quinta-feira, 30 de junho de 2011

Cartas do Cárcere, Antonio Gramsci


Roma, 20 de novembro de 1926

Minha querida Iulca,

(...) Tentei imaginar como vai se desenrolar toda a vida futura de vocês, porque vou ficar certamente muito tempo sem notícias suas; e voltei a pensar no passado, nele buscando razão de força e de confiança infinita. Sou e serei forte; amo você muito e quero rever e ver nossos pequenos filhos. Preocupa-me um pouco a questão material: seu trabalho será suficiente? Penso que não seria menos digno de nós nem exagerado pedir um pouco de ajuda. Gostaria de convencê-la disto, para que você me escute e procure meus amigos. Estaria mais tranquilo e mais forte, sabendoa-a protegida contra qualquer acontecimento ruim. Minhas responsábilidades de pai sério ainda me atormentam, como pode ver.
Minha querida, não gostaria de intranquilizá-la, de modo algum: estou um pouco cansado, porque durmo pouquíssimo e, por isso, não consigo escrever tudo o que gostaria e do modo como gostaria. Quero fazer com que você sinta de modo bem forte todo o meu amor e toda a minha confiança. Abraços para toso os seus familiares; e, com a maior ternura, abraços para você e os meninos. Antonio.

(Fragmento da primeira carta escrita por Antonio Gramsci à sua esposa após ser condenado por Mussolini e preso no cárcere romano de Regina Coeli)

terça-feira, 28 de junho de 2011

A comunicação radiofônica do Movimento Sem Terra: história, panorama e desafios





RESUMO: Este artigo realiza uma discussão teórico-histórica sobre a comunicação radiofônica protagonizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Destacam-se elementos que ajudam a compreender as especificidades da comunicação radiofônica e de como elas possibilitam ao MST formas de diálogo com sua base assentada e com a sociedade. Inicialmente, reconstroem-se os elementos históricos que constituem esse fenômeno comunicacional, os quais, em seguida, articulam-se ao debate teórico de questões centrais, como: as lógicas dos usos e apropriações dessa tecnologia pelo Movimento Sem Terra e das consequentes estratégias estruturadas no debate com suas orientações político-documentais. Adiante – ancorado em aspectos históricos e contemporâneos –, apresenta-se um breve panorama da comunicação radiofônica desenvolvida pelo Movimento Sem Terra, com ênfase nas rádios Terra Livre FM, de Santa Catarina, e 25 de Maio FM, do Ceará. A partir de entrevistas com lideranças e assentados e de observação participante com os comunicadores das duas emissoras, identifica-se, enfim, que a comunicação radiofônica apresenta-se como instrumento e ator para a luta do MST. Como instrumento ou porta-voz, é apropriada como um meio a serviço da ideologia. Mas, enquanto ator, impõe algumas lógicas aos que dela se apropriam, instaurando, assim, desafios ao MST, tornando necessário o investimento em processos de ensino-aprendizagem, uma organização comunitária facilitadora da participação de sua base assentada e estratégias que assegurem ou consolidem a sua prática radiofônica como um espaço de luta contra-hegemônica.

PALAVRAS-CHAVE: Comunicação; Rádio; Movimentos Sociais; Movimento Sem Terra.

Co-autoria de Camila Bonassa

Artigo apresentado na CONFIBERCOM - Confederación Iberoamericana de Asociaciones Científicas y Académicas de la Comunicación

Versão completa com: j.educom@gmail.com