Depois
que o capitalismo dominou além da economia também a política, tem se tornado
difícil distinguir a política de esquerda da política de direita. Isto porque a
alma da política tornou-se o negócio ou uma negociata. Política é vendida aos
eleitores que a consomem e não mais a constroem. Parece que há mais delegação
de poder e representatividade do que participação e democracia.
Esta
reflexão parece extremista ou exagerada, por que são pequenas as ações do
Estado (Legislativo e o executivo, desde o âmbito nacional até o municipal) que
propiciam a conscientização política ou a educação para a cidadania.
Observando
a política nacional, centrando o olhar na disputa eleitoral, especificamente,
na peleja entre Dilma e Aécio, percebe-se algumas semelhanças, sobretudo no que
diz respeito às estratégias midiáticas e às “multi-pluri-hiper” alianças
partidárias.
Por
exemplo, Aécio, representa ou herda projetos e visão de política da direita,
como a redução da maioridade penal. No entanto, discursivamente, defende a
reforma agrária e a preservação do meio ambiente. No caso de Dilma, que
representa a esquerda, que implantou as políticas sociais como o bolsa família
e defende a não redução da maioridade penal. No entanto, tem em seu palanque
políticos do Partido progressista (PP/Arena) e a senadora Kátia Abreu, que
defendeu a extinção dos quilombos e do MST.
Dados
alguns dos elementos que nos impossibilitam distinguir com clareza entre
esquerda e direita ainda nos resta a história. Ou seja, graças a história
podemos desembaraçar as coisas e não tomar tudo pelo viés extremo, generalista
ou superficial. Quem foram direita e esquerda em nossa história?
A
direita foi a base ideológica de nossa colonização. Ou seja, os colonizadores
não pensaram em beneficiar os colonizados. O processo de colonização foi da
elite sob os nativos, introduzindo a mão de obra escrava e extinguindo ao
máximo os recursos naturais. A esquerda representou os movimentos de
resistência indígena e negra, que lutou pela soberania nacional e pela
distribuição da renda entre as classes sociais.
Atualmente, Dilma é o seguimento da esquerda e,
mesmo com as coligações com alguns partidos de direita, ainda representa o pouco
que nos resta da histórica esquerda. Aécio, mesmo discursando para os pobres,
ainda representa a classe política de direita, que prefere a dominação do
mercado em detrimento da participação popular através do Estado. Sem dúvida, a
partir da história, a questão central permanece: seguimos à esquerda ou
voltamos à direita?