sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Marx é sempre capital !!!!



E quanto mais aumentam a competitividade e concorrência intercapitais, mais nefastas são suas conseqüências, das quais duas são particularmente graves: a destruição e/ou precarização, sem paralelos em toda a era moderna, da força humana que trabalha e a degradação crescente do meio ambiente, na relação metabólica entre homem, tecnologia e natureza, conduzida pela lógica societal subordinada aos parâmetros do capital e do sistema produtor de mercadorias.

Expansionista, destrutivo e, no limite, incontrolável, o capital assume cada vez mais a forma de uma crise endêmica, crônica e permanente, com a irresolubilidade de sua crise estrutural fazendo emergir, na sua linha de tendência já visível, o espectro da destruição global da humanidade, sendo que a única forma de evitá-la é colocar em pauta a atualidade histórica da alternativa societal socialista. Os episódios ocorridos em 11 de setembro e seus desdobramentos são exemplares dessa tendência destrutiva.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

É NATAL: Tempo de irmos além ...



E o Natal vai chegando... Primeiro, foi-se achegando... Em noite fria.. de porta em porta. Cada uma delas bem fechada...

A hora chegou... Choramingando logo veio. Com ou sem parteira um estábulo prontamente lhe acolheu...

Surgiu dos pobres e por jumentos, ovelhas e bois foi aquecido...

Na humildade do chão batido e aos olhos dos que lutam com esperança foi se fazendo..

E ainda hoje...

Nos corações dos que tem fome de pão e de justiça...
Nos semblantes queimados de sol...
Nas mãos calejadas e exploradas...
Nas mentes cansadas e esperançosas, continua se fazendo..

É Nestes que sua manisfetação é plena. É neles que continua renascendo...

Que o natal promova a inquietação e nos liberte de algumas amarras para que assim possamos trilhar o caminho rumo àqueles que querem ao menos sobreviver; ao encontro daqueles que gritam e mesmo assim não são ouvidos; aos que querem amar e não são compreendidos...

Sejamos luz e doação... Juntos vamos além !!! Bom natal

domingo, 14 de dezembro de 2008

A socialização como lugar para se pensar o sujeito!


Resumo

O presente artigo realiza um contraponto entre modernidade e pós-modernidade, problematizando a concepção de ciência moderna bem como o seu posicionamento epistêmico mediante o sujeito e a realidade. A partir dessa problematização, procura-se tencionar as lógicas identitárias e de sociabilidade tendo como pano de fundo a concepção pós-moderna enquanto fenômeno e paradigma. Busca-se, por essa via, compreender o sujeito tendo como lócus interpretativo a realidade societária a qual ele está imerso e, acima de tudo, evidenciar que é também através do ambiente das “relações” que o mesmo participa da vida e constitui a si mesmo.

Palavras-chave

Sociabilidades, identidade, identificações, modernidade, pós-modernidade.


***

Pensar o sujeito pela ótica das “relações” não é abstraí-lo de um processo histórico que até certo ponto o trouxe até aqui, mas sim, relevar as potencialidades do "vir a ser", da criatividade e da autonomização que constituem e orientam o seu viver.

Obviamente, cada vez mais fica difícil pensar `um sem o outro´e que se torna impossível existir um projeto individual ´puro´,sem referencia ao outro, ao social...

Como nos alerta Bauman, “estar inacabado, incompleto subdeterminado é um estado cheio de riscos e ansiedade, mas seu contrário também não traz um prazer pleno, pois fecha antecipadamente o que a liberdade precisa manter aberto.” ...

Versão completa em: j.educom@gmail.com

sábado, 6 de dezembro de 2008

Preparação para a Conferência de Comunicação cresce em evento nacional


Reunidas em Brasília no último dia 2 de dezembro, 66 organizações sociais e 250 pessoas – incluindo representantes do Executivo e do Legislativo – reafirmaram o compromisso pela realização da I Conferência Nacional de Comunicação, que deverá ser convocada pelo Governo Federal em 2009. Este foi o grande evento nacional Pró-Conferência desde a Conferência Nacional Preparatória de Comunicações realizada em 2007 na capital federal, organizada pelo Ministério das Comunicações, porque avançou em termos de participação plural e abertura para o debate.


Um público altamente diversificado e representativo presente ao Encontro Pró-Conferência Nacional de Comunicação, em Brasília, nesta semana, deliberou e construiu, entre outras coisas, um calendário de compromissos a serem atendidos na construção da Conferência com os seguintes prazos e datas:

¤ Edição de Decreto do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, convocando a Conferência, e Portaria Ministerial constituindo o Grupo de Trabalho até 31/12 de 2008; ¤ Conferências municipais ou regionais e debates temáticos até 20 de maio de 2009; ¤ Conferências estaduais de caráter deliberativo para a eleição de delegados e debate e aprovação de propostas à Conferência Nacional: 1º de junho a 14 de agosto de 2009; ¤ Sistematização das propostas e publicação de subsídios: até 14 de setembro de 2009; ¤ Etapa nacional: 3, 4 e 5 de novembro de 2009, em Brasília.

Presente à reunião de Brasília, o Coordenador-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), jornalista Celso Schröder, destaca que este foi o grande evento nacional depois da pré-Conferência realizada no ano passado pelo Ministério das Comunicações (leia aqui). “Foi o resultado das mobilizações que ocorreram durante este ano. E foi surpreendente. Teve uma participação muito maior, mostrando que há uma adesão à idéia da Conferência por todos os setores”, relata Schröder. Para ele, a participação do governo nesta reunião foi importante, assim como a sociedade, que estava presente agora de uma maneira “muito mais espontânea”.

