quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Tom Morello, guitarrista do Rage Against The Machine, fala no Twitter sobre apoio ao MST

Durante apresentação no festival SWU, em ITU, interior paulista, Zack de la Rocha, vocalista do Rage Against the Machine, dedicou a música People of the Sun ao MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Ele disse: "Esse som vai para os irmãos e irmãs do MST: People of the sun" Em seguida, durante a música Wake Up, o guitarrista Tom Morello colocou um boné do MST e poucos minutos depois a rede Globo, que transmitia o festival, cortou a transmissão do show. Um comunicado oficial - falando do apoio da banda ao movimento durante a apresentação - foi divulgado hoje (10) no site oficial do MST. Tom Morello também se pronunciou pelo Twitter: "Se a rede de tv cortou as cenas em que eu aparecia c/ o boné do MST, é sinal que estamos vencendo", postou o guitarrista do Rage.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Edgar Morin: "Por reforma agrária e sustentabilidade ambiental"


Em entrevista concedida ao site do Estadão, Edgar Morin fala que "a demora em fazer uma reforma agrária no Nordeste pode significar o avanço da agroindústria na Amazônia, um perigo para a ecologia."
Confira a entrevista:

OE - O senhor costuma dizer que a pluralidade do País reflete a grandeza do Brasil, um possível modelo para o mundo. Como e onde vê essa grandeza?


MORIN- Para alguém que vem da Europa, um continente de nacionalidades fechadas, o Brasil sempre me pareceu aberto a outras etnias - e é essa civilização da mestiçagem brasileira que me interessa. Vejo a grandeza do Brasil na pluralidade étnica de Salvador e na biodiversidade da Amazônia. Acho, porém, que é importante a restituição dos territórios e o reconhecimento das culturas das populações indígenas, porque o mundo considera a Amazônia patrimônio da humanidade, mas pensa pouco na preservação dessas culturas. A noção de desenvolvimento hoje corrente pode ser devastadora para os índios - e não apenas para eles, mas para toda a humanidade, considerando que a integração dos índios à sociedade não pode significar a desintegração da cultura indígena. Isso pode trazer consequências graves, como a degradação da floresta pelo uso de pesticidas nos projetos agrícolas dos latifundiários.
Claro, há também a questão urbana e a favelização das cidades, tão grave como o crescimento do número de carros em circulação. O Brasil é um país pacífico, sem espírito colonialista ou de revanche contra os outros. É também um país em desenvolvimento, embora esse desenvolvimento seja o da classe média - o que pode representar no futuro uma intoxicação consumista. É preciso, antes de consumir, recuperar o hábito de reparar os objetos para que o mundo não vire um depósito de sucata.

OE - O senhor falou da grandeza da Amazônia. Como vê, então, a possibilidade de proteger a floresta com a precária educação ambiental dos invasores?


MORIN- Assentar os migrantes é, de fato, um grande problema, e acho que a demora em fazer uma reforma agrária no Nordeste pode significar o avanço da agroindústria na Amazônia, um perigo para a ecologia, como já disse. Infelizmente, a corrupção no Brasil ainda é muito grande - considero mesmo o problema principal do País. Respeito profundamente o passado e o presente do presidente Lula, mas acho que ele tem de enfrentar essa máquina infernal do liberalismo econômico que ainda vai destruir a Amazônia e as culturas indígenas, que são não só um patrimônio brasileiro, mas de toda a humanidade.

Continua em:

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090802/not_imp412201,0.php