sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A arriscada missão de informar


A vida de Herzog é referência para a democracia e sua morte uma evidência dos limites e consequências da profissão.
O jornalismo é uma atividade onde o profissional deixa muito de si para a produção de boas matérias. Ou seja, trata-se de uma área que exige, incessantemente, certa doação e entrega deste profissional. Em nome do direito e do dever de informar a sociedade sobre os graves casos de homicídios, exploração sexual, tráfico de drogas, pedofilia e demais temas que constituem a realidade cotidiana, o jornalista investigativo, usando de sua especialidade – e, por vezes, auto-suficiência – ultrapassa alguns limites e cria certo abismo entre a profissão e a sua condição humana.

A rotina de um repórter é desafiadora, pois envolve investigação, escrita e reescrita, entrevistas, coleta de dados e a divulgação daquilo que ocorre em lugares de alto risco. Assim, o "tornar público" é apenas uma parte da atividade. Esta rotina, que envolve o contato com a dura realidade brasileira, choca-se com a condição humana do jornalista. Munidos de câmeras e demais equipamentos, muitos repórteres ocupam territórios dominados por poderes cruéis e ditatoriais, de traficantes de drogas, políticos corruptos e outros criminosos que em nada prezam pela vida. Para fazer esta mediação ou para cumprirem a missão de informar, alguns jornalistas doam-se em prol da causa social e em defesa dos mais fracos. Nesta atitude, colocam sobre si responsabilidades que excedem a tarefa jornalística.

Este comportamento ilustra-se no ditado: "O médico pensa que é Deus, o jornalista tem certeza." Nesta incessante busca por certeza, cremos que o profissional não pode colocar o jornalismo à frente de sua vida. O repórter deve seguir princípios guiados por uma reflexão do trabalho jornalístico, que é a incansável perseguição pela objetividade dos fatos. Mas, em contrapartida, existe sua condição humana, das relações familiares e do desejo de voltar para casa no final do dia.

O cinema e o jornalismo de investigação

O jornalista investigativo percorre a linha tênue do possível e da via perigosa. Tomado pelo direito de informar, muitas vezes vai ao encontro do abismo, como presa rumo ao predador. Seu conhecimento é pequeno em comparação ao arsenal vigilante mantido pelas organizações criminosas. Perdem-se grandes repórteres em nome do direito de informar sem medida. Não são poucos os exemplos de jornalistas agredidos, espancados, torturados e assassinados. São vidas jogadas fora para atender ambições individuais, políticas e corporativas, que muitas vezes destoam do interesse público ou da sua condição humana. O gaúcho Tim Lopes foi uma figura marcante nesta fascinante atividade de informar/denunciar os males e desvios sociais. Arriscou-se ao ir a uma favela para realizar reportagens sobre o tráfico de drogas e a exploração sexual de menores: foi descoberto e cruelmente morto.

Esta tragédia colocou em pauta a seguinte questão: até aonde o jornalista deve se arriscar para informar?

No filme Tropa de Elite II, O Inimigo Agora é Outro, de José Padilha, Clara, personagem da atriz Tainá Muller, está fazendo uma matéria investigativa sobre o tráfico. Mas, como o próprio Capitão Nascimento diz "Jornalista é curioso", ela vai além na sua apuração e se mete no covil dos bandidos. Lá, descobre informações bombásticas do envolvimento da polícia e de políticos com o crime organizado. No filme, a repórter liga para outro jornalista na redação contando tudo o que viu. É alertada para sair imediatamente, pois os bandidos poderiam chegar a qualquer momento. Tomada pela emoção da descoberta, a repórter tem sua curiosidade cada vez mais atiçada quando depara com as provas da ligação da milícia com o tráfico de armas. Na sequência da cena, eles são descobertos e agredidos pelos bandidos; as máquinas fotográficas e gravadores são apreendidos. Os jornalistas são executados a sangue frio e seus corpos são queimados para que nenhum vestígio permaneça. O filme faz um bom paralelo entre a ação do jornalista em querer fazer uma grande matéria a todo custo e um jornalismo que valoriza a informação bombástica em detrimento do jornalista.

Informar é sinônimo de se arriscar?

Este exemplo cinematográfico, mas possível e real para quem exerce a missão de informar, é uma das diversas armadilhas da profissão, que não dignifica a categoria e só coloca o profissional em uma situação de medo e sofrimento, diante de um mundo que não pode ser concertado unicamente por ele.

No livro Arte de Fazer um Jornal Diário, Ricardo Noblat faz duras críticas a esse tipo de comportamento de arriscar a vida por uma informação: "Tim Lopes se expôs ao risco de morrer porque quis, porque foi autorizado por seus chefes a fazê-lo e também porque grassa cada vez mais por toda parte um tipo de jornalismo que não distingue o que interessa ao público do que é de interesse público", afirma. E continua Noblat: "Há ainda na tragédia protagonizada por Tim Lopes um outro aspecto que cobra uma reflexão urgente e profunda dos jornalistas e dos seus patrões. Porque sou jornalista e porque vivemos em uma democracia estou liberado para valer-me de qualquer recurso que assegure à sociedade o direito de tudo saber", diz. Porém, o escritor colombiano Gabriel García Márquez descreveu como uma paixão insaciável pelo jornalismo que leva jornalistas a cometerem estes atos.

Ricardo Noblat ainda reflete sobre as práticas jornalísticas que priorizam a informação ao invés do jornalista. Estas práticas degradam a profissão e põe em risco a vida de muitos profissionais que agem muitas vezes sem o livre arbítrio e viram reféns da inconsequência, do crime e da ação informativa desmedida.

Por outro lado, temos o exemplo de Vladimir Herzog, jornalista torturado e assassinado por exercer com radicalidade a missão de informar. A vida de Herzog é referência para a democracia e sua morte uma evidência dos limites e consequências da profissão.

Enfim, o jornalista deve se colocar em situação de risco por uma reportagem investigativa? Informar é sinônimo de se arriscar?

Em que medida a realidade, muitas vezes cruel e desumana, a que ele é levado a informar, é maior do que as suas possibilidades de vencê-las?

Por Éderson Silva e Joel Felipe Guindani

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A cidadania comunicativa na prática radiofônica do Movimento Sem Terra


Resumo
Este artigo busca investigar as especificidades de construção e exercício da noção de cidadania comunicativa a partir da prática radiofônica do Movimento Sem Terra (MST). O corpus empírico delimita-se no discurso de lideranças nacionais do MST sobre o ‘fazer rádio’ e na experiência da Rádio Terra Livre FM, emissora protagonizada por agricultores assentados na região Oeste de Santa Catarina. Realiza a fundamentação da noção de cidadania comunicativa e identifica-a, a partir da prática radiofônica do MST, nos complexos níveis de participação - que vão desde o ‘dar voz ao sem voz’ até os processos mais orgânicos e ampliados, como a atuação dos assentados na gestão e no desenvolvimento de políticas comunicacionais - no acesso à tecnologia, nas negociações políticas internas, nas estratégias e resistências à hegemonia político-midiática local, que sinalizam indícios de uma cultura democrática.

Palavras-Chave: Cidadania comunicativa; Rádio; Movimento Sem Terra

Versão completa: Revista Rádio-leituras

http://radioleituras.files.wordpress.com/2010/12/radioleituras41.pdf

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Desconstrução metodológica na experiência da pesquisa de campo



Ao mesmo tempo em que a complexidade social questiona a utilização de teorias gerais, a pesquisa de campo problematiza a mera aplicação metodológica.

Este pode ser mais um sinal de que a metodologia não é apenas algo definido bibiograficamente ou pronto para ser aplicado de maneira instrumental. Tal reflexão até pode ser consenso para muitos pesquisadores, no entanto, para quem inicia uma pesquisa, esse entendimento precisa ser problematizado ou comprovado empiricamente, pois os primeiros passos de uma investigação são sempre em busca de segurança metodológica. Segurança que, no andar da pesquisa, vai se mesclando com imprevistos e novidades, os quais transformam a metodologia num espaço dinâmico e em permanente desconstrução.

Este artigo é fruto de uma combinação entre teorizações e fatos de uma pesquisa de mestrado, que revela a experiência de campo como lugar privilegiado de/para desconstrução metodológica. A noção de ‘desconstrução’ relaciona-se à importância da ‘processualidade’ em detrimento do ‘acabado ou estático’; condiz com ações metodológicas distantes de um positivismo racionalista, especialmente com investigações que não se reproduzem apenas a partir de técnicas construídas previamente à pesquisa de campo. O artigo também aborda o caminho metodológico anterior à incursão empírica e suas fragilidades quando fecha-se sobre si mesmo, mostrando, assim, como este fator, posteriormente, foi determinante para a identificação da pesquisa com os aportes metodológicos da Etnografia e Pesquisa participante.

Sem relativizar a elaboração prévia de um guia metodológico, o presente artigo enaltece o aspecto da ‘novidade’ que emerge durante a experiência de campo como fator constituinte do processo de desconstrução metodológica. Num constante fazer, a noção de desconstrução metodológica exige do pesquisador um olhar atento, dinâmico e uma postura disponível à co-participação na vida do universo investigado. Assim, a desconstrução metodológica situa-se como oportunidade à prática da alteridade, que considera indispensável a heterogeneidade das vozes e saberes para o seguir pesquisando.

Versão completa com: j.educom@gmail.com

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

LevanteCom Raquel Casiraghi


Olá, gostaríamos de te convidar para participar de um bate-papo sobre comunicação e a importância de nós, da esquerda, termos nossos próprios meios de comunicação. A fim de impulsionar a discussão chamamos a jornalista e assessora de imprensa do MST, Raquel Casiraghi.