Schröder destaca que empresas de radiodifusão, empresas de comunicação, movimentos sociais estiveram representados demonstrando racionalidade, maturidade e compreendendo que é preciso construir a Conferência como um espaço público. “Foi um acréscimo, avançou. Acho que coloca o governo numa situação de realmente instalar a Conferência. Saímos desta reunião com o compromisso da sociedade e do Estado de produzir reflexões e debates sobre um tema que até agora não tem sido debatido suficientemente pela sociedade, que é o tema da comunicação”, relata.

O objetivo maior da realização da Conferência, do ponto de vista do FNDC, é a construção de políticas públicas para regrar, regulamentar, organizar os sistemas de comunicação públicos, mesmo os comerciais, no sentido de constituir a dimensão pública que eles têm por obrigação. A expectativa é de que a Conferência provoque os acordos, os debates para produzir políticas públicas. “O debate, por si só, já terá a função de chamar à consciência, jogar luz sobre o tema da comunicação, que neste momento carece de visão crítica e analítica”, analisa o coordenador-geral do Fórum.

Na reunião de Brasília, dia 2, não havia clima reivindicatório simplesmente ou de negação sobre qualquer tipo de debate. “Me pareceu que todos os atores presentes estavam disponíveis a se exporem no espaço público para o debate. É importante entender que os desejos são legítimos e o que temos que produzir são os consensos. E, aquilo que não for consenso, que sirva para início de conversas”, ressalta Schröder, lembrando que a Conferência não se extinguirá agora, mas deverá produzir um espaço de debate público permanente como sempre devia ter existido no Brasil.

Metas do Fórum

Em suas metas, o FNDC continuará reivindicando a Conferência, insistindo no caráter nacional e enraizamento regional, e, ainda, que ela aconteça a partir da convocação do Executivo, com os grandes temas da comunicação. “Que seja feita de tal maneira e com um grau de racionalidade que consiga apontar efetivamente para políticas públicas. Não queremos um seminário simplesmente de catarse nacional, um muro de lamentações. Temos que produzir um espaço de decisões, acordos que propiciem o governo a produzir regras oriundas da vontade da sociedade brasileira.

Centrados na realização da Conferência já perdemos um ano, diz Schröder, garantindo que já era possível haver grupos instalados, realizando conferências regionais nas quais as sociedades fossem preparando as suas intervenções, racionalizando seus conceitos, tornando públicos os seus desejos, de tal maneira que no ano que vem já exista um certo grau de conceituação mínima. "A sociedade civil agora tem a obrigação de se debruçar sobre questões muito complexas, como qual é o sistema, que modelo de TV pública e de TV digital que nós queremos? Como acontece a convergência? Como manter um conteúdo nacional dialogando com os conteúdos internacionais? Como funciona o modelo econômico global que temos hoje no mundo?”

Estas são algumas das questões que precisam ser traduzidas em propostas pela sociedade civil, de acordo com o FNDC. "E que não sejam propostas ingênuas, reduzidas a bandeiras simplesmente, que se esgotem em algumas palavras", salienta o coordenador-geral do Fórum, já prevendo que isto vai exigir muito da sociedade civil, inclusive em segmentos que não têm uma tradição na área da comunicação. Como exemplo, Schröder cita o engajamento do Conselho Federal de Psicologia (CFP), altamente atuante nas discussões acerca da comunicação social no País. “Eles já estão elaborando há algum tempo as questões da subjetividade, o que esperam de uma mídia, da comunicação, da ótica da Psicologia. Todos os outros segmentos precisam fazer isto”, provoca o jornalista. O encontro de Brasília produziu um documento cujo conteúdo pode ser lido na íntegra aqui: imprensa@fndc.org.br.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Solidariedade ao povo catarinense


Colegas,

Em solidariedade ao povo catarinense, vitimado pelas chuvas que afetaram mais de 1,5 milhão de pessoas, estamos organizando a arrecadação de valores que serão repassados à Defesa Civil de Santa Catarina. Acreditamos que cada um de nós, dentro de suas possibilidades, poderá contribuir.
Nesse sentido, há duas formas para doação. A primeira, na próxima terça-feira, dia 2, às 17h30, quando nos reuniremos em confraternização do PPGCC ou durante as aulas que acontecem na semana de 1º a 5 de dezembro. A segunda alternativa é o depósito direto nas contas da Defesa Civil, abaixo listadas.
Ressaltamos que não há um valor fixo, cada um pode contribuir com a quantia que puder e desejar. Tampouco será identificado o nome ou o valor da doação.

Certos da colaboração de todos, estamos à disposição para dúvidas e sugestões,


Christa Berger
Coordenadora PPGCC

Joel Felipe Guindani
Ângela Zamin
Representantes discentes Mestrado e Doutorado 2008


Defesa Civil SC – Contas para depósito
Caixa Econômica Federal - agência 1877; operação 006; conta 80.000-8
Banco do Brasil - agência 3582-3; conta corrente 80.000-7
Besc - agência 068-0; conta corrente 80.000-0
Bradesco - agência 0348-4; conta corrente 160.000-1
Itaú - Agência 0289, conta corrente 69971-2
O nome da pessoa jurídica é Fundo Estadual da Defesa Civil e o CNPJ é 04.426.883/0001-57. As empresas que fazem doações podem requerer a isenção do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), utilizando o código CFOP na nota fiscal 5910. Também deve constar em complemento: "Doação para Defesa Civil do Estado de Santa Catarina".

sábado, 15 de novembro de 2008

Seminário da Unisinos aborda aspectos metodológicos da midiatização



A Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) irá sediar, de 19 a 21 de novembro, o seminário "Midiatização e Processos Sociais - Aspectos Metodológicos", promovido pela Rede Prosul. O objetivo do encontro deste ano, que reunirá pesquisadores da Colômbia, Argentina, Uruguai e Brasil, como o enunciado sugere, é discutir a midiatização em uma perspectiva metodológica. No ano passado, também na Unisinos, o encontro da Rede Prosul refletiu sobre as pesquisas que tratam da midiatização.

