segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Sucesso em 2008!!! Mas qual Sucesso?


“Tempo de repensar nosso paradigma de ‘sucesso’”!
Quando seminarista saindo da adolescência para a juventude nas periferias e favelas de São Paulo me deparei com muitas pessoas de sucesso.
Mas como ser pessoa de sucesso e morar em uma favela?
Para conseguirmos entender isso precisamos quebrar nossas estruturas de pensamento, nossas janelas ideológicas que muitos definem como “paradigmas”. Os paradigmas podem nos conduzir, mas também podem nos cegar, deixar-nos reduzidos ao nosso ponto de vista...
Perdemos a oportunidade de vivermos com mais intensidade quando não saímos de nossos paradigmas.
Por que falo isso? Porque em fim de ano, Natal e início de um novo período sempre há um clima para avaliação do ano que passou e planos para o próximo. E nesse contexto gostaria de ressaltar que precisamos rever nosso paradigma de “sucesso”, já que o que mais desejamos aos outros e almejamos para nós se resume nesta palavra: Sucesso em 2008!!!
Há vários séculos as pessoas, principalmente no mundo ocidental, buscaram construir sua felicidade a partir da busca do sucesso. E este sucesso sempre foi compreendido como o alcance de um elevado poder de compra, uma boa conta bancária, ter possibilidade de freqüentar lugares finos, de viajar...
Esse paradigma de sucesso foi se modernizando. Hoje para ter sucesso não precisa ter, basta mostrar o que se tem, então as pessoas alienam-se no mundo da aparência, das vaidades, da moda, do consumismo.
Vão perdendo a habilidade de relacionar-se com as pessoas, principalmente com aquelas que não fazem parte da sua classe social. Vivemos um paradigma do sucesso centrado no individualismo e na superficialidade.
E aí pergunto novamente: O que é ter sucesso? Qual o sentido do sucesso?
Por isso falo de D.Lurdes, uma pessoa que conheci em uma favela de São Paulo. Ela era uma líder, organizou uma cooperativa de padaria e costura, composta por mulheres que buscavam uma renda para alimentar seus filhos.
D.Lurdes preocupava-se primeiramente com os outros e depois com ela... Só estava feliz se a sua comunidade estivesse bem. D.Lurdes viveu mais de 30 anos dando sua vida para o bem comum e para a felicidade de seus vizinhos, que considerava sua família.
D.Lurdes e as outras mulheres não se preocupavam somente consigo e por isso eram pessoas extremamente humanas e sensíveis. D.Lurdes foi para mim uma verdadeira professora de humanidade, de inteligência solidária e de compaixão.
O desapego aos bens materiais, ao mundo da aparência e da vaidade pode conduzir as pessoas ao sucesso diferente deste que conhecemos. Um sucesso centrado na ambição por valores humanos, pela compaixão, pela comunidade e pela solidariedade.
O século XXI exige, além de uma educação profissionalizante, uma aprendizagem para este sucesso que torna as pessoas mais humanas. A idéia de um sucesso humano nos deixará pessoas mais felizes, mais livres, menos reféns das aparências, das vitrines, dos carros novos, das marcas de roupas, dos modelos de celular...
O modelo de sucesso alicerçado no consumismo e na obsessiva conquista de sonhos materiais já causou sérios prejuízos ao meio ambiente, já provocou elevados índices de concentração de renda e de violências...
O sonho de viver apenas para ficar rico é muito pobre e mesquinho! Empobrece nossa rica humanidade!
Ainda neste espírito Natalino, possamos refletir melhor sobre o sentido de sermos profundamente seres de sucesso, mas acima de tudo “humanos”!
Evandro e Joel Guindani..