O LevanteCom é um espaço criado pelo Setor de Comunicação do Levante Popular da Juventude, a fim de estimular o debate sobre temas da atualidade.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O jornalismo que nos falta


A cobertura jornalística dos acontecimentos é um importante espaço para sabermos por onde se encaminha a opinião pública, a conversa no boteco, os valores sociais, como o próprio jornalismo.

A ocupação das favelas do Rio de Janeiro pela força polícial foi um acontecimento que rendeu muita matéria prima para os veículos de comunicação. No entanto, este acontecimento nos serve para percebermos e comprovarmos como a cobertura jornalística comercial e hegemônica continua sendo espetacular, simplista e descontextualizadora.

Quer dizer, mais uma vez, esse jornalismo não nos dá indícios de uma cobertura diferenciada ou mais completa. Falta algo no jornalismo ou é um jornalismo que nos falta?
Para o professor e pesquisador da UFRJ, Muniz Sodré, "simplesmente mostrar não é informar. Pode ser, no limite, um modo de excitar a pulsão escopofílica do espectador". Para ele, é preciso "Informar criticamente. E continua:

Informar criticamente: - que se revela socialmente imprescindível no caso em pauta – seria comunicar os acontecimentos dentro do quadro explicativo de suas causas, aliás bastante evidentes para qualquer observador atento. Pode-se começar com os constituintes de 1988, que legislaram em matéria penal com a ditadura e o preso político em mente e, ao fundo, a doutrina liberal-individualista do direito pós-Revolução Francesa. Resultou daí uma legislação tíbia frente ao delinquente comum, com a impunidade no horizonte. Mata-se por dá cá essa palha.

Comedimento e responsabilidade

Em seguida, seria preciso colocar em pauta a corrupção avassaladora de governos, políticos, policiais etc. Não deixar também de indagar sobre a responsabilidade da sociedade civil (se é que esse conceito se aplica ao Brasil) no tocante às drogas e à mafialização generalizada, que vem pondo em segundo plano o problema do tráfico de drogas. Finalmente, tentar jogar alguma luz sobre as perspectivas de emprego para quem se dispõe a abandonar o crime.

Certo, o jornalista poderá responder a tudo isso com a alegação de que o imediato de sua condição profissional lança-o sob pressão sobre a superfície do fato, para dar conta a seu público das ocorrências em bruto. A notícia seria, assim, a pura e simples mercadoria de sua prática industrial. É o que se aprende, é o que se faz – e o que dá certo em termos de audiência e mercado publicitário.

Esse é, de fato, o modelo consagrado pelo jornalismo tal como o conhecemos e talvez não possa ser mudado sem mais nem menos. Mas é certamente um modelo sem amanhã cívico; portanto, algo a ser debatido e repensado.

Nesse meio tempo, seria oportuno um pouco mais de comedimento e responsabilidade social. A morte violenta do outro não pode converter-se em fantástico show da vida.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Repensar a emancipação sócio-comunicacional


Emancipação sócio-comunicacional é uma reflexão inspirada na noção de emancipação social desenvolvida pelo sociólogo Boaventura de Souza Santos. Já o aditivo "comunicacional" deve-se ao fato de que é cada vez mais inconcebível pensarmos ações sociais emancipadoras distantes do espaço comunicacional, sobretudo do midiático-tecnológico.


O campo da sociabilidade, composto também pelo econômico, religioso, cultural, político etc., é cada vez mais atravessado pelos processos de midiatização e concebê-lo fora dessa problemática é praticar uma compreensão limitada sobre a realidade. Nessa direção, as novas tecnologias estão colocando em crise o pensamento estritamente midiático-monopolista, que articula toda a sua crítica e projeção político-militante sobre o viés da manipulação, da sujeição/passividade dos ouvintes, leitores ou telespectadores.

Esta racionalidade midiático-monopolista é o principal fator que nos instiga "repensar" a racionalidade sobre o sócio-comunicacional na contemporaneidade, sobretudo, quando pretendemos desenvolver ações que sejam protagonistas de uma efetiva emancipação humana é popular.

Na perspectiva de Boaventura, o primeiro passo é revermos nosso modo de reflexão sobre as formas de produção de conhecimento [sócio-comunicacional]. Como ele mesmo enfatiza – no seu livro Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social –, antes de transformar é preciso compreender, mas, sobretudo, compreender como compreendemos. Eis uma pergunta então necessária: como compreender a realidade se não problematizamos nossa maneira de compreendê-la? Toda a compreensão é erigida a partir de um ponto, de um tempo/espaço e que, para sua eficácia ou validade, deve acompanhar as transformações daquilo que busca compreender.

Experiências emancipadorasA compreensão do sócio-comunicacional realizada por muitos movimentos, associações, sindicatos, que discursam sobre formas de libertação/emancipação, partem do ponto ou espaço/tempo que é, na grande maioria, o da manipulação/sujeição/passividade – sem contarmos que muitos deles não consideram a comunicação como importante investimento. Para Boaventura, pensamentos ou compreensões limitadas não nos servem mais. Mediante isso, um segundo passo para a emancipação sócio-comunicacional é o reconhecimento ou compreensão de experiências diversas, que emergem das novas tecnologias, apropriadas por sujeitos em distintos espaços do tempo presente.

Não podemos desperdiçar experiências, alerta Boaventura. Para isso, ou complexificamos e ampliamos a nossa racionalidade sócio-comunicacional, ou estaremos alimentando o círculo vicioso do discurso apenas crítico, que alardeia sem propor alternativas concretas.

Ações exemplares ou racionalidades amplas, que protagonizam a emancipação sócio-comunicacional são identificadas em movimentos sociais, como o Movimento Sem Terra (MST) e até mesmo em projetos do Ministério da Justiça, através do Programa Nacional de Segurança com Cidadania – Pronasci. Vejamos.

Durante este segundo semestre de 2010, professores e alunos da Escola Nova Sociedade, localizada no assentamento Itapuí – Grande Porto Alegre (RS) – e militantes do MST desenvolveram oficinas de comunicação, produzindo podcasts e outros conteúdos para blogs. Um dos jovens assentados, integrante do grupo, enfatiza que "existem muitas tecnologias que podem contribuir não só para o uso pessoal. Um celular pode mandar mensagens, notícias e informações. Isso, até um tempo atrás, era coisa só de uma elite ou dos donos da mídia, mas agora não mais".
No município de Canoas (RS), a Agência da Boa Notícia Guajuviras, um dos projetos do Pronasci, mobiliza mais de 240 jovens em torno da reflexão e do uso das novas tecnologias. Para um dos jovens, "agora podemos dizer coisas do nosso bairro que antes a RBS não dizia. Além de estar aqui aprendendo uma profissão, essa oportunidade melhora a nossa vida aqui no bairro", destaca.


Por uma educação popular
Para Boaventura, estas ações, que são desenvolvidas a partir da realidade midiática local não podem ser desconsideradas por Movimentos sociais ou teorias que buscam compreender e desenvolver projetos alternativos. Mais do que reconhecer ou desenvolver é indispensável também a sistematização, divulgação e interconexão dessas experiências com outras existentes. Sair do localismo para o global é um movimento necessário, mas que requer sensibilidade e acolhida ao invés de separação e distinção entre siglas partidárias, bandeiras de luta ou posicionamentos teóricos. Precisamos ampliar o reconhecimento das diversas práticas comunicacionais do presente e reduzir a aquela expectativa salvífica posta apenas num futuro, afirma Boaventura.

Assim, a emancipação sócio-comunicacional despontará quando um processo educativo popular for implementado pelas forças contra-hegemônicas atuais, como movimentos sociais, sindicatos e associações comunitárias. Essa proposta de educação popular comunicacional deverá conceber os meios de comunicação não mais pela sua lógica instrumental, mas como um espaço capaz e tão importante de mobilização e de luta quanto o próprio partido político, o movimento social ou a associação.

Como diz o subcomandante Marcos, do movimento zapatista, se "pudemos ficar calados por 500 anos", então é porque desponta um momento positivo e de novas alternativas libertadoras. Para isso é urgente uma racionalidade mais ampla, que contemple experiências de mídia gestadas por sujeitos, mesmo que em suas individualidades ou nas mais remotas comunidades, mas que indiciam a concretude de uma comunicação social emancipadora e popular de verdade.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Tom Morello, guitarrista do Rage Against The Machine, fala no Twitter sobre apoio ao MST

Durante apresentação no festival SWU, em ITU, interior paulista, Zack de la Rocha, vocalista do Rage Against the Machine, dedicou a música People of the Sun ao MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Ele disse: "Esse som vai para os irmãos e irmãs do MST: People of the sun" Em seguida, durante a música Wake Up, o guitarrista Tom Morello colocou um boné do MST e poucos minutos depois a rede Globo, que transmitia o festival, cortou a transmissão do show. Um comunicado oficial - falando do apoio da banda ao movimento durante a apresentação - foi divulgado hoje (10) no site oficial do MST. Tom Morello também se pronunciou pelo Twitter: "Se a rede de tv cortou as cenas em que eu aparecia c/ o boné do MST, é sinal que estamos vencendo", postou o guitarrista do Rage.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Edgar Morin: "Por reforma agrária e sustentabilidade ambiental"


Em entrevista concedida ao site do Estadão, Edgar Morin fala que "a demora em fazer uma reforma agrária no Nordeste pode significar o avanço da agroindústria na Amazônia, um perigo para a ecologia."
Confira a entrevista:

OE - O senhor costuma dizer que a pluralidade do País reflete a grandeza do Brasil, um possível modelo para o mundo. Como e onde vê essa grandeza?


