepção de meu discurso pelo destinatário: até que ponto ele está a par da situação, dispõe de conhecimentos especiais de um dado campo cultural da comunicação; levo em conta as suas concepções e convicções, os seus preconceitos (do meu ponto de vista), as suas simpatias e antipatias – tudo isso irá determinar a ativa compreensão responsiva do meu enunciado por ele.

Nossas produções comunicacionais precisam convidar o leitor a preencher os vazios deixados propositalmente pelo egoísmo do enunciador. Segundo Umberto Eco (1982 p. XI)

(...) um texto que não só requer a cooperação do próprio leitor, mas quer também que esse leitor tente uma série de opções interpretativas que, se não infinitas, são ao menos indefinidas, e, em todo o caso, são mais que uma. (...) Como princípio ativo da interpretação, o leitor constitui parte do quadro gerativo do próprio texto.


Alteridade como sentido e ação receptiva concreta do outro, da diversidade, do ser em comum...

Saiba mais em....j.educom@gmail.com

BAKHTIN, M. (VOLOCHINOV). Estética da criação verbal. (Trad. do francês Paulo Bezerra). 4ª ed., São Paulo: Martins Fontes, 2003.

ECO, Umberto. Lector in Fabula: a cooperação interativa nos textos narrativos. São Paulo: Perspectiva. 1983.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Livro da Compós 2012 “Mediação e Midiatização”


"Mediação e Midiatização" é lançamento da Compós (Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação) em 2012. A obra, que é produzida a partir de questões fundamentais para a compreensão da comunicação contemporânea mediante processos constitutivos da cultura midiática na contemporaneidade, tem como prefaciador o professor Adriano Duarte Rodrigues, da Universidade Nova de Lisboa.

O livro foi organizado por Maria Ângela Mattos, Jeder Janotti Junior e Nilda Jacks e publicado pela Edufba.
Parte I – Mediação & Midiatização: Conexões epistemológicas
Circuitos versus campos sociais, por José Luiz Braga
Médium, media, mediação e midiatização: a perspectiva germânica, por Marco Toledo Bastos
Recepção, mediação e midiatização: conexão entre teorias européias e latino-americanas, por Laan Mende barros
Pode o conceito reformulado de bios midiático conciliar mediações e midiatização? Por Gislene Silva
Sistema dos media e deliberação pública: acerca do valor epistêmico da mediação para a legitimação democrática, por Diógenes Lycarião
Sob o signo de Hermes, o espírito mediador: midiatização, interação e comunicação compartilhada, por Cláudio Cardoso de Paiva.
Inflexões metodológicas para a teoria do uso social dos meios e processos de midiatização, por Jorge Cardoso Filho

Parte II – Percursos Investigativos
Romarias, marchas e tecnologias: as mediações e a midiatização da questão agrária contemporânea, por Joel Felipe Guindani e Valdir Jose Morigi
Mediação e midiatização da religião em suas articulações teóricas e práticas: um levantamento de hipóteses e problemáticas, por Luis Mauro Sá Martino
Midiatização e reflexividade das mediações jornalísticas, por Carlos Alberto de Carvalho e Leandro Lage
Midiatização e mediação: seus limites e potencialidades na fotografia e no cinema, por Clarisse Castro Alvarenga e Kátia Hallak Lombardi

domingo, 27 de maio de 2012

Os sentidos da recepção e o fazer radiofônico em tempos multimídia


Introdução
Este artigo é destinado aos que sintonizam emissoras de rádio e aos que, de alguma forma, atuam no espaço radiofônico. Ou seja, trata-se de um artigo ambicioso, pois quem já não se pegou até mesmo conversando com o rádio, ou ligou para alguma emissora para pedir uma música ou para se atualizar sobre algum acontecimento? Certamente, este artigo tem muito o que dizer, pois o rádio é a única mídia de alcance massivo presente em três grandes períodos históricos: sua solidificação e dispersão tecnológica no período do governo de Getúlio Vargas; massificação, censura e resistência no tempo da ditadura militar; e sua ampliação relativamente democrática, desde a Constituinte de 1988 até os dias atuais, de convergência tecnológica e de transmissão e interação multimídia.
Desse contexto, o presente artigo problematiza, respectivamente, três dimensões: as especificidades técnicas e sociológicas que fazem do rádio um veículo atual e de sucesso; os sentidos da audiência, a partir de depoimentos de ouvintes do município de Abelardo Luz, região oeste catarinense; e o fazer radiofônico em uma realidade cada vez mais multimídia. 