Os relatores e os expositores (professores) receberão certificados, bem como os participantes (ouvintes) que tiverem 75% de presença, que é o que requer a universidade para validação do certificado. A Unisinos estará representada, uma vez mais, pelos professores-pesquisadores Antônio Fausto Neto, Jairo Ferreira, José Luiz Braga e Pedro Gilberto Gomes.

Durante os trabalhos do seminário "Midiatização e Processos Sociais - Aspectos Metodológicos", será lançado o livro Midiatização e Processos Sociais na América Latina (Paulus, 2008). O livro é organizado por Antônio Fausto Neto, Jairo Ferreira, José Luiz Braga e Pedro Gilberto Gomes. O lançamento será realizado às 17h30 do dia 20 de novembro, na Livraria Cultural da Unisinos. Informações pelo telefone (51) 3591.1100, ramais 1356 e 1357.

O Programa Sul-Americano de Apoio às Atividades de Cooperação em Ciência e Tecnologia (Prosul) apóia atividades de cooperação em ciência, tecnologia e inovação na América do Sul, contribuindo com o desenvolvimento da região, por meio da geração de conhecimento e do aumento da capacidade científico-tecnológica dos países. Já a Rede Prosul é formada pela Universidade de Buenos Aires (UBA), Universidade Católica do Uruguai (UCU), Universidade Nacional de Rosário (UNR), Universidade Nacional da Colômbia (UNCo) e Unisinos.

Segundo Jairro Ferreira, "A rede é uma evidência de que a interlocução entre pares da instituição e de outras instituições revela caminhos que podem estar guardados em nossos próprios mapas. Muito do que construímos sobre o conceito de midiatização foi provocado nestes quatro anos de sua existência, compondo um quadro de questões e remissões produtivas, ainda em funcionamento". O evento é uma promoção do Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Obama, as profecias de Luther King e o relato de Silvia Lorenso. Testemunha ocular!


Martin Luther King, pouco antes de ser assassinado, há quatro décadas, disse uma frase premonitória, que caiu feito luva a Barack Obama na madrugada de quarta (5/11): “Eu cheguei ao topo da montanha e vi o outro lado. Talvez eu não consiga chegar lá, mas você conseguirá”. O ideal de Martin Luther King se tornava realidade naquele momento, em que o menino negro, filho de pai queniano e mãe norte-americana, tornava-se o 44º presidente dos Estados Unidos. (mais detalhes sobre essa reflexão em www.juonline.com.br.


Abaixo, segue o relato de Silvia Lorenso. Testemunha ocular!!!

Espero que estajam bem.

É interessante falar a partir desse lugar geográfico daqui, o olho do furacao para o mundo, o espaço que mais parece a casa do big brother, onde o mundo todo está "dando uma espiadinha".

É um risco ser contaminada com um excesso de celebração, mas é impossível não expressar a satisfação de estar vivendo esse momento, de conversar com as pessoas - negros e brancos - e ouvir seus comentários, seus choros, as risadas.
A frase que mais escutei ontem e hoje de estadunidenses/as é que eles/as pela primeira vez têm orgulho do país, que, pela primeira vez, bateu uma pontinha de patriotismo.
Quando cheguei aqui, encontrei pessoas que tinham vergonha do país, do presidente, da guerra, do imperialismo- e nao era para menos e, apesar de viver o privilégio na sua abundância, essas pessoas pareceiam fracas, sem ação, minadas por dentro. Fiquei impressionada com a fala das pessoas, falas quase suicidas. Alguns diziam que se McCain ganhasse iriam procurar outro país para viver porque já nao era possível viver sob essa sombra de Bush e o que ela representa.

Por outro lado, há um sem número de senhoras bem idosas, negras, dizendo o quão estão felizes com o fato de guardar na memória imagens da família negra de Obama ao lado de imagens de linchamentos. Uma das coisas mais bonitas desde que cheguei foi participar de um concerto de Maya Angelou, a querida poeta negra, cuja fala dividia risos e choro da platéia. Maya Angelou contou sua infância e todas as coisas que a fizeram ser a pessoa que é hoje. Ela contruiu a metáfora do arco-íris que atravessa nuvem - "the rainbows in my cloud" - ela diz. E disse que há momentos e situações que nos oferecem a oportunidade de pensar a nossa condição humana. Ela menciona Barack Obama como um desses momentos.
Pede cuidado para que nao esperemos dele o que nao foi feito em anos por outros governos, que esperemos um pouco e que acima de tudo, fiquemos na torcida de que haja, de fato, condições de governabilidade.
Hoje pela manhã, Maya Angelou foi entrevistada e a reporter pediu para que ela enviasse uma mensagem para Obama. Ela disse: "Thank you, Thank you, Thank you!"
Obrigada por nos dar a chance de sermos pessoas melhores, pelo menos por algum tempo.

Mais tarde, acessei a Rádio Itatiaia, de MG, para ouvir o que as pessoas estavam comentando a respeito. Ouvi um comentário de Alexandre Garcia e agradeci aos orixás a capacidade de entender outro idioma além do Português. Alexandre comentava a fala de Lula; aquela em que ele comenta o que Obama representa para os EUA, o Chavez para a Venezuela, ele para o Brasil, e o Evo Morales para a Bolívia. O tom de Alexandre foi muito desrspeitoso, apenas para variar nao é?