MORIN- Para alguém que vem da Europa, um continente de nacionalidades fechadas, o Brasil sempre me pareceu aberto a outras etnias - e é essa civilização da mestiçagem brasileira que me interessa. Vejo a grandeza do Brasil na pluralidade étnica de Salvador e na biodiversidade da Amazônia. Acho, porém, que é importante a restituição dos territórios e o reconhecimento das culturas das populações indígenas, porque o mundo considera a Amazônia patrimônio da humanidade, mas pensa pouco na preservação dessas culturas. A noção de desenvolvimento hoje corrente pode ser devastadora para os índios - e não apenas para eles, mas para toda a humanidade, considerando que a integração dos índios à sociedade não pode significar a desintegração da cultura indígena. Isso pode trazer consequências graves, como a degradação da floresta pelo uso de pesticidas nos projetos agrícolas dos latifundiários.
Claro, há também a questão urbana e a favelização das cidades, tão grave como o crescimento do número de carros em circulação. O Brasil é um país pacífico, sem espírito colonialista ou de revanche contra os outros. É também um país em desenvolvimento, embora esse desenvolvimento seja o da classe média - o que pode representar no futuro uma intoxicação consumista. É preciso, antes de consumir, recuperar o hábito de reparar os objetos para que o mundo não vire um depósito de sucata.

OE - O senhor falou da grandeza da Amazônia. Como vê, então, a possibilidade de proteger a floresta com a precária educação ambiental dos invasores?


MORIN- Assentar os migrantes é, de fato, um grande problema, e acho que a demora em fazer uma reforma agrária no Nordeste pode significar o avanço da agroindústria na Amazônia, um perigo para a ecologia, como já disse. Infelizmente, a corrupção no Brasil ainda é muito grande - considero mesmo o problema principal do País. Respeito profundamente o passado e o presente do presidente Lula, mas acho que ele tem de enfrentar essa máquina infernal do liberalismo econômico que ainda vai destruir a Amazônia e as culturas indígenas, que são não só um patrimônio brasileiro, mas de toda a humanidade.

Continua em:

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090802/not_imp412201,0.php

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O contexto latino americano, novos saberes e a diversidade epistemológica


Em palestra realizada no mês de setembro deste ano, na Colômbia, o sociólogo Boaventura de Souza Santos apresenta suas teses sobre os caminhos e descaminhos da sociedade contemporânea, evidenciando como, nesse contexto de aberturas democráticas, emergem novas saberes, que por sua alta densidade de reconhecimento das experiências locais, problematizam as epistemologias ocidentais que até então prevaleceram sobre a produção e distribuição de conhecimento.

Há, no interior da vida cultural e política latino americana , alguns movimentos constantes de resistência e ação política e cultural. Boaventura refere-se à duas noções: Lutas ofensivas, as que questionam o capitalismo e o colonialismo, tendo em vista outro mundo possível. O capitalismo não é apenas um modo de produção, mas um modo de civilização, que caminha para a destruição e morte da vida, tanto a humana como a ambiental. Lutas defensivas: uma luta para não se perder o que já conquistamos. Boaventura também destaca que essas lutas defensivas são respostas ao ataque da política norte americana, ainda ativo na contemporaneidade. Basta, segundo ele, observarmos as tentativas de secção e isolamento aos países como Venezuela, Cuba, Costa Rica, como também o próprio golpe em Honduras, a tentativa de militarização da fronteira Amazônia tão defendida por políticos brasileiros; o terrorismo contra os movimentos sociais, especialmente no Brasil, como o pretendido contra o Movimento Sem Terra pelo governo tucano de Ieda Crusius.

Para Boaventura, o contexto latino americano é da acumulação capitalista, que se expressa na agenda política, cultural e social ainda colonialista: “a concentração da terra é colonialista, o racismo é colonialista”. Ainda ressalta que é preciso considerar o uso contra-hegemônico de instrumentos hegemônicos que a sociedade organizada vem fazendo: o uso dos espaços eleitorais e democráticos e as vias legais do estado como bem se utiliza o MST. Esse uso contra-hegemônico é algo novo que está surgindo nas brechas do neoliberalismo. Assim, devemos repensar as teorias que não as previam: "Essa imprevisibilidade é a expressão do seu distanciamento da prática". Quer dizer, são teorias que não vêem o que está se passando na prática : “os movimentos sociais do sul não estão previsto nas teorias eurocêntricas, tanto a neoliberal como boa parte da marxista. As mulheres, negros, indígenas são invisíveis e não se constituíam como uma força importante para a esperada revolução.

Isso se deve, para Boaventura, ao fato de que as epistemolgogias do norte foram criadas a partir de cinco países: Alemanha, Inglaterra, Itália, França e EUA: “o erro da teoria fora da prática gera o desperdício de experiências”. Temos, por um lado, teorias produzidas no norte e, por outro, experiências produzidas no sul. "Essas práticas ficam desprotegidas de sistematizam e na maioria das vezes são apropriadas por teorias colonialistas ou relativistas."

Segundo Boaventura, devemos inventar novas epistemologias que reconheçam essas experiências, que não são totalizantes ou que seguem uma única lógica apenas histórica como apregoam alguns aportes científicos ocidentais : “não devemos defender um único critério de validez do conhecimento”. E mais, não podemos planejar nossas ações somente a partir de outros conhecimentos. Há uma pluralidade epistemológica e ontológica no mundo: “não há uma única forma de viver e de conhecer”. É preciso escapar do conhecimento monocultural eurocêntrico. Devemos considerar o conhecimento cientifico de alta densidade e de relação com as experiências locais e com os saberes emergentes dos movimentos sociais. Aqui vale destacar a noção de ecologia dos saberes. Para Boaventura, o conhecimento ocidental tem dificuldade de reconhecer ou identificar a riqueza da espiritualidade nas manifestações culturais e políticas do sul. Por isso, “as teorias ocidentais reduzem ou desconsideram o que elas não compreendem ou produzem como inexistente o que elas não entendem”.
Há, para o sociólogo, uma diversidade de epistemologias pelo mundo e a compreensão do mundo é muito maior do que a compreensão ocidental do mundo. Por exemplo, a noção de estado não é mais a de estado único, como a concepção moderna. O estado não é mais uma unidade porque ele se constitui, cada vez mais, na tensão com as forças plurais da sociedade. Há o desponte de novos estados modernos que variam entre "democracias deliberativas, representativas, participativas e comunitárias."

Eis a diversidade das práticas, saberes e democracias que emergem no contexto latino americano e que fundamentam a necessidade de novas perspectivas epistemológicas sobre estado, política, cultura, sociedade e movimentos sociais.

domingo, 24 de outubro de 2010

Um encontro com Jorge Gonzáles:a constituição de objetos de pesquisa e a ciência como ato político


Pesquisar ou pretender-se pesquisador é um ofício que exige resiliência. Primeiro, porque os desafios, alegrias e tropeços não são poucos e, em segundo, é preciso estar atento e flexível, pois tudo particpa desta construção.

O instigante e animador encontro com o professor Dr. Jorge Gonzáles, reforçou não apenas algumas certezas, mas, sobretudo, inquietações para o “seguir pesquisando”. O encontro com Gonzáles foi dilacerante para pesquisas que por vezes configuram-se apenas como abstrações teóricas ou fabulações retóricas: é preciso ser claro e estabelecer comunicação, ao invés de obscurantismos com os problemas concretos de nossa realidade, destacou o professor. Nesta direção, Gonzáles alertou-nos sobre as formas de como vamos conhecendo e construindo nossos objetos de estudo: esse processo tem que ser claro e sempre explicito em nossas teses, artigos ou dissertações.

Não apenas defensor do empirismo, Gonzáles reforçou a ideia de que os conceitos científicos constituem teorias que iluminam a construção de um problema concreto. Prevalência do empírico sobre o teórico?

Não. Gonzáles deixou claro que a construção de um objeto de pesquisa deve ser norteada por um arcabouço conceitual e teórico, os quais ampliarão a visão do pesquisador mediante a consttrução e solução de problema concreto. Óbviamente que a construção do objeto pode ser, inicialmente, empírica, ou seja, a partir de um problema que inquieta nossa existência cotidiana. Sendo assim, o passo natural é elaboração de uma pergunta relativa ao que se identifica no concreto – ou a partir do mais evidente. Temos, então, a construção da “pergunta-problema prático”, que ao ser explorado irá requerer e estabelecer relações com conceitos e, posteriormente, designar diferenciações com os aportes teóricos em jogo.
A noção de “pergunta-problema prático” também diz respeito à necessidade de clareza da estruturação cientifica, bem como a aplicabilidade dos seus resultados, que devem ser compreendidos e, sobretudo válidos ao campo investigado: toda a pesquisa deve ser uma resposta aos diversos e urgentes problemas de nossa realidade.

Para Gonzáles, isso só será possível se os resultados da pesquisa, mesmo que em forma de abstrações teóricas, forem compreendidos por todos os sujeitos que a compõe: apresenta-se, então, a noção de ciência como ato político e de intervenção social. Observa-se, assim, não apenas um modo empírico de constituição do objeto e uma ideia de ciência cíclica ou instrumental, onde o empírico e o teórico atuam com um fim e si mesmos.
Assim, Gonzáles utiliza-se do símbolo “@” [Lê-se arroba] como revelador da constituição do objeto de pesquisa e do próprio campo científico. Ao invés do espiral ou do círculo, toda pesquisa cientifica deve ser impulsionadora; jogar conhecimento para fora; ser centrífuga; como movimento que expulsa criatividade e resultados, que sirvam à solução de problemas de nossa atualidade, esta, ainda marcada pela desigualdade econômica e degradação ambiental.