Capítulo de livro, em parceria com os profs da UNOESC-JBA. Edição do obra em andamento.  

sexta-feira, 23 de março de 2012

A pesquisa em processos midiáticos


É preciso levar em conta a relação de poder, entre: mídias, consumidores, tecnologias e sujeitos. É como uma disputa hegemônica, que ora o poder está de um lado e ora de outro. Encontrar a relação que interliga produção e recepção é, pelo que percebo, concretizar uma pesquisa chamada “processos midiáticos.”



O que é uma pesquisa em processos midiáticos?


Desconfio que os estudos/pesquisas em comunicação se constituíram, na maior parte da história, de modo fragmentado ou dicotômico. De um lado os que apostam na comunicação tecnológica, de linhagem  'McLuhiana', do meio que é a mensagem. Esses pesquisadores se debruçam na especificidade técnica, do como funciona um software, se produz uma boa propaganda ou uma boa fotografia. São tão alucinados com as técnicas que acabam se fechando numa visão extremamente positivista, de que a ciência tecnológica é perfeita etc etc. Isto levou, e ainda leva, à práticas de pesquisas funcionalistas, de que a comunicação é “estímulo-resposta”, como a práticas profissionais pobres e limitadas, como a de que basta um outdoor bem colorido para vender um produto, de que basta uma voz forte e grave para se ter uma boa audiência. Quer dizer: receptor fraco, que espera e consome tudo da mídia e que não precisa participar dela.  
O outro lado, ou o lado B da pesquisa e da prática da comunicação, é o que foca unicamente nos estudos em recepção, que relativiza a dimensão tecnológica – que é importante, mas não única. Por exemplo, este campo da recepção, ao buscar saber sobre a afetação das mídias na realidade social, desconsiderava os aspectos do meio de produção. Eram pesquisadores, que iam para rua abordar pessoas sobre o programa de rádio tal, sobre a leitura do jornal y, ou sobre uma novela, e colocavam o processo de análise no mesmo crívo, sem levar em conta as especificidades do campo de produção, como da própria tecnologia.

Ou seja, o recorte em processos midiáticos serve para não adotarmos a visão de que tudo é comunicação. Uma visão que leva à pesquisas superficiais, que não abordam as lógicas produtivas e nem o contexto do receptor. Processos midiáticos é uma matriz de pensamento que nos auxilia a não sairmos pesquisando na rua o que as pessoas estão ouvindo ou falando sem problematizar a mídia que veicula - se é revista, jornal, rádio -, a partir de uma perspectiva complexa, histórica, política e econômica, às lógicas de funcionamento, se a rádio é AM ou FM, sua abrangência, rotinas produtivas, que dizem respeito ao mundo dos profissionais, se são formados, quantas horas trabalham, se atuam em setores específicos, sua visão de mundo, etc etc..

A estrutura e superestrutura sociológica

Processos midiáticos, que tenham, de um lado, alguma tecnologia de comunicação como centro de análise e , de outro lado, sujeitos contextualizados em suaa complexaa estrutura e superestrutura sociológica, que é cada vez mais afetada pelas lógicas da midiatização. 

Todo o estudo em processos midiáticos precisa de uma fundamentação sociológica. Ou seja, se você irá falar de publicidade, é preciso ler autores não apenas da teoria publicitária, das identidades do marketing etc etc. Você deverá, sim, utilizá-los, mas somente depois de abordar a dimensão sociológica macro, a partir de autores que problematizam as transformações sociais, sejam institucionais ou individuais, a partir da cultura midiática contemporânea. Reforço, realidade esta que não é apenas tecnológica, mas política, histórica e econômica.