De modo que, tento manter um pé aqui e outro no Brasil quanto à coleta de informações porque o que a mídia e seus comentaristas brasileiros fazem é filtrar muita coisa e postar análises que nada têm de neutras. O mesmo email que vocês receberam (com as fotos) foi enviado a outras pessoas. Uma pessoa respondeu dizendo, de maneira muito ofensiva, que é apenas brasileiro (com as palavras em caixa e muitas exclamações).
O que fazer? Nao sou extremista a ponto de dizer que Obama é tudo, ou que ele nao é nada. Ele marca um momento importante no capítulo da história. Pode vir a se consolidar como um político cuja imagem é mais limpa e melhor que a imagem do império americano, a exemplo de Lula em relaçao ao PT ou ao governo? pode. Pode cair no desgosto popular daqui a um ano? pode também.
Pra mim, é muito válido o espaço da outra margem. Minutos atrás liguei para a casa de minha mãe, em Belo Horizonte, e meu sobrinho de onze anos atendeu. A primeira coisa que ele perguntou:
"E o Obama, foi eleito né? Isso é bom, não é? Você está feliz?" Na sequência, minha mãe pegou o telefone e disse: "muita gente comentou sobre o Obama hoje comigo, e eu acredito que ele vai fazer muita coisa para os negros e os pobres. Quem sabe aqui nao fazem o mesmo, né?" Meu sobrinho e minha mão são apenas personagens comuns do dia-a-dia das periferias brasileiras. Se Obama os inspira a pensar o mundo e a se colocarem nele a partir de suas experiências, só por isso ele já tá valendo.

Sílvia

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Internet: um espaço para se ocupar, produzir e transmitir!



A Internet isola, aliena, leva à depressão, ao suicídio, enfim, a toda a espécie de coisas horríveis? Ou pelo contrário: a Internet é um mundo fantástico de liberdades, de novas interações, novas amizades, onde todos se amam e formam inúmeras comunidades?

Creio que temos ainda mais dúvidas do que respostas. Até mesmo os poucos estudos já realizados não convergem para um único caminho (Morais 2006). Ambos trafegam em algum dos extremos: a Internet aliena por um lado, mas liberta por outro. O que de fato é indiscutível é que de alguma maneira o advento da Internet trouxe consigo novas potencialidades que vão para além da esfera ou da ordem individual,de um ciclo limitado de pessoas: "A internet revela-se como espaço de socialização do conhecimento e de novas configurações para o convívio social."(Bretas 2006). É por essa ótica que pretendo desenvolver a reflexão que segue.

Por um longo período de nossa exitência, as formas de contato humano estendiam-se no espaço limitado do “ver”, do poder “tocar” e do “sentir” fisicamente. Percebe-se que o contato físico era o condicionante propulsor de nosso universo societário. As formas de interação social limitavam-se na esfera do “face-a-face” ou em conexões sociais estabelecidas somente em circunstancias de “co-presença” como salienta Giddens (2003). A vida cotidiana, arraigada na co-presença, do contato “olho-no-olho” foi, até certo período, a única forma de efetivação ou exercício de nossa sociabilidade.
Com a chegada da Internet acontece uma expressiva reconfiguração nesta realidade até então mais estável, previsível e delimitada. A emergência desse meio de comunicação congregou inéditas possibilidades de interação social até então jamais vivenciada por qualquer época humana.

Atualmete, nossas vidas são tecidas em uma nova sociabilidade, agora também sócio-técnica, à distância, onde as fronteiras e limites impostos pela nossa condição humana abrem espaço para novos alargamentos de possibilidade infinita.
O que por vezes, na condição face-a-face, limitava nossa curiosidade de transcender, de ir além do que prevíamos ser possível, pode ser facilmente rompida num piscar de olhos ou num “clicar” como nos sugere tal ferramenta. O que até então somente poderia ser conhecido através da interação humana ganha um aditivo rápido e quase instantâneo. Eis o esplendor deste meio de comunicação, que ao avanço dos tempos não se torna apenas uma tecnologia, instrumento ou extensão puramente mecânica: “a tecnologia, remete hoje, não a alguns aparelhos, mas, sim, a novos modos de percepção e de linguagem, a novas sensibilidades e escritas” diz Martín-Barbero.(2006).

Para Manuel Castells (2003), referindo-se especificamente a Internet, “esta tecnologia é mais que uma tecnologia”, dela emana múltiplas possibilidades que instauram novas dependências, as quais vão se transmutando geneticamente em nossa forma de ser e de viver. Basta imaginarmos o caos humano se a conexão “WWW” (World Wide Web) fosse interrompida. Certamente não apenas os fluxos financeiros colapsariam, como também toda a sociabilidade passaria por conseqüências imprevisíveis. Mesmo aqueles que não possuem o acesso à Internet estariam recebendo em seus aparelhos de rádio, TV etc., notícias nada agradáveis.


Outra reflexão importante diz respeito aos muitos movimentos sociais de massa que emergiram e ganharam novo fôlego a partir das potencialidades oferecidas pela Internet. Em meados da década de 1990 o movimento Zapatista mexicano mobilizou a imaginação popular pelo mundo todo, congregando apoio para sua causa através das redes eletrônicas. Da mesma forma, novos movimentos surgem, agregando adeptos em todos os continentes, disparando gritos de ordem através de torpedos instantâneos via celular ou scrap etc.

Se no ciberespaço nascem os militantes virtuais, descaracterizados de uma ação real como criticam alguns estudiosos, temos que considerar por outro lado, que muitos movimentos sociais - mesmo os avessos ou descrentes das potencialidades revolucionarias da Internet – expandem-se e movimentam-se hoje por um espaço ate então regulado e legislado por uma minoria: o espectro televisivo e radiofônico.