Enfim, a exemplo de Bourdieu, Gonzáles ressaltou que todo o pesquisador pode contribuir com a criaçao de condições sociais que facilitem uma produção coletiva de utopias realistas.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Vargas Llosa em Porto Alegre


"As letras e artes são os únicos campos menos afetados pela especialização e pelo domínio de uma elite”.

Distante de ser comunista ou um confesso liberal, Mário Vargas Llosa, Prêmio Nobel de literatura 2010, esteve em Porto Alegre nesta quinta-feira (14). Peruano, casado duas vezes, primeiro com uma tia e depois com uma prima, criticou os regimes de Castro e Chaves. Afirmou que a única “deformidade política” de Lula é seu excesso de cordialidade e de convívio harmonioso com os referidos companheiros.

Na coletiva, Llosa discursou por mais de uma hora e elogiou a atuação de Lula, especialmente os programas de inclusão social e de modelo econômico.
Durante a noite, em conferencia para mais de seiscentas pessoas, focou seu discurso no papel libertador da Cultura: “a cultura, artes e a literatura se justificam pela capacidade de transformação social. Apresentam-se para ocasionar estado de incômodo e de instabilidade em qualquer espaço”, destacou.

Durante o debate com os participantes afirmou estar animado, mas preocupado com os caminhos da humanidade: “Progresso da humanidade? Menos analfabetismo e aumento da produção bélica?”, interrogou.

Para Vargas, a cultura é algo que antecede o conhecimento, pois é a sensibilidade que nos leva ao conhecimento. Defensor dos direitos humanos, Llosa afirmou que “as formas de liberdade de expressão são indícios de cultura” e que em nossa história, “as letras e artes são os únicos campos menos afetados pela especialização e pelo domínio de uma elite”.

Ao final, distribuiu autógrafos e não quis revelar o que fará com o prêmio de 1,5 milhão de dólares: “perguntem para minha mulher. Ela cuida das nossas finanças. Mas espero que ao menos eu consiga algum dinheiro para continuar comprando meus livros”.

Segundo Aline Evers, 26, tradutora, “foi ótimo assistir o Llosa, ainda mais porque ganhou o prêmio na semana passada. Eu não gostei muito da palestra dele. Acho que o debate foi o mais interessante. Ele poderia ser mais espontâneo e não tanto preso no papel. Minha sugestão é que venham mais intelectuais da lingüística, como Chomsky, por exemplo", destacou.

sábado, 2 de outubro de 2010

EreCom Sul 2010


O Encontro Regional dos Estudantes de Comunicação Social – Erecom sul é um congresso que reúne os estudantes dos diversos cursos de comunicação (jornalismo, relações públicas, publicidade, cinema, rádio e tv, etc) dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina para discutir temas relativos à comunicação como a democratização, as opressões (como o estereótipo de gays e lésbicas apresentado em novelas, a representação da mulher, a segregação dos negros, por exemplo), o currículo de seus cursos e problemas comuns nas faculdades.


O Erecom faz parte dos encontros regionais que a Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação realiza (para saber mais vá em Enecos) e eles acontecem nas diversas regiões do país em que a Executiva se divide, como sudeste, centro-oeste, norte e nordeste. Nesses encontros os estudantes discutem temas mais relacionados as suas regiões e realidades, acumulando conhecimentos para o Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação, o Enecom, que reúne os estudantes de todo país e para o Congresso Brasileiro dos Estudantes de Comunicação, o Cobrecos, que define as ações da executiva ao longo do ano e seus principais posicionamentos.


O Erecom sul de 2010 vai acontecer de 9 a de 12 de outubro na Escola Municipal Thiago Würth em Canoas, no Rio Grande do Sul. O tema escolhido é “ Uma alternativa de comunicação popular”. Saiba mais em:

http://www.erecomregionalsul.blogspot.com/

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A confissão da mídia


Até os hidrantes da avenida Paulista sabem que a imprensa de São Paulo está em campanha contra Dilma Rousseff e em favor de José Serra. A revista Veja e os jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo têm sido cabos eleitorais tão despudorados quanto o presidente da República na defesa da sua pupila Dilma. É pontapé nos países baixos contra soco no fígado. Até agora, contudo, a grande imprensa tentava fingir imparcialidade e vociferava contra as afirmações de Luiz Inácio de que haveria favorecimento aos seus opositores. Finalmente o velho e conservador "Estadão" resolveu abrir o jogo. Em editorial, proclamou seu apoio a José Serra. Os hidrantes da luxuosa Paulista sorriram. A necessidade, volta e meia, faz a "virtude". Mas é apenas mais um gesto desesperado para tentar uma virada improvável. É só. Yes.

O texto da adesão oficial é um primor de maniqueísmo, com algumas mentiras deslavadas e o tom de falsa sensatez que caracteriza o discurso extremista da direita: "Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República, e não apenas pelos méritos do candidato, por seu currículo exemplar de homem público e pelo que ele pode representar para a recondução do país ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos. O apoio deve-se também à convicção de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o país".

Qual o mal que Serra poderá evitar? Qual o mal que Dilma poderá causar? O de permitir que o Brasil continue crescendo economicamente e salvando-se das crises internacionais como aconteceu durante o governo de Luiz Inácio? Se não fosse maniqueísta, o "Estadão" poderia ter dito que Serra faria mais bem ao Brasil. É uma sutileza, claro. Mas o jornal preferiu sugerir que Dilma representa o mal, um grande mal para o país. Certamente o mal de continuar incorporando jovens carentes ao mundo universitário, tirando milhões de pessoas da condição de miséria absoluta, conservando programas sociais existentes em qualquer país civilizado como França, Alemanha e Inglaterra, sem contar os países escandinavos, pois aí já seria apelação e complexidade demasiada para a mentalidade tacanha e linear dos redatores do "Estadão".

No passado, para evitar o "mal", o "Estadão", abriu voto para Collor, Veja e Folha de S. Paulo precisam seguir o mesmo caminho e confessar a preferência por Serra. Só há um pequeno problema: o que o "Estadão" considera um mal para o Brasil, a continuidade do atual governo, 80% da população acha um bem. É isso que dói no lombo da mídia tucana. Resta para essa gente uma pretensa explicação sofisticada: a ignorância da plebe supostamente comprada pelo Bolsa-Família. José Serra, o cavaleiro do bem, promete, se eleito, possibilidade tão grande quanto a do Barueri ser campeão brasileiro neste ano, ampliar o Bolsa-Família. Quer tomar para si a "máquina de comprar votos"? Sem dúvida, o Brasil pode muito mais. Pode viver sem serrar a opinião pública.

Juremir Machado da Silva

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Conhecer a diversidade


Estabelecer uma relação dialógica com a diversidade é um desafio para pesquisas, teorias ou sistemas de saber. Pretendemos conhecer o que está distante e obscuro, mas na verdade há sempre uma parcela de inquietação inicial, de simpatia, de proximidade com esse desconhecido. Há, portanto, um indício ou breve noção do que colocamos no caminho do que deve ser conhecido. Essas preferências, recortes, isto ou aquilo, são posicionamentos orientados por nossos valores intersubjetivos, que se constituem na individualidade cognitivista, mas, sobretudo, na interelação com o Outro, seja ele objeto, indivíduo ou fenômeno.

Quer dizer, buscamos conhecer o desconhecido, mas que de antemão pressupõe algum tipo de curiosidade ou conhecimento. Conhecemos o que nos interessa ou o que nos é simbólico? O diabólico, o que separa ou não nos aproxima é execrado e sem sentido. Implanta-se ai o problema do conhecimento sobre o diverso; sobre o diferente. Aquilo que não conhecemos não é conhecimento? A diversidade é o desafio que movimenta ou que paralisa a busca por conhecimento?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Aspirantes a jornalistas da Agência da Boa Notícia Guajuviras começam capacitação



Cerca de 40 alunos estavam sentados a espera das informações sobre a Agência da Boa Notícia Guajuviras quando após ouvirem as palavras das Coordenadoras do projeto Andréa Freitas e Christa Berger tiveram uma surpresa. Com um violão nas mãos e uma didática surpreendente, o professor de rádio do curso de Comunicação Social da Unisinos Joel Guindani, deixou o primeiro contato com os jovens do projeto mais divertido. A música “É preciso saber viver” de Roberto Carlos e recentemente gravada pela banda de Rock Titãs, foi tocada e cantada por Joel. Arrancou palmas ritmadas e sorrisos inibidos de quem acabava de se conhecer. Na dinâmica de integração foi proposto ainda uma apresentação. A cada cinco jovens a citar o nome com um gesto característico da personalidade, o refrão “Seja bem vindo olêlê, seja bem vindo olalá, Paz e bem para você que veio aqui para comunicar” encerrava de forma bem humorada a rodada.
O bate-papo nesta segunda-feira, 30, na sede da subprefeitura nordeste foi além das brincadeiras, foi de perspectiva de mudanças. Transformações não só para a vida de cada integrante que estará participando de um momento de mudanças no bairro, mas também porque vão ajudar a desconstruir o estigma de violência do bairro. Até o dia 14 de dezembro 80 jovens entre 16 e 24 anos serão capacitados nas áreas de produção de conteúdos em Videodocumentário, Internet, WebTV, RádioWeb, Fotografia, Comunicação Cidadã e Práticas e produção jornalística, para atuar como repórteres cidadãos. As oficinas serão ministradas por professores da graduação e da pós-graduação da Unisinos, parceira da prefeitura de Canoas no projeto. Os alunos farão duas oficinas obrigatórias, práticas de comunicação cidadã e práticas de produção jornalísticas, e mais duas conforme a aptidão. “Teremos uma plataforma na web onde o trabalho dos jovens serão postados” explica a coordenadora do projeto pela secretaria de Segurança e Cidadania Andréa Freitas. A coordenadora pedagógica e professora da Unisinos Christa Berger ressaltou que o desafio não será só o de ensinar as técnicas da comunicação, “será também de contar boas histórias. O bom jornalista conta histórias e certamente vocês devem ter muitas histórias para contar, queremos ouvir os sonhos de vocês” instigou. A capacitação terá duração de três meses. A formatura das duas primeiras turmas está prevista para o dia 15 de dezembro, onde os alunos receberão certificados da Unisinos como técnicos.