Podemos dizer que os processos midiáticos, que põem em curso a chamada sociedade em midiatização, constitui-se na medida em que os processos sociais são mediados por objetos técnicos e a ação é orientada  pela interação entre tecnologia e valores sociais, culturais, econômicos e políticos

De certa forma, os processos midiáticos podem ser considerados como uma matriz de pensamento, que valoriza a perspectiva interacional. Ou seja, não adianta querer saber sobre o sucesso ou o insucesso de uma marca pesquisando apenas dentro da empresa, ou observando apenas o desenvolvimento tecnológico do software, ou se a cor azul é mais identitária do que a vermelha. Sim, isso é importante, mas lhe dará apenas parte de uma resposta, pois o poder de estabelecer ou não a comunicação do sujeito com um produto ou com mídia, também está nos meandros do complexo campo da recepção.

Indo, então, ao campo da recepção você irá perceber que não basta apenas situar o sujeito no seu cotidiano imediato, se ele vai todos os dias ao mercado ou se escuta o programa de rádio todos os dias. É preciso observar o contexto ou as raízes desse sujeito; contexto que contem todos os elementos que irão definir o consumo e as lógicas pelas quais o produto deverá ser pensado e desenvolvido.

Teoricamente, esta visada interacional está ancorada na certeza de que qualquer tecnologia, ou produto decorrente dela, está interligada aos usos e apropriações sociais, que se dão, justamente, nesse encontro entre tecnologias e usos, produzindo os vínculos, a circulação de sentidos - que são as audiências e demais consumos - entre tecnologias que ofertam e aqueles que se posicionam na recepção desta oferta.

Perspectiva interacional
 
Na perspectiva interacional, dá para perceber uma certa circularidade entre tecnolgias e recepção. Ou seja, a perspectiva “processos midiáticos” se assenta na certeza de que a sociedade atual, cada vez mais midiatizada, não é uma consequencia apenas dos dispositivos técnicos de mídia, pois é´, também, a sociedade que gera essa necessidade, tratando-se da origem e desenvolvimento dessas tecnologias midiáticas.

O professor Braga, da Unisinos, comenta sobre isso::
"... é porque a sociedade crescentemente gerou a necessidade, para processar suas interações, de comunicações mais amplas e abrangentes, mas específicas e especializadas, mais diversas, mais eficazes (etc.) que foi desenvolvendo mais e mais procedimentos e tecnologias mediáticas (Braga, 2004: 11).

E por ai se estrutura a importância de pesquisar a comunicação de modo complexo e profundo, de modo relacional e não mais dicotômico.

Tentando resumir 

O estudo que se filia na perspectiva dos “processos midiáticos” deve contemplar dois movimentos: o que as mídias estão fazendo com os sujeitos e o que os sujeitos estão fazendo com as mídias. Para isso, é importante problematizar a sociedade e sua reprodução e demais movimentos a partir da lógica da midiatização, para depois adentrar nas especificidades da tecnologia, se é rádio, TV, propaganda, internet, como a questão da recepção.
Ou seja, parece-me que se trata de uma pesquisa que, inicialmente, parte de uma abordagem sociológica, para em seguida recair na especificidade da tecnologia – pois cada mídia produz e instiga relações e comportamentos de modo diferentes – , retornando, assim, para uma abordagem sociológica da recepção.

Por exemplo, se o aluno quer pesquisar sobre qual a melhor estratégia de mídia ou de publicidade para a empresa tal, ele não pode adotar uma postura focada em um dos extremos: é preciso ser audacioso e encarar a comunicação contemporânea como um campo cada vez mais abrangente e relacionado com outras lógicas e campos sociais. Isto é o que faz da mídia um dos poderes estabelecidos, que ordena o social e é reordenado por ele.
Mas ai entra uma questão de que não há equilíbrio ou total compartilhamento de forças entre esses espaços em que se compõe um processo midiático.

É preciso levar em conta a relação de poder, entre: mídias, consumidores, tecnologias e sujeitos sociais. É como uma disputa hegemônica, que oora o poder está de um lado e ora de outro. Encontrar a relação que interliga produção e recepção é, pelo que percebo, concretizar uma pesquisa chamada “processos midiáticos.”

