sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A Dilma ganhou, e agora?

A vitória da Dilma tem gerado uma diversidade de manifestações, algumas, inclusive, mais quentes que durante o período eleitoral. Surgiu até um site que propõe a reconciliação entre pessoas que perderam a amizade por causa de discussões políticas. Batizado de “Coxinha S2 Petralha”, o site disponibiliza uma série de mensagens a serem enviadas para colegas petistas e tucanos.
Além das manifestações e das possíveis reconciliações, algumas contradições já se evidenciaram. A Marina, que afirmou o tempo todo “não desistir do Brasil”, parece que resolveu substituir o Lobão e sumiu do país. Já o seu partido – que apoiou Aécio -, apareceu em cena e declarou, por meio de seu presidente, que a legenda vai permanecer fora da base aliada e que fará oposição “à esquerda”.
As reações pós-vitória de Dilma se tornaram mais radicais. Conforme reportagem publicada pela Revista Fórum, após o resultado que confirmou a reeleição de Dilma, a página do Exército, no Facebook, recebeu centenas de pedidos de golpe militar. Uma das imagens publicadas na página do Exército recebeu mais de 2 mil comentários, acusando o Exército de estar “acomodado” em relação à situação política do país. Assim, a vitória da Dilma nos indica que avançamos mais um largo passo à esquerda, complicando ainda mais os planos da direita que ainda permanece mobilizada.
A Dilma ganhou e, com isso, Aécio repetiu a façanha de seu avô Tancredo e quase governou o país. Aécio também coroa o tricampeonato de derrotas do PSDB em disputas diretas com seu adversário, equilibrando, assim, o cenário de frustrações sofridas pelo PT desde 1989. Não obstante, a vitória de Dilma preocupa a direita, que já reconhece a volta de seu maior adversário em 2018: o presidente Lula.
 A vitória de Dilma preocupa a direita, pois ela promete realizar as reformas políticas que Collor e FHC engavetaram e que Lula só tentou implementar. Essas reformas preocupam a direta, sobretudo alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que já se pronunciaram desfavoráveis aos plebiscitos e aos referendos populares.

            Enfim, A Dilma ganhou, e agora? Tomara que o seu governo volte-se para os movimentos sociais, revendo, assim, a sua estratégia de poder para então abortar de vez o seu discurso desenvolvimentista e propor um governo realmente popular sem as interferências de alguns caciques da política corrupta e oportunista.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Seguimos à esquerda ou voltamos à direita?

Depois que o capitalismo dominou além da economia também a política, tem se tornado difícil distinguir a política de esquerda da política de direita. Isto porque a alma da política tornou-se o negócio ou uma negociata. Política é vendida aos eleitores que a consomem e não mais a constroem. Parece que há mais delegação de poder e representatividade do que participação e democracia.
Esta reflexão parece extremista ou exagerada, por que são pequenas as ações do Estado (Legislativo e o executivo, desde o âmbito nacional até o municipal) que propiciam a conscientização política ou a educação para a cidadania.
Observando a política nacional, centrando o olhar na disputa eleitoral, especificamente, na peleja entre Dilma e Aécio, percebe-se algumas semelhanças, sobretudo no que diz respeito às estratégias midiáticas e às “multi-pluri-hiper” alianças partidárias.
Por exemplo, Aécio, representa ou herda projetos e visão de política da direita, como a redução da maioridade penal. No entanto, discursivamente, defende a reforma agrária e a preservação do meio ambiente. No caso de Dilma, que representa a esquerda, que implantou as políticas sociais como o bolsa família e defende a não redução da maioridade penal. No entanto, tem em seu palanque políticos do Partido progressista (PP/Arena) e a senadora Kátia Abreu, que defendeu a extinção dos quilombos e do MST.
Dados alguns dos elementos que nos impossibilitam distinguir com clareza entre esquerda e direita ainda nos resta a história. Ou seja, graças a história podemos desembaraçar as coisas e não tomar tudo pelo viés extremo, generalista ou superficial. Quem foram direita e esquerda em nossa história?
A direita foi a base ideológica de nossa colonização. Ou seja, os colonizadores não pensaram em beneficiar os colonizados. O processo de colonização foi da elite sob os nativos, introduzindo a mão de obra escrava e extinguindo ao máximo os recursos naturais. A esquerda representou os movimentos de resistência indígena e negra, que lutou pela soberania nacional e pela distribuição da renda entre as classes sociais.
Atualmente, Dilma é o seguimento da esquerda e, mesmo com as coligações com alguns partidos de direita, ainda representa o pouco que nos resta da histórica esquerda. Aécio, mesmo discursando para os pobres, ainda representa a classe política de direita, que prefere a dominação do mercado em detrimento da participação popular através do Estado. Sem dúvida, a partir da história, a questão central permanece: seguimos à esquerda ou voltamos à direita?