O Comunicação Cidadã é um dos 12 projetos do Programa de Segurança Pública com Cidadania do Ministério da Justiça que está sendo implantado no bairro Guajuviras/ Território da Paz. Tem como objetivo promover ações de prevenção à violência por meio de oficinas de Comunicação Cidadã e despertar para o direito a informação. Isso será feito através da confecção de boas notícias do bairro. A Agência da boa notícia Guajuviras funcionará em um espaço localizado na avenida Boqueirão, próximo a rótula do Guajuviras e contará com estúdios profissionais de RádioWev, TVWeb e salas de oficinas equipadas com computadores, microfones, câmeras fotográficas e filmadoras.


Taís Dal Ri

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A Juventude quer comunicar!


Integrantes do Processocom, Movimento Sem Terra, professores e alunos da Escola Nova Sociedade discutem sobre Juventude e Comunicação.

Na próxima sexta-feira (13), integrantes do Processocom, jovens assentados, professores e militantes do Movimento Sem Terra (MST) debaterão sobre os desafios e possibilidades entre comunicação alternativa e juventude. O encontro será na Escola Estadual de Ensino Médio Nova Sociedade, localizada no assentamento Itapuí, interior do município de Nova Santa Rita, há 21 km de Porto Alegre (RS).

A ideia desse encontro surgiu da Professora Elizabete Witcel, especialmente após perceber que alunos e professores discutiam sobre as possibilidades de criação de um jornal ou de uma rádio na escola: “tem um grupo muito animado e se pudermos fazer um encontro tenho certeza que eles e alguns professores irão levar adiante a ideia de uma rádio ou de jornal na escola, ou até mesmo aqui nos assentamentos”, destaca. Para Elizabete, a comunicação é espaço educativo privilegiado: “todos os alunos querem comunicar, pois eles sempre estão em contato com algum meio de comunicação, como televisão, celular, rádio e isso é bom para uma questão educativa; para que eles possam ser comunicadores de fato”, comenta.

O primeiro encontro, com a temática “A juventude quer comunicar”, será espaço de debate sobre motivações e desafios da construção de mídias alternativas, tendo como ponto de partida a conjuntura midiática local, suas limitações e alternativas possíveis. Também serão discutidas questões relacionadas ao protagonismo juvenil. De acordo com um dos maiores pesquisadores sobre a questão da juventude, Padre Hilário Dick, “as sociedades, em todos os tempos, tiveram e têm dificuldades em admitir a novidade emergindo das manifestações juvenis, na sua grande maioria consideradas menos importantes”, salienta. Padre Hilário ainda pontua que “a juventude não está feita: ela está se fazendo. Carrega em si a dimensão da criatividade e de uma criação que não está pronta. Ela é encarnação da criação acontecendo na humanidade”.

Professora Elizabete comenta que esse é o primeiro passo para a consolidação de um grupo de jovens comunicadores, que futuramente irão facilitar as formas de comunicação e informação não apenas no ambiente escolar, mas com toda a comunidade: “nosso objetivo é começar escutando os jovens sobre suas ideias com relação à comunicação. Logo após, poderemos ir formando um grupo para a prática mesmo, de um jornal ou de uma rádio. No final, certamente teremos um grupo de comunicadores não apenas aqui na escola, mas atuando em toda a comunidade assentada”, finaliza.

Os encontros serão assessorados por Raquel Casiraghi, Bianca Costa e Miguel Stédile, do Setor de Comunicação do MST e também por Joel Felipe Guindani e Ricardo Machado, integrantes do Processocom. Você também poderá contribuir, envie um email para j.educom@gmail.com e informe-se.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

As Políticas radiofônicas do MST no cotidiano da Rádio Terra Livre FM


Resumo: Busca refletir sobre a relação entre demandas do cotidiano dos ouvintes e o funcionamento da Rádio Terra Livre FM na sua relação com as Políticas radiofônicas do Movimento Sem Terra (MST). A Rádio Terra Livre FM, desenvolvida por agricultores assentados, ao mesmo tempo em que pretende fidelidade às políticas radiofônicas, depara-se com as demandas do cotidiano, que para alguns locutores reorietam sua condução política/politizante. Problematiza-se a especificidade da tecnologia radiofônica e as teses de Michel Maffesoli: da primazia do cotidiano sobre a instituição e do presente plural sobre o projeto político e linear.

Palavras-chave: Cotidiano; Rádio Comunitária; Movimento Sem Terra.

Versão completa em:

http://www.intercom.org.br/sis/2010/resumos/R5-2266-1.pdf

terça-feira, 27 de julho de 2010

Eleições da FENAJ




Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) está em clima de campanha eleitoral. Uma nova direção deverá ser escolhida pelos jornalistas para tocar esta que é a instituição máxima da categoria no Brasil. Duas chapas se apresentaram com propostas para o próximo biênio. Uma delas, a da situação (Chapa1), causa surpresa ao expressar no seu nome uma idéia de mudança. Virar o jogo, diz o grupo que está na direção há anos, sempre executando a mesma política

Já a Chapa 2, Luta, Fenaj! é um movimento que reúne jornalistas em todo o país na defesa dos direitos da categoria e por mudanças na política conduzida pela atual direção da Fenaj, a Federação Nacional dos Jornalistas. Em 2010, o Luta, Fenaj! montou uma chapa para disputar as eleições da direitoria da entidade, que acontecem de 27 a 29 de julho em todos os sindicatos filiados à federação.

Visite www.lutafenaj.com.br

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Congreso de Comunicación Alternativa: Medios, Estado y Política COMEP


En un contexto histórico político donde las distintas sociedades latinoamericanas ponen en discusión la impronta político cultural neoconservadora, una revisión profunda incluye los procesos de producción y reproducción del conocimiento.

En Argentina, nos encontramos ante una oportunidad histórica de discusión de las políticas públicas comunicacionales a partir de la reciente sanción de la Ley de Servicios Audiovisuales. Trabajar en una nueva agenda de discusiones latinoamericanas destinadas a un programa regional de formación de comunicadores sociales y periodistas en pos de sociedades inclusivas es uno de los objetivos centrales de este congreso.

Fecha límite para presentación de resúmenes: 08 de Agosto
Fecha límite para la presentación de ponencias: 17 de Septiembre

Mesas de Trabajo
1. Comunicación y Políticas Públicas
2. Ley de servicios audiovisuales: antecedentes, discusiones y prospectiva
3. Los medios y las implicancias en la trama sociocultural
4. Los medios frente al avance tecnológico
5. Movimientos sociales y de comunicación: estrategias
6. Periodismo y Periodistas: responsabilidad civil y ética periodística en las sociedades contemporáneas
7. Comunicación, política y medios: construcción de las agendas
8. Los medios de Comunicación en América Latina: la vinculación de los medios con los procesos políticos
9. Usos sociales de los medios
10. Experiencias y prácticas de comunicación alternativa

* Para mayor información:
Web: www.congresocomep.wordpress.com
Correo: comep@perio.unlp.edu.ar

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Futebol e o brilho da liberdade


O Observatório da Imprensa veiculado na terça-feira (6/7) pela TV Brasil exibiu uma entrevista especial de Alberto Dines com o escritor uruguaio Eduardo Galeano, gravada em 30/6, em Montevidéu. O assunto? Futebol, é claro. Em tempos de Copa do Mundo, Galeano interrompe todas as suas atividades para dedicar-se inteiramente aos jogos. Chega a "disputar" três partidas por dia. Na porta de sua casa, uma placa desenhada pelo próprio escritor avisa: "Cerrado por fútbol". E só retoma as atividades após o apito final do último jogo do mundial.

Autor de mais de 40 livros de ficção, análise política, jornalismo e história, Galeano completa este ano meio século de atividade intelectual. Entre suas obras mais conceituadas está Futebol ao Sol e à Sombra, uma coletânea de ensaios e crônicas sobre o esporte. Na abertura do programa, gravada no Estádio Centenário de Montevidéu, palco da primeira Copa do Mundo, Dines anota que a equipe da TV Brasil foi ao Uruguai "especialmente para encontrar uma das figuras máximas das letras latino-americanas e da cultura uruguaia".

Na entrevista, Galeano explicou a Dines que a placa é uma antiga tradição dele e de sua mulher, Helena. A cada ano, desenha um novo cartaz. "A gente fica aqui vendo todas as partidas. Nós dois somos malucos por futebol", disse. O escritor admitiu que o esporte, muitas vezes, causa sofrimento, mas ponderou que também é fonte de felicidade. "É uma alegria estranha. É uma alegria que dói", explicou.

Assista o vídeo da entrevista

http://www.youtube.com/watch?v=_xsJ7pl8RFA&feature=player_embedded#!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Sem provas, CPI do MST é arquivada


Não há desvio de dinheiro público para a ocupação de terra no Brasil.

Foi o que concluiu o relatório apresentado nesta quarta-feira (08) da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investigou a ligação entre entidades da reforma agrária e ministérios do governo. No total, foram realizadas treze audiências públicas em oito meses. A CPMI também investigou as contas de dezenas de cooperativas de agricultores e associações de apoio à reforma agrária.

O relator da CPMI, deputado federal Jilmar Tatto (PT/SP), comenta as conclusões do trabalho.

