“Todas as coisas não comunicadas, que não foram nunca confiadas a ninguém, deixam de existir, pois não há para elas lugar permanente na realidade” Vera S. Telles.
quinta-feira, 30 de junho de 2011
Cartas do Cárcere, Antonio Gramsci
Roma, 20 de novembro de 1926
Minha querida Iulca,
(...) Tentei imaginar como vai se desenrolar toda a vida futura de vocês, porque vou ficar certamente muito tempo sem notícias suas; e voltei a pensar no passado, nele buscando razão de força e de confiança infinita. Sou e serei forte; amo você muito e quero rever e ver nossos pequenos filhos. Preocupa-me um pouco a questão material: seu trabalho será suficiente? Penso que não seria menos digno de nós nem exagerado pedir um pouco de ajuda. Gostaria de convencê-la disto, para que você me escute e procure meus amigos. Estaria mais tranquilo e mais forte, sabendoa-a protegida contra qualquer acontecimento ruim. Minhas responsábilidades de pai sério ainda me atormentam, como pode ver.
Minha querida, não gostaria de intranquilizá-la, de modo algum: estou um pouco cansado, porque durmo pouquíssimo e, por isso, não consigo escrever tudo o que gostaria e do modo como gostaria. Quero fazer com que você sinta de modo bem forte todo o meu amor e toda a minha confiança. Abraços para toso os seus familiares; e, com a maior ternura, abraços para você e os meninos. Antonio.
(Fragmento da primeira carta escrita por Antonio Gramsci à sua esposa após ser condenado por Mussolini e preso no cárcere romano de Regina Coeli)
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