Para finalizar, ressalto a importância de que a Internet é a maior potencialidade de conexão do ´local´ com o ´global´. A qualquer hora e de qualquer lugar podemos reverberar pelo mundo sonhos que até então não cruzavam certas barreiras. Ações locais ganham peso e maior capacidade de dispersão, fazendo, como salienta Foucault (1996), com que o poder não se concentre em apenas um lugar ou em uma única fonte.

Vai-se aos poucos um tempo onde vozes eram facilmente caladas por regimes selvagens de censura. Por isso, sou otimista em crer que aos poucos a Internet irá se consolidando como espaço onde a liberdade de expressão também possa fluir em sua forma mais autêntica e legítima possível. Gianni Vatimo ( 2003) reforça a tese de que a internet pode também ser um espaço para se fortificar o envolvimento e a pertença entre sujeitos. A internet deve ser, diz ele, "uma comunicação em que seja cada vez mais intenso o sentimento de comunidade de sujeitos que nela se encontram envolvidos".

Neste tempo de Internet, muitas dúvidas nascem da mesma forma que se multiplicam os espaços de discussão, de difusão da critica e de mobilização contra tudo aquilo que oprime a condição humana. Creio também, que pouco conhecemos do muito que a internet transformou e pode transformar ... Enfim, vamos adiante, à frente, estudando, ocupando, produzindo e transmitindo ideais de vida através deste espaço que nos projeta para o mundo

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Peço desculpas


Estou gravemente enfermo. Gostaria de manifestar publicamente minhas escusas a todos que confiaram cegamente em mim. Acreditaram em meu suposto poder de multiplicar fortunas. Depositaram em minhas mãos o fruto de anos de trabalho, de economias familiares, o capital de seus empreendimentos.
Peço desculpas a quem assiste às suas economias evaporarem pelas chaminés virtuais das Bolsas de Valores, bem como àqueles que se encontram asfixiados pela inadimplência, os juros altos, a escassez de crédito, a proximidade da recessão.

Sei que nas últimas décadas extrapolei meus próprios limites. Arvorei-me em rei Midas, criei em torno de mim uma legião de devotos, como se eu tivesse poderes divinos. Meus apóstolos - os economistas neoliberais - saíram pelo mundo a apregoar que a saúde financeira dos países estaria tanto melhor quanto mais eles se ajoelhassem a meus pés

Fiz governos e opinião pública acreditarem que o meu êxito seria proporcional à minha liberdade. Desatei-me das amarras da produção e do Estado, das leis e da moralidade. Reduzi todos os valores ao cassino global das Bolsas, transformei o crédito em produto de consumo, convenci parcela significativa da humanidade de que eu seria capaz de operar o milagre de fazer brotar dinheiro do próprio dinheiro, sem o lastro de bens e serviços.

Abracei a fé de que, frente às turbulências, eu seria capaz de me auto-regular, como ocorria à natureza antes de ter seu equilíbrio afetado pela ação predatória da chamada civilização. Tornei-me onipotente, supus-me onisciente, impus-me ao planeta como onipresente. Globalizei-me.

Passei a jamais fechar os olhos. Se a Bolsa de Tóquio silenciava à noite, lá estava eu eufórico na de São Paulo; se a de Nova York encerrava em baixa, eu me recompensava com a alta de Londres. Meu pregão em Wall Street fez de sua abertura uma liturgia televisionada para todo o orbe terrestre. Transformei-me na cornucópia de cuja boca muitos acreditavam que haveria sempre de jorrar riqueza fácil, imediata, abundante.

Peço desculpas por ter enganado a tantos em tão pouco tempo; em especial aos economistas que muito se esforçaram para tentar imunizar-me das influências do Estado. Sei que, agora, suas teorias derretem como suas ações, e o estado de depressão em que vivem se compara ao dos bancos e das grandes empresas.

Peço desculpas por induzir multidões a acolher, como santificadas, as palavras de meu sumo pontífice Alan Greenspan, que ocupou a sé financeira durante dezenove anos. Admito ter ele incorrido no pecado mortal de manter os juros baixos, inferiores ao índice da inflação, por longo período. Assim, estimulou milhões de usamericanos à busca de realizarem o sonho da casa própria. Obtiveram créditos, compraram imóveis e, devido ao aumento da demanda, elevei os preços e pressionei a inflação. Para contê-la, o governo subiu os juros... e a inadimplência se multiplicou como uma peste, minando a suposta solidez do sistema bancário.

Sofri um colapso. Os paradigmas que me sustentavam foram engolidos pela imprevisibilidade do buraco negro da falta de crédito. A fonte secou. Com as sandálias da humildade nos pés, rogo ao Estado que me proteja de uma morte vergonhosa. Não posso suportar a idéia de que eu, e não uma revolução de esquerda, sou o único responsável pela progressiva estatização do sistema financeiro. Não posso imaginar-me tutelado pelos governos, como nos países socialistas. Logo agora que os Bancos Centrais, uma instituição pública, ganhavam autonomia em relação aos governos que os criaram e tomavam assento na ceia de meus cardeais, o que vejo? Desmorona toda a cantilena de que fora de mim não há salvação.

Peço desculpas antecipadas pela quebradeira que se desencadeará neste mundo globalizado. Adeus ao crédito consignado! Os juros subirão na proporção da insegurança generalizada. Fechadas as torneiras do crédito, o consumidor se armará de cautelas e as empresas padecerão a sede de capital; obrigadas a reduzir a produção, farão o mesmo com o número de trabalhadores. Países exportadores, como o Brasil, verão menos clientes do outro lado do balcão; portanto, trarão menos dinheiro para dentro de seu caixa e precisarão repensar suas políticas econômicas.

Peço desculpas aos contribuintes dos países ricos que vêem seus impostos servirem de bóia de salvamento de bancos e financeiras, fortuna que deveria ser aplicada em direitos sociais, preservação ambiental e cultura.