“Foi uma CPMI desnecessária. Na verdade são entidades sérias que desenvolvem um trabalho de aperfeiçoamento e de qualificação técnica do homem do campo. O que deu para perceber foi que a oposição, principalmente o DEM e o PSDB, estavam com uma política de criminalizar o movimento social no Brasil. Tanto é verdade que, depois de instalada a CPMI, eles não apareceram nas reuniões.”

O deputado federal Onxy Lorenzoni (DEM/RS) pediu vista do relatório durante a última sessão. Com isso, uma nova reunião foi marcada para a próxima quarta-feira (14). A expectativa é de que a bancada ruralista coloque em votação um relatório paralelo à relatoria oficial, mesmo não tendo participado das audiências de investigação.

“Eles tentaram como último suspiro prorrogar a CPMI. Eu fiquei sabendo que eles não conseguiram as assinaturas para essa prorrogação. Então só cabe a oposição apresentar um relatório alternativo.”

Para Jilmar Tatto, a CPMI reafirmou a importância dos convênios estabelecidos para a execução de políticas públicas nos assentamentos e nas áreas rurais.

“Essas entidades fazem a ponte entre os órgãos do Estado com aquelas pessoas que mais precisam, fazem um trabalho fundamental de resgate da cidadania desses setores da sociedade que estão marginalizados.”

terça-feira, 22 de junho de 2010

Os cidadãos do terceiro tempo.


A bola da vez é a bola. O sol da terra!O cenário da Copa do Mundo, enquanto manifestação cultural, sempre nos instiga a alguns questionamentos, sobretudo ao observarmos a magnitude de um evento outrora restrito ao estádio, agora em sua esfera cada vez mais mercantil e midiatizada.

No entanto, um dos princípios fundamentais, talvez esquecido pela produção midiática da Copa 2010, é o reconhecimento das diferenças culturais e econômicas que fundamentam a realidade, bem como a expressão da subjetividade do seu público, tanto o torcedor quanto o telespectador. Evidencia-se que o único critério de noticiabilidade é a surpresa e o detalhe hiper-reprisado, como o super close no tornozelo torcido de um jogador, ou a comemoração esquisita de algum fanático nas arquibancadas. Pelas objetivas digitais, registram-se e remodelam-se identidades que são concebidas na expressão de distintas raças, gêneros e etnias, especialmente quando construídas sob as lágrimas da vitória, mas, sobretudo as da derrota.

Em outras palavras, os processos de midiatização da Copa 2010 dinamizam os espaços de publicização das identidades culturais, especialmente através de imagens que estampam as cores e símbolos de uma nação, trazendo à tona o deslumbrar de uma memória socialmente construída, como nos lembra Stuart Hall. Nesse sentido, o espaço midiático efetiva-se como um canal onde muitos valores e produtos são legitimados, na maioria das vezes sem a intervenção ativa dos telespectadores: a oferta midiática é sempre maior do que a demanda do receptor, alerta Dominique Wolton.

Mão dupla

Mas qual a intenção dessa midiatização cultural-identitária? Em que medida o público, tanto o telespectador como o midiatizado, pode considerar-se cidadão nesse espaço?

Não podemos deixar de destacar os interesses comerciais, de marketing, venda e autopromoção das grandes multinacionais. Porém, todas acionam o discurso nacionalista, dependendo da tela em que aparecem: as marcas européias, asiáticas e norte-americanas são agora fanáticas pela seleção verde e amarela. Nessa época, a incitação ao consumo beira o extremo. Aproveitam nossa sensibilidade à flor de uma pele que treme frente à tela na espera de seu time. Não pretendemos com esse discurso neutralizar o papel do mercado, mas evidenciá-lo a partir de uma perspectiva crítica, que leve em consideração a complexidade dos valores contidos nessas trocas e construções identitárias e culturais.

Obviamente, os grandes grupos midiáticos precisam de patrocinadores que assegurem economicamente suas programações, como tais patrocinadores necessitam da mídia para que sua produção seja socialmente visualizada: a relação é de mão dupla. O telespectador é chamado apenas para o terceiro tempo, o do consumo – ou seja, o da pós-produção.

Valores e culturas

A midiatização das diversas culturas facilitada pela Copa do Mundo deve ir além de uma intenção estritamente mercantil ou publicitária. Como afirma Nestor G. Canclini, as relações que movimentam a produção e o consumo mercantil devem ser compreendidas a partir da complexidade das realidades multiculturais. Para Canclini, a prática da cidadania passa também pelo consumo, mas não apenas pelo consumo midiático, ou o que se efetiva no campo do terceiro tempo. Isso nos leva a considerar que este espaço midiático-mercantil não é autossuficiente para o consumo cidadão, visto que a cidadania – nessa perspectiva – é limitada, pois ocorre muitas vezes por vias desiguais de aquisição como de demanda.

Herbert de Souza, o Betinho, pontua que "o termômetro que mede a democracia em uma sociedade é o mesmo que mede a participação dos cidadãos na comunicação". Assim, que seja concedida voz a esse público que também almeja ser cidadão ao expressar seus valores, culturas e identificações, não apenas no terceiro tempo, mas enquanto o jogo é jogado. Quem sabe um dia, a Copa do Mundo midiatizada constitua-se como um espaço onde o cidadão seja mais do que um fanático torcedor.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago, Prêmio Nobel, Comunista, e filho de analfabetos


Foto: Sebastião Salgado

Intervir...

"Inventámos uma espécie de pele grossa que nos defende dessa agressão da realidade, que nos levaria a assumi-la, a percebermos o que se está a passar e a fazer o que finalmente se espera de um cidadão, que é a intervenção".

Organização popular...

"O mal é não estarmos organizados, devia haver uma organização em cada prédio, em cada rua, em cada bairro, Um governo, disse a mulher, Uma organização, o corpo também é um sistema organizado, está vivo enquanto se mantém organizado, e a morte não é mais do que o efeito de uma desorganização,… ("Ensaio Sobre a Cegueira")



"Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma".

Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008

"...O importante foi ter vindo,
o importante é o caminho que se fez,
a jornada que se andou"


“Tirou o pequeno aparelho do bolso exterior do casaco e ligou-o (...) o ponteiro de sintonização continuava a extrair ruídos da pequena caixa, depois fixou-se, era uma canção, uma canção sem importância, mas os cegos foram se aproximando devagar, não se empurravam, paravam logo que sentiam uma presença à sua frente e ali se deixavam ficar, a ouvir com os olhos muito abertos na direção da voz que cantava, alguns choravam, como provavelmente só os cegos podem chorar, as lagrimas correndo simplesmente, como de uma fonte" (Ensaio sobre a cegueira)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Veja vídeo sobre a primeira turma de “jornalismo da terra”


A primeira turma de jornalismo para integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é uma iniciativa histórica, que está gerando grandes expectativas.

Uma comunicação diferente, voltada para as necessidades do povo do campo. É o que todos esses jovens desejam. E partir de agora vão poder lutar por isso como jornalistas.

Veja vídeo sobre a primeira turma de “jornalismo da terra”, um curso superior oferecido pela UFC (Universidade Federal do Ceará), por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).

Vídeo disponível em:

http://www.ufc.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=9259&Itemid=86

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A experiência da Compós


Participar da Compós era uma inquietação desde o tempo do mestrado. Em nosso caso, o primeiro desafio foi animar os primeiros passos rumo à escrita do artigo, que aos poucos foi se concretizando no debate sobre a temática, leituras individuais e momentos de partilha e escrita conjunta. Ou seja, a primeira expectativa era escrever um bom artigo, mas que não fugisse das temáticas de nossas pesquisas, no caso, Rádio comunitária e Cidadania. Com a parceria de nosso orientador Valdir Jose Morigi, idealizamos o envio do mesmo ao GT Comunicação e Sociabilidade, onde depois, para nossa alegria e certa surpresa, foi selecionado.

Os primeiros passos, após aprovação e comemoração, foi discutir a apresentação (com ou sem Power-point, ler ou não ler, quanto tempo teremos?). Sabendo dos rigores e do grau de crítica deste GT, demos ênfase no debate sobre os pontos fracos e possíveis perguntas que nos poderiam ser feitas, como também a resposta para as mesmas. Estávamos nos armando para a entrada em campo. Outra preocupação, se não a maior, foi o compromisso de relatar o artigo da professora Janice Caiafa, da UFRJ. O momento do relato nos exigiu outras leituras e cuidado, pois estávamos diante de um grande artigo, que abordava reflexões que não faziam parte do nosso domínio teórico. Da mesma forma, recebemos, previamente, o relato do nosso artigo, feito pela professora Yvana Fechine da UFPE, que pontuou algumas críticas sobre nossa definição conceitual.

Outra expectativa foi em relação ao envio da passagem e indicação de onde ficar no Rio de Janeiro, sendo que essas despesas são pagas ao primeiro autor do artigo. E, como fica os co-autores? É certo que ajuda financeira do PPG conta, e muito. Com as informações nas mãos, seguimos viagem. Após o cancelamento do vôo, tivemos a grata alegria de viajar ao lado das profas. Cida e Milena. Elas nos apresentaram os primeiros lugares da cidade maravilhosa que nos acolheu no seu melhor estilo, sol e calor.

No primeiro dia do evento, tudo era novidade. Vinte minutos de apresentação, dez minutos destinado ao relator e cinco de tréplica. Muitas formalidades. No entanto, elas asseguram elevado nível de discussão. Respostas concisas, coerentes e focalizadas.

Nosso relato e apresentação ocorreram no segundo dia. Alguns problemas técnicos, como não abertura de arquivo e impressão errada do relato, fatores que nos deixaram sem o chão por alguns momentos. Mas diante do inesperado, o melhor é não perder a paciência e seguir no objetivo, que em nossa avaliação foi bem cumprido.