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

La Radio es el medio más próximo amigable y democrático


Quito, febrero, 12 de febrero (OCLACC).- "La Radio sigue siendo el medio más próximo y amigable. Puedes escuchar radio mientras caminas, mientras conduces, mientras trabajas, mientras pierdes el sueño. Pero también es el medio más democrático a la hora de participar en su programación. Basta levantar un teléfono y hablar con quien está locutando", dice José Ignacio López Vigil, director de RADIALISTAS, al conmemorarse este 13 de febrero el Día Mundial de la Radio, instituido por la UNESCO.
Para López Vigil "la radio es el medio más versátil para el diálogo y la mediación entre ciudadanía y autoridades. Permite la rendición de cuentas de las autoridades a la ciudadanía... Este ejercicio de periodismo ciudadano funciona mucho mejor a través del medio radial que de otros medios de comunicación por su rapidez, la movilidad de sus reporteros, la paridad que se establece entre la ciudadanía que reclama y las autoridades que deben responder a dichos reclamos. Hablando, todos y todas somos iguales, refiere el radialista apasionado en entrevista a OCLACC.
Desafíos de la radio comunitaria en América Latina
Para el experimentado capacitador y productor radiofónico, el primer desafío que la radio tiene hoy, consiste en "renovar la programación con formatos más audaces, más incisivos, más dramatizados, mas investigativos. La calidad de la programación, nos permitirá enfrentar otro desafío que a veces se vuelve angustioso: la sostenibilidad. Porque ninguna radio será sostenible con malos programas. A su vez, la sostenibilidad tiene que ser pensada "más allá" de la pauta publicitaria", señala López Vigil.
"Habría que concebir una emisora de radio como un centro cultural que promueve diversas actividades y por ellas obtiene ingresos", anota.

Para el apasionado radialista también es urgente la conversión tecnológica. "La radio tiene que apropiarse de las nuevas tecnologías en todos sus niveles: como fuente informativa, para la pre y la post producción, para la transmisión, para el intercambio".

López Vigil afirma que "Otro desafío para las radios comunitarias y sensibles a lo que pasa en el mundo es su compromiso con las causas justas de la ciudadanía. No creo en neutralidades. Ante un mundo tan desequlibrado, ante una naturaleza tan depredada, ante una crisis tan aguda provocada por banqueros y especuladores, una radio debe renovar su compromiso con la justicia, con los derechos humanos, con los auténticos valores cristianos".

Este 13 de febrero, "Día Mundial de la Radio", es "una oportunidad para reconocer el prodigio de la radio y aprovechar su poder en beneficio de todos. En un mundo en cambio constante, tenemos que aprovechar al máximo la capacidad de la radio para conectar gentes y sociedades, para compartir conocimientos e información y para reforzar el entendimiento", dijo la Directora General de la UNESCO, Irina Bokova, en su mensaje con motivo del primer Día Mundial de la Radio.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A comunicação vai para a escola


Este ensaio problematiza a relação comunicação e educação. Em seguida, relata a experiência de comunicação protagonizada por alunos e professores da Escola Estadual de Ensino Médio Nova Sociedade, localizada em um assentamento rural, no interior no Rio Grande do Sul. É uma reflexão que expõe as possibilidades pedagógicas das novas tecnologias de comunicação.




Grande parte das correntes teóricas que iluminam as práticas de jornalistas, educadores e de pesquisadores – sejam da educação, comunicação ou da sociologia – apresenta a “comunicação e sociedade” de modo pouco convergente. Alguns inovam nos conceitos e nas expressões, mas continuam a realçar as disjunções em detrimento da inter-relação pedagógica via processos participativos, como também de poder, hegemonia, negociação e de disputa.



A dicotomia é ainda mais explícita quando observamos as diversas reflexões sobre os conteúdos midiáticos produzidos pelos “grandes grupos de comunicação”. Para os apocalípticos, é quase consenso que a mídia – enquanto dispositivo tecnológico ou conteúdo – paira em um plano metasocial; um epífenômeno solto e intacto de qualquer intervenção, investimento, estratégia ou de prática social. Esta perspectiva, excessivamente separatista, beira dois extremos que se tocam, pois produzem problemas semelhantes: primeiro, a anulação crítica da constituição histórica dos monopólios midiáticos sob a lógica da dominação e do silenciamento social – já que a mídia é o resultado de uma elite que “faz bem a mídia”, pois oferta o que o telespectador “passivo” deseja; e em segundo, o apagamento das possibilidades de engajamento pelos próprios atores sociais sobre esta mesma lógica – já que as tecnologias apenas distanciam; a mídia é o príncipe eletrônico, o quarto poder, um grupo capitalista intocável.