Eu, o mercado, peço desculpas por haver cometido tantos pecados e, agora, transferir a vocês o ônus da penitência. Sei que sou cínico, perverso, ganancioso. Só me resta suplicar para que o Estado tenha piedade de mim.

Não ouso pedir perdão a Deus, cujo lugar almejei ocupar. Suponho que, a esta hora, Ele me olha lá de cima com aquele mesmo sorriso irônico com que presenciou a derrocada da torre de Babel.

*Autor: Frei Beto

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A construção da realidade de Maio de 1968 a partir da revista O Cruzeiro


Este artigo apresenta um aprofundamento investigativo acerca da expressiva revista brasileira O Cruzeiro, pertencente aos Diários Associados de Assis Chateaubriand. Trata-se de um estudo empírico a partir dos sumários e seus respectivos conteúdos de quatro edições do mês de Maio de 1968. Este corpus ofereceu-nos subsídios importantes para sabermos como se deu à construção da realidade a partir desse meio de comunicação para os seus mais de quatro milhões de leitores em toda América latina. O contato com os originais dessa revista nos possibilitou desenvolver um contraponto. Se por um lado o cenário vivenciado pela sociedade brasileira era de agitações, protestos públicos, repressão, censura e exílio, por outro lado, a revista O Cruzeiro explicitava assuntos corriqueiros desvinculados da conjuntura nacional. Neste sentido, interessa-nos observar os aspectos político, social e cultural a partir do conceito de representação desse produto da indústria cultural.


Palavras-chave: Representação, Revista O Cruzeiro, Ditadura, Maio de 1968.

Autor: Joel Felipe Guindani
Co-autores: Cristóvão Domingos de Almeida e Lourdes Ana Pereira Silva.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A contribuição da Educomunicação na construção do sujeito autônomo


Objetivo

Identificar, através de uma revisão bibliográfica, as possibilidades de contribuição da Educomunicação na construção do sujeito autônomo, bem como provocar novos olhares e reflexões acerca dos distanciamentos e aproximações entre os campos da Educação e da Comunicação.

Metodologia

A proposta foi realizar uma aproximação entre autores como Paulo Freire, Eugênio Bucci, Ângela Schaun, Ismar de Oliveira Soares, proporcionando um diálogo entre os mesmos, tendo como horizonte os parâmetros sugeridos pelo objetivo anteriormente delimitado. Para melhor situar essa discussão, utilizou-se uma pesquisa bibliográfica envolvendo os conceitos e práticas da Educomunicação realizada pela Professora Elza Dias Pacheco, a qual nos possibilitou uma aproximação mais empírica com esse novo campo de intervenção social denominado Educomunicação.

Resultados

Verificou-se que Paulo Freire já prenunciava a necessidade de se repensar as práticas pedagógicas tendo como problemática a realidade social cada vez mais afetada pelas tecnologias da comunicação e informação.
Fica evidente que o “educar para a autonomia” é uma arte que requer alguns procedimentos pedagógicos específicos. De acordo com Freire, cabe a esta “pedagogia da autonomia” conduzir o educando através de práticas reflexivas as quais contemplem o sujeito e a complexidade de sua realidade. Como percebemos, trata-se também agora de uma realidade construída e mediada pelos processos midiáticos.
Reforça-se a impossibilidade de se continuar concebendo distanciamentos reflexivos e práticos entre os campos da Educação e da Comunicação. Como sugestão para continuidades e aprofundamentos, apresenta-se o campo da Educomunicação, sendo este também um espaço de potencialidades e de novas construções.


Palavras-chave: Sujeito autônomo, Educação, Comunicação, Cultura Midiática, Educomunicação.

VERSÃO COMPLETA EM: j.educom@gmail.com

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Mais de 900 milhões de pessoas passam fome no mundo, diz ONU


O número de pessoas com fome no mundo subiu de 850 milhões para 925 milhões em 2007, por causa da disparada dos preços dos alimentos, anunciou nesta quarta-feira em Roma o diretor da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Jacques Diouf.

"O número de pessoas subnutridas antes da alta dos preços de 2007-2008 era de 850 milhões. Este número aumentou durante 2007 em 75 milhões, alcançando os 925 milhões", declarou Diouf em audiência nas Comissões das Relações Exteriores e de Agricultura do Parlamento italiano
O índice FAO dos preços dos alimentos teve aumento de 12% em 2006 em relação ao ano anterior, de 24%, em 2007, e de 50%, durante os sete primeiros meses deste ano, acrescentou Diuf.

"É preciso investir US$ 30 bilhões por ano para duplicar a produção de alimentos e acabar com a fome", acrescentou. Diouf afirmou que "o desafio é de grandes proporções e é necessário dar de comer a 9 bilhões de pessoas em 2050".

Segundo ele, este valor é "bastante modesto" se comparado às somas desembolsadas pelos países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) em incentivo à agricultura (US$ 376 bilhões) ou aos gastos com armamento (US$ 1,2 trilhão), em 2006.

O diretor-geral da FAO reiterou que as previsões indicam que, mesmo que a produção de cereais no mundo melhore, os preços se manterão estáveis nos próximos anos e a crise dos alimentos se prolongará nos países pobres.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Gás e bala de borracha em quem reclamar.