Após Compós fizemos um passeio pela parte dançante da capital, acompanhados de professores da UERJ e demais colegas como Denise Cogo, Sandra e Laura Barreras, Jousi Quevedo, Ana Carolina, Lilian. Na sexta-feira, antes do retorno, realizamos um breve passeio ao Pão de Açúcar e no centro da cidade. Andamos de Kombi alternativa, cruzamos a linha vermelha e de repente, depois de 1h30 de vôo já estávamos no Bom Fim. Inserir essa vivência no lattes foi nossa última ocupação, acompanhada, é claro, da esperança de uma próxima vez.

Por Joel Felipe Guindani, Cristóvão Domingos de Almeida e Valdir José Morigi.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Livro traz a história e perspectivas do rádio


Já está disponível o e-book E o rádio? Novos horizontes midiáticos, que reúne textos dos integrantes do Grupo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.
O livro tem a organização editorial de Luciano Klöckner e Luiz Artur Ferraretto e traz 40 artigos apresentados no XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, realizado em Curitiba, no ano passado, e que tratam de assuntos como história, ensino, cidadania, criatividade, publicidade, programação e futuro da mídia sonora.
Há contribuições de 11 estados, mais o Distrito Federal, que abrangem um conjunto de assuntos agrupados neste volume em oito seções temáticas: a primeira é sobre história e a última trata do futuro, das tendências, da geração digital. No meio desses dois vértices estão artigos sobre ensino, emissoras e ouvintes, criatividade sonora, publicidade e programas.
A obra pode ser consultada ou baixada, gratuitamente, na Internet. Para acessar o livro, lançado pela Editora da PUCRS clique aqui

http://www.pucrs.br/edipucrs/eoradio.pdf

sábado, 5 de junho de 2010

Lançada a Agência da Boa Notícia Guajuviras



"Sonhamos com este momento. Ele será um passo decisivo de transformação da realidade". Com essa frase, o prefeito Jairo Jorge deu início ao ato de assinatura do contrato com a Universidade do Vale do Rio dos Sinos,Unisinos para a execução do projeto Pronasci Observatório de Comunicação Cidadã - Agência da Boa Notícia Guajuviras.

O evento foi realizado nessa terça-feira, 1º, na sala de reuniões do gabinete do prefeito de Canoas representando o início oficial do projeto que se propõe a formar 240 jovens guajuvirenses para se tornarem comunicadores cidadãos, com acesso às tecnologias mais avançadas nas áreas de comunicação e informática. O Observatório é um projeto que integra o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), mas é Canoas o único Município onde o Pronasci tem um projeto que aposta especificamente na área da comunicação. Os alunos terão um ano de participação em oficinas de radioweb, web tv, internet, técnica de reportagem, vídeo documentário e outras, para produzir notícias e conteúdos de comunicação diversos sobre sua própria realidade.

O Prefeito de Canoas ainda falou sobre sua preocupação com a onda de violência que a cidade de Canoas está vivendo. São 44 homicídios a cada cem mil habitantes, enquanto em São Paulo, por exemplo, são 12 na mesma população. "Não acho que isso seja irreversível. É a marca de um tempo e suas contradições", insistiu Jorge. A prefeitura aposta em projetos estratégicos que estão sendo implementados em três formas: o policiamento comunitário, a inteligência e as oportunidades aos jovens. No segundo caso, o Prefeito destacou o sistema de detecção de tiros adotado em Canoas, a primeira cidade na América Latina com esse sistema. A expectativa é que ele ajude a salvar vidas. "A parceria com a Unisinos é essencial pela capacidade de pensar e o compromisso com a comunidade que caracteriza essa universidade", salientou Jairo Jorge.

O Vice-Reitor da Unisinos, Prof. Dr. José Ivo Follmann, também destacou o momento como um marco para a própria Universidade. "A Unisinos se sente muito orgulhosa e estimulada no desenvolvimento deste projeto. É um projeto que se posiciona contra o achatamento da vida", disse Follmann se referindo à imagem que foi construída pela mídia em geral sobre o bairro Guajuviras. O Vice-Reitor acredita que a comunicação cidadã resgata a auto-estima e a hetero-estima dos jovens e isso vai fazer com que eles se tornem comunicadores. Follmann qualificou o Pronasci como uma das melhores coisas que se inventaram no Brasil nos últimos anos.

Alberto Kopittke, Secretário de Segurança de Canoas, agradeceu o apoio da Prefeitura e a parceria da Unisinos, principalmente agradeceu à coordenadora geral e mentora do Projeto Andrea de Freitas, da Secretaria de Segurança e à coordenadora Pedagógica, Profa. Dra. Christa Berger, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unisinos. "A Agência vai possibilitar mostrar tudo o que a comunidade cria de cultura", disse Kopittke e apresentou o projeto ao público presente, inclusive a infraestrutura da Agência como uma sala multimídia, oficinas e estúdios de web rádio e web tv.

A coordenadora pedagógica do Projeto e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unisinos, Christa Berger, afirmou que o momento era importante também para o Programa de Pós Graduação da Unisinos porque o projeto dava continuidade a uma tradição em pesquisa em Comunicação alternativa em plena sintonia com as resoluções do I Conferência Nacional de Comunicação. "O que há de mais avançado em tecnologia estará a serviço dos jovens do Guajuviras para eles se apossarem da palavra. Nos empenharemos em ajudar os jovens a produzir conteúdos socialmente relevantes e emancipadores. Eles conseguirão contar suas histórias e as histórias do Guajuviras", destacou a professora.

Sonia Montaño - Agência da Boa Notícia Guajuviras

sábado, 29 de maio de 2010

Sem vice Serra não versa e nem prosa



Desde a infância reparei que os tucanos não voam alto e não revoam por muito tempo. Talvez pelo peso do bico ou por acharem as estrelas sempre distantes. Preferem o chão e, mesmo estando nele, na maioria das vezes são desajeitados, tropeçam e se enroscam. Nessas enroscadas, sem um vice definido, Serra continua ciscando no terreiro das possibilidades. Ou seja, sem um um vice Serra não versa e nem prosa. Já a Dilma tem vice e versa. Com a estrela no peito, voa no vento e na prosa do filho do Brasil. Será que essa revoada não está para tucanos?

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Rádios via internet são proibidas de transmitir os jogos da Copa


A medida imposta pela FIFA visa proteger a detentora oficial dos direitos de transmissão da Copa 2010, a Rede Globo

Mantendo a mesma medida de 2006, as rádios via internet não estão autorizadas a transmitirem os jogos da Copa do Mundo FIFA 2010, que será realizada na África do Sul a partir do mês que vem. A medida também vale para as estações AMs e FMs que possuem seus áudio ao vivo disponibilizados na internet.

A medida é imposta pela FIFA para proteger a detentora oficial dos direitos de transmissão da Copa 2010, a Rede Globo. A emissora carioca vai realizar transmissão com imagem dos jogos da Seleção Brasileira através de seu portal, conforme já anunciado pela própria rede. As demais rádios como Eldorado, Jovem Pan, Itatiaia, Bandeirantes, Gaúcha, Super Radio Tupi, Transamérica, entre outras, também possuem os direitos de transmissão, porém por vias terrestres.

Em resumo: essas estações realizarão a transmissão apenas por via terrestres, ou seja, via radiodifusão convencional. As afiliadas dessas redes nacionais deverão desligar seus sistemas de streaming durante as transmissões dos jogos da Copa, ou inserir outra programação na internet. Essa situação já foi constatada em 2006: as grandes marcas de São Paulo executaram outra grade na internet.
Também está proibida a transmissão para dispositivos móveis, como celulares smartphones.

Fonte: TudoRádio.com

terça-feira, 25 de maio de 2010

Compós 2010 - PUC-RIO



"Cada vez que o reino do humano me parece condenado ao peso, digo para mim mesmo que à maneira de Perseu (o herói mitológico que decepa a cabeça da Medusa porque voa com sandálias aladas. Para decepar a cabeça da Medusa sem se deixar petrificar) eu devo voar para outro espaço. Não se trata absolutamente de fuga para o sonho ou o irracional. Quero dizer que preciso mudar de ponto de observação, que preciso considerar o mundo sob uma outra ótica, outra lógica, outros meios de conhecimento e controle. As imagens de leveza que busco não devem, em contato com a realidade presente e futura, dissolver-se como sonhos..." Italo Calvino

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O fetiche de quantidade


Metas de produtividade e burocracia acadêmica diminuem o potencial de pesquisas científicas. A criação de conhecimento não pode ser medida somente pelo número de trabalhos escritos pelos pesquisadores, como é a tendência atual no Brasil.

A cada tanto tempo, volta-se a discutir como deve ser avaliado o trabalho dos professores. O grande número de pessoas envolvidas nos diversos níveis de ensino, assim como o de artigos e livros que materializam resultados de pesquisa, tem determinado uma preferência por medidas quantitativas.
Se estas podem trazer informações úteis como dado parcial para comparar resultados de escolas em vestibulares ou o desempenho médio de alunos em determinada matéria, sua aplicação como único critério de "produtividade" na pós-graduação vem gerando -a meu ver, pelo menos- distorções bastante sérias.
Não é meu intuito recusar, em princípio, a avaliação externa, que considero útil e necessária. Gostaria apenas de lembrar que a criação de conhecimento não pode ser medida somente pelo número de trabalhos escritos pelos pesquisadores, como é a tendência atual no Brasil. Tampouco me parece correta a fetichização da forma "artigo em revista" em detrimento de textos de maior fôlego, para cuja elaboração, às vezes, são necessários anos de trabalho paciente.
A mesma concepção tem conduzido ao encurtamento dos prazos para a defesa de dissertações e teses na área de humanas, com o que se torna difícil que exibam a qualidade de muitas das realizadas com mais vagar, que (também) por isso se tornaram referência nos campos respectivos.
O equívoco desse conjunto de posturas tornou-se, mais uma vez, sensível para mim ao ler dois livros que narram grandes aventuras do intelecto: "O Último Teorema de Fermat", de Simon Singh (ed. Record), e "O Homem Que Amava a China", de Simon Winchester (Companhia das Letras).
O leitor talvez objete que não se podem comparar as realizações de que tratam com o trabalho de pesquisadores iniciantes; lembro, porém, que os autores delas também começaram modestamente e que, se lhes tivessem sido impostas as condições que critico, provavelmente não teriam podido desenvolver as capacidades que lhes permitiram chegar até onde chegaram.