Potencial transformador



Alimenta-se, assim, um movimento autopoiético que desestimula práticas pedagógicas, bem como as possíveis ações sociais transformadoras com e sobre a própria mídia. Assim, não apenas alguns jornalistas e professores, como o próprio imaginário social se fragilizam mediante a avalanche tecnológica. Em outras palavras, mesmo com tantas tecnologias de uso individual, pouco se avança para a prática comunicacional pedagógica, a qual é a única capaz de alterar para o “agir” todas aquelas práticas, discursos e sentidos do “sofrer” a mídia.



Portanto, repensar a comunicação é desconstruir este viés, por demais negativista, e propor uma nova abordagem sócio-pedagógica para a própria comunicação. Segundo a professora Lúcia Santaela – em seu livro Por que as comunicações e as artes estão convergindo? –, é preciso tomar consciência de que “os meios de comunicação são inseparáveis do nível de desenvolvimento das forças produtivas de uma dada sociedade, de modo que eles estão sempre inextrincavelmente atados ao modo de produção econômico-político-social”.



Adiante, autora enfatiza que esta perspectiva estruturante também está integrada na histórica e indissolúvel relação “comunicação e processos de aprendizagem”. Ou seja, os atos individuais, como as ações sociais coletivas estão inseridas em agrupamentos, instituições, campos sociais, os quais funcionam como espaços de produção de saber, de reconhecimento, de visibilidade social, os quais são responsáveis pela transformação das próprias estruturas.



Neste cenário, o campo escolar se apresenta como potencial transformador do próprio campo comunicacional e vice-versa. É preciso, então, encarar as inúmeras e criativas práticas pedagógicas como dinamizadoras do conhecimento, agora, mais do que nunca, integradas às novas tecnologias comunicacionais.



O ato de “dizer a palavra”



É nesta consciência que a comunidade educativa da Escola Estadual de ensino médio Nova Sociedade se apresenta como espaço visível de protagonismo comunicacional de professores e de educandos. Localizada em assentamentos rurais, no município de Nova Santa Rita, região metropolitana de Porto Alegre (RS), a Escola Nova sociedade realiza, desde 2009, oficinas de comunicação, como: análise da mídia, rádio-escola, audiovisual, jornal impresso e blog (www.radionovasociedade.blogspot.com).



Além da prática, as forças que sustentam a continuidade dessas ações são a sistematização e o registro, bem como os encontros de discussão entre professores e alunos. É perceptível, nos depoimentos dos envolvidos com o projeto, a revalorização das práticas comunicacionais. Ao final das atividades, os participantes ressaltam que a atuação nesse espaço desconstrói a velha posição defensiva de sujeitos meramente receptores ou consumidores e os lança para uma outra dimensão: a de criadores e propositores, capazes de modificar, desde o ambiente escolar, as próprias políticas comunicacionais e educacionais que os constituem. Para Maiara, aluna do quarto ano do ensino fundamental, “fazer comunicação é mais animado do que só assistir televisão. Se eu ficasse em casa estaria até dormindo na frente da televisão. Aqui eu posso fazer vídeo sobre as coisas da aula e depois assistir na internet”, afirma.



Seja ela popular, alternativa ou comunitária, a comunicação quando vai para a escola renova-se e instiga outras práticas pedagógicas participativas, tecnologicamente prazerosas, engajadas e libertadoras. Com isso, abre-se uma nova porta reflexiva, que nos permite, inclusive, repensar a atualidade de Paulo Freire – nosso primeiro teórico da comunicação e da educação –, sobretudo neste tempo de convergência tecnológica, de multimídia, as quais potencializam novos canais para o indispensável ato de “dizer a palavra”.



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[Joel Felipe Guindani é radialista e doutorando em Comunicação e Informação na UFRGS]