Caiu a máscara da política no Rio Grande do Sul. A lama da corrupção espirra em partidos e políticos tradicionalmente tidos como limpos país afora: os gaúchos. Eleita com a promessa de renovar a prática de governo, agora enfraquecida, a governadora tucana Yeda Crusius, atacada até pelo vice, reage atiçando a Brigada Militar contra todo tipo de manifestação.
versão completa em: agenciachasque.com.br

sexta-feira, 11 de julho de 2008

O MST na luta pela democratização dos meios


Resumo:
O presente artigo objetiva alimentar a discussão em torno da problemática: Midiatização e MST . Faz-se primeiramente uma abordagem ampla acerca da questão da midiatização da sociedade e a relação com os Movimentos Sociais, adentrando-se assim ao campo do MST e suas práticas midiáticas. Busca-se neste sentido evidenciar que as práticas midiáticas do MST não se concentra apenas em intervir, agenciar ou em pautar o campo midiático das grandes redes de comunicação, mas sim em desenvolver instrumentos próprios de midiatização.
Palavras-chave: Midiatização; Movimentos Sociais; MST

Versão completa em:j.educom@gmail.com

domingo, 6 de julho de 2008

Extinguir o MST ou o latifúndio improdutivo?


Uma das grandes qualidades do governo Lula é não criminalizar os movimentos sociais, reprimidos no governo FHC até por tropas do Exército. Se Lula os tratasse como caso de polícia, não de política, estaria condenando o próprio passado.
Muitos se lembram das greves e manifestações operárias lideradas pelo atual presidente da República no ABC paulista: os helicópteros do Exército sobrevoando o estádio da Vila Euclides e apontando armas para a assembléia de metalúrgicos; as tropas da PM no cerco à matriz de São Bernardo do Campo, que abrigava as lideranças operárias; as viaturas do Deops prendendo dirigentes sindicais.

Eram tempos de ditadura. Hoje, recuperamos o Estado de Direito, no qual greve, manifestações e reivindicações são direitos assegurados pela Constituição Federal. Exceto no Rio Grande do Sul, onde o arbítrio ainda impera.

Em setembro de 2007, a Brigada Militar, como é conhecida a PM gaúcha, tentou impedir a marcha de três colunas de sem-terra rumo ao município de Coqueiros do Sul. Em relatório entregue ao comandante geral da BM, ao Ministério Público do RS e ao Ministério Público Federal, o subcomandante, coronel Paulo Roberto Mendes Rodrigues, caracteriza o MST e a Via Campesina como "movimentos criminosos".

Em dezembro de 2007, o Conselho Superior do Ministério Público gaúcho designou equipe de promotores para "promover ação civil pública com vistas à dissolução do MST e declaração de sua ilegalidade". Quando o Judiciário exigirá o fim do latifúndio?

Decidiu ainda pela "intervenção nas escolas do MST a fim de tomar as medidas necessárias para a readequação à legalidade, tanto no aspecto pedagógico quanto na estrutura de influência externa do MST". Essa decisão contraria o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, reconhecido pelo governo brasileiro (Decreto 592, 6/7/92), além de desrespeitar a Constituição Federal.

Em 11 de março deste ano, o Ministério Público Federal denunciou oito integrantes do MST por "integrarem agrupamentos que têm por objetivo a mudança do Estado de Direito" e acusou os acampamentos do movimento de se constituírem "Estado paralelo", apoiado pelas Farc. Tal afronta bate de frente com as conclusões do inquérito penal da Polícia Federal que investigou o MST em 2007 e concluiu inexistirem vínculos do movimento com as Farc e prática de crimes contra a segurança nacional.

O MST é um movimento legítimo, que mantém 150 mil pessoas acampadas à beira de estradas, evitando que engrossem o cinturão de favelas das cidades. E defende o direito de acesso à terra de 4 milhões de famílias que, nas últimas décadas, foram expulsas do campo pela expansão do latifúndio e do agronegócio, e pela construção de barragens e o aumento dos juros bancários.

Por princípio, o MST adota, em suas ações, o método da não-violência, como faziam Gandhi e Luther King (que, aliás, sofreram acusações semelhantes e morreram assassinados). As áreas ocupadas são improdutivas ou invadidas por grileiros que se apossaram de terras pertencentes ao poder público, como é o caso de muitas fazendas do Pontal do Paranapanema (SP).

O Brasil e a Argentina são os únicos países das três Américas que jamais fizeram reforma agrária. Nosso país é o que possui mais terras cultiváveis no continente, cerca de 600 milhões de hectares, dos quais 710,2 mil km2 (59% do território nacional) encontram-se em situação irregular, invadidos por grileiros, posseiros e latifundiários.

Hoje, o MST luta pela democratização da terra de modo a priorizar a produção de alimentos para o mercado interno (120 milhões de potenciais consumidores), por meio de pequenas e médias propriedades, e livre do controle das empresas transnacionais, garantindo soberania alimentar ao nosso país. Uma mudança sustentável da estrutura fundiária requer novo padrão tecnológico capaz de preservar o meio ambiente e implantar no interior agroindústrias na forma de cooperativas, e facilitar a todos o acesso à educação de qualidade.

Não se pode admitir que as terras do Brasil passem à propriedade de estrangeiros apenas porque têm mais dinheiro. Elas deveriam estar ao alcance das famílias beneficiárias do Bolsa Família. Assim, o governo já não precisaria se preocupar em aumentar-lhes a mesada. Mais do que comida, fogão e geladeira, essas famílias precisam ter condições de acesso à terra, de modo a se emanciparem da tutela federal e produzirem a própria renda.