Everest da matemática
O teorema de Fermat desafiou os matemáticos por mais de três séculos, até ser demonstrado em 1994 pelo britânico Andrew Wiles. O livro de Singh narra a história do problema, cujo fascínio consiste em ser compreensível para qualquer ginasiano e, ao mesmo tempo, ter uma solução extremamente complexa. Em resumo, trata-se de uma variante do teorema de Pitágoras: "Em todo triângulo retângulo, a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa", ou, em linguagem matemática, a2²=b2²+c2².
Lendo sobre esta expressão na "Aritmética" de Diofante (século 3º), o francês Pierre de Fermat (1601-65) -cuja especialidade era a teoria dos números e que, junto com Pascal, determinou as leis da probabilidade- teve a curiosidade de saber se a relação valia para outras potências: x3³= y3³ + z3, x4 = y4 + z4 e assim por diante. Não conseguindo encontrar nenhum trio de números que satisfizesse as condições da equação, formulou o teorema que acabou levando seu nome -"Não existem soluções inteiras para ela, se o valor de n for maior que 2"- e anotou na página do livro: "Encontrei uma demonstração maravilhosa para esta proposição, mas esta margem é estreita demais para que eu a possa escrever aqui".
Após a morte de Fermat, seu filho publicou uma edição da obra grega com as observações do pai. Como o problema parecia simples, os matemáticos lançaram-se à tarefa de o resolver -e descobriram que era muitíssimo complicado.
Singh conta como inúmeros deles fracassaram ao longo dos 300 anos seguintes; os avanços foram lentíssimos, um conseguindo provar que o teorema era válido para a potência 3, outro (cem anos depois) para 5 etc. O enigma resistia a todas as tentativas de demonstração e acabou sendo conhecido como "o monte Everest da matemática". É quase certo que Fermat se equivocou ao pensar que dispunha da prova, que exige conceitos e técnicas muito mais complexos que os disponíveis na sua época.
Quem a descobriu foi Andrew Wiles, e a história de como o fez é um forte argumento a favor da posição que defendo. O professor de Princeton [universidade americana] precisou de sete anos de cálculos e teve de criar pontes entre ramos inteiramente diferentes da disciplina, numa epopeia intelectual que Singh descreve com grande habilidade e clareza. Não é o caso de descrever aqui os passos que o levaram à vitória; quero ressaltar somente que, não tendo de apresentar projetos nem relatórios, publicando pouquíssimo durante sete anos e se retirando do "circuito interminável de reuniões científicas", Wiles pôde concentrar-se com exclusividade no que estava fazendo.
Por exemplo, passou um ano inteiro revisando tudo o que já se tentara desde o século 18 e outro tanto para dominar certas ferramentas matemáticas com as quais tinha pouca familiaridade, mas indispensáveis para a estratégia que decidiu seguir. Questionado por Singh sobre seu método de trabalho, Wiles respondeu: "É necessário ter concentração total. Depois, você para. Então parece ocorrer uma espécie de relaxamento, durante o qual, aparentemente, o inconsciente assume o controle. É aí que surgem as ideias novas".
Este processo é bem conhecido e costumo recomendá-lo a meus orientandos: absorver o máximo de informações e deixá-las "flutuar" até que apareça algum padrão, ou uma ligação entre coisas que aparentemente nada têm a ver uma com a outra. Uma variante da livre associação, em suma.
Ora, se está correndo contra o relógio, como o estudante pode se permitir isso? A chance de ter o "estalo de Vieira" é reduzida; o mais provável é que se conforme com as ideias já estabelecidas, o que obviamente diminui o potencial de inovação do seu trabalho.
Renato Mezan

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Incomodados com Veja?


** Veja sempre pegou pesado, sempre misturou opinião com informação, sempre enfiou declarações descontextualizadas na boca dos entrevistados. Sempre aberta a "plantações", durante 20 anos ACM deitava e bordava, depois abriu-se indiscriminadamente aos "grampos", enturmando-se com quem tinha um saquinho de lama para jogar no desafeto.

** Veja sempre simplificou e distorceu. E quanto mais leve e saborosa pretendia ser, mais desqualificada. Mesmo quando a favor.

* Veja sempre praticou vendetas. A revista tem uma lista negra, própria e implacável, "não-pessoas" e "não-entidades" condenadas à inexistência. Através deste index Madame Torquemada assume-se como dona da verdade e senhora dos destinos. Sempre incensou os amiguinhos, sempre condenou ao ostracismo os que não faziam parte da curriola.

* Veja sempre produziu megalomanias em estado puro, forjadas pelo simples ato de colocar na cadeira do diretor de Redação profissionais sem o estofo adequado. O chamado estilo Veja não caiu do céu, foi sendo consolidado ao longo dos últimos 20 anos. Mario Sergio Conti, em Notícias do Planalto conta muita coisa sobre o patriarca e a gênese deste estilo. Admite que o praticou – era a escola, todos deveriam adotá-la por convicção ou mimetismo.

A diferença agora é que Veja pegou numa instituição-darling. E todos chiaram. Acabou a impunidade. Veja (e os que pretendem imitá-la) passarão a receber troco.

O documento apócrifo contra Veja que circulou nas duas ultimas semanas pelo Outlook de milhares de brasileiros – multiplicado pelo "agit-prop" do MST – é o retorno de um bumerangue lançado pelo próprio semanário com sua matéria abjeta.

Como avalia o procedimento adotado por Veja para incluí-lo na matéria?

José de Souza Martins – Considero-o um desrespeito à minha pessoa e ao meu trabalho. Em conseqüência, tenho recebido mensagens de insulto até de ex-alunos, espantados com a "minha mudança". Esse é um comportamento cujos efeitos danosos dificilmente serão consertados ao longo de minha vida pessoal e profissional. Quem leu a matéria de Veja, especialmente quem não me conhece, dificilmente lerá o artigo original e dificilmente levará em conta o conjunto de minha obra e o meu próprio caráter.

O que dizer da cobertura que a mídia faz do MST e da questão da reforma agrária?
José de Souza Martins – A mídia está desinformada. A questão agrária é muito complicada e os jornalistas parecem não ter tempo nem paciência para entendê-la, fazer as perguntas corretas e formar corretamente a opinião pública. Na cobertura que faz das ações do MST tenta apenas trazê-lo para o espetáculo da informação, sem se preocupar com as óbvias contradições do movimento e com os graves problemas sociais que o motivam e as graves injustiças que lhe deram vida. A mídia também cobre mal importantes inovações na ação do governo, que institucionaliza um amplo programa de intervenção na questão agrária, para atenuar ou suprimir os erros e defeitos da Lei de Terras de 1850, responsável pelos problemas que estamos vivendo, e na ação do Estado.

Confira mais em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/iq20052000.htm#questao01

terça-feira, 18 de maio de 2010

Rede AMLAT lança livros sobre metodologia e pesquisa em Comunicação na América Latina


No dia 27 de maio de 2010, no primeiro dia do III Seminário Latino-Americano de Metodologias Transformadoras em Comunicação, Educação e Cidadania, teremos o lançamento de dois livros Rede AMLAT. O evento será realizado no Auditório da Reitoria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Campus da cidade de João Pessoa, Paraíba.
O livro “Metodologias Transformadoras: Tejiendo la red em comunicación, Educación, Ciudadania y integración en América Latina”, coordenado pelos pesquisadores Adrian Padilla (Universidad Nacional Experimental Simon Rodriguez, da Venezuela) e Alberto Efendy Maldonado (GP ProcessoCom/ PPGCOM/Unisinos, Brasil), foi editado pelo Fondo Editorial CEPAP, da Venezuela, no final de 2009. Trata-se de uma obra coletiva da Rede AMLAT que apresenta a diversidade teórica e metodológica das comunidades acadêmicas participantes deste projeto de integração latino-americana no âmbito da pesquisa em Comunicação.
O segundo livro, “Investigación de la Comunicación en América Latina”, coordenado pelos pesquisadores Alberto Pereira Valarezo (FACSO/UCE, Equador) e Alberto Efendy Maldonado (GP ProcessoCom/ PPGCOM/Unisinos, Brasil), é o resultado do encontro teórico-metodoló gico da Rede AMLAT, realizado em dezembro de 2009, em Quito-Equador, e foi editado pelo Centro Académico de Diseño y Producción Editorial FACSO- UCE, no início deste ano. O livro está dividido em três partes: I-“Teorías y Metodologías suscitadoras” ; II- “Investigación en comunicación digital”; e III “Investigación en comunicación alternativa y educomunicació n”.
A Rede AMLAT - Rede Temática ‘Comunicação, Cidadania, Educação e Integração na América Latina’ faz parte do Programa Sul-Americano de Apoio às atividades de Cooperação em Ciência e Tecnologia – PROSUL/CNPq.