Todos os direitos da cidadania - voto das mulheres, legislação trabalhista, SUS, aposentadoria - foram conquistados por movimentos sociais. E a história de todos eles, em qualquer país ou época, não difere do que hoje enfrenta o MST: incompreensões, perseguições, massacres e assassinatos (Eldorado dos Carajás, Dorothy Stang, Chico Mendes) etc. Se o preço da liberdade é a eterna vigilância, o da democracia é socializar o poder, evitando que seja privilégio de uma casta ou classe.
Frei Betto *

segunda-feira, 19 de maio de 2008

A democracia na mesa da negociata



Prezado leitor, para você que conhece um pouco da história de nosso Brasil, tem consciência que a democracia foi conquistada com derramamento de sangue... Professores, estudantes, líderes sindicais, políticos de esquerda e religiosos conscientes, foram torturados em defesa de um país mais justo e livre...
A democracia brasileira bem como da América Latina foi conquistada por meio de choques elétricos, pau-de-arara, afogamentos e muitas outras formas de violência praticada pela elite política brasileira aliada aos EUA.
Hoje quem está tirando proveito dessa democracia são grandes homens de negócio que se reúnem para fazerem os cálculos e os investimentos necessários para vencerem uma eleição. Partidos buscam financiamento para suas candidaturas junto aos donos do poder econômico de nossas cidades...
Eu já conheci pessoalmente um líder da Pastoral Operária de São Paulo que foi torturado pelo regime militar em defesa do voto democrático... Hoje ele está praticamente surdo em função da tortura...
Quando fico sabendo que empresários e políticos se reúnem numa mesa para discutirem quanto dinheiro será necessário para comprar os votos, imagino este colega sendo novamente torturado por essas pessoas... Não há diferença entre aquele regime de repressão ditatorial norte-americana e esses políticos e empresários que hoje estão calculando o custo de cada voto...
Que calculam quantas carteiras de motorista, cestas básicas, litros de combustível, sacos de cimento, contas de luz e de água serão necessários para ganharem uma eleição... No ano de 2008 nossos cidadãos não são mais torturados fisicamente, mas são violentados no seu direito, na sua dignidade... Essa negociata é uma tremenda falta de respeito aos munícipes... Esses negociadores das eleições estão tratando a população como uma grande boiada, calculando seu custo para a compra...
O mais interessante é que há uma legitimidade para a “compra do voto”... Esses negociadores afirmam que o povo é quem quer vender o voto e aí então se eximem da responsabilidade... Se aderirmos a essa lógica poderíamos nos perguntar: O que é mais fácil? Conscientizar milhares de eleitores a não venderem seu voto ou dois candidatos ao executivo a não comprarem?
O que mais me causa indignação é que, o que menos interessa a esses políticos e financiadores das campanhas, é a melhoria de suas cidades... Querem cargos, poderes para proveito próprio e de suas empresas... Com certeza pouco ou nada entendem de políticas públicas para a educação, saúde, transporte, saneamento básico... Creio também que não devem conhecer os indicadores sociais e econômicos de seus municípios, muito menos terem feito estudos e leituras voltados para a gestão pública focados para suas cidades...
Prova disso é que muitas de nossas cidades não desenvolvem nenhum projeto inovador na área social, cultural. Se desperdiçam milhões de reais que são disponibilizados pela iniciativa privada e governo federal para projetos sociais, educativos, cooperativas...
Faltam também partidos e políticos de oposição que defendam auditorias, CPI’s... Abandonam tudo quando são comprados por cargos ou dinheiro...Vereadores se elegem comprando votos, ganham um salário acima da média da maioria dos munícipes e não apresentam projetos inovadores, não conhecem as possibilidades de projetos para o benefício do município, não dedicam pelo menos um dia da semana em visitar as famílias, estimular a criação de associações de bairros...
Vamos assistir tudo isso como uma grande platéia? O que poderíamos fazer a médio prazo?
Creio que nossas instituições como igrejas e suas pastorais, escolas por meio de grêmios estudantis, centros acadêmicos das universidades, movimentos sociais organizados, precisam urgentemente tentar salvar a democracia da mão desses negociadores... Não podemos permitir que esses negociadores continuem humilhando nosso povo, continuem enriquecendo às custas da miséria e da mendicância de cestas básicas e contas de água e luz....
Podemos começar a fazer o nosso protesto em forma de lutas e de militância política... Vamos resgatar um pouco da fibra e do sangue daqueles que foram torturados em defesa da democracia...

Num próximo artigo estarei dando sugestões de organização e de luta explicando o funcionamento do Comitê 9840, um movimento nacional de várias entidades que em parceria com o Ministério Público, está lutando contra a corrupção política.

Jovem, lidere essa luta em defesa da democracia na sua cidade!


Evandro R Guindani

Professor

terça-feira, 13 de maio de 2008

Degradação Social.


Por Monica Marlise Wiggers*... Uma grande companheira de sonhos e crítica... !!!

Se formos estudar as raízes do Brasil, veremos muitos autores que defendem a idéia de que se tivéssemos sido colonizados por holandeses, a historia do país seria diferente. Pergunto-me: diferente como? Mudaria a forma de colonização, ou mudaria somente a forma de exploração? Outros ainda defendem que a corrupção e o nepotismo, práticas tão comuns na política brasileira, seriam heranças culturais, advindas da cultura dos países hispânicos, entre eles Portugal. Um terceiro grupo, ainda afirma que a apatia do povo Brasileiro também deriva da cultura lusitana. O fato é que, independente da atual situação social do país ter suas raízes na colonização e na cultura dos primeiros Europeus que aqui chegaram, a hora de mudanças já bateu em nossas portas há muito. Nossa vizinha Argentina, alvo de piadas e antipatia, é, em muitos pontos, digna de admiração. Quem nunca viu ou ouviu falar dos famosos panelaços que ocorrem nas terras de nossos hermanos? Enquanto aqui o congresso nacional parece mais uma piada (de mau gosto), enquanto a corrupção e a falta de justiça modelam a sociedade brasileira e nada, ou quase nada, é feito, na Argentina, ao menor sinal dessas práticas a população invade as ruas, organiza passeatas e se faz ouvir.
Nas nossas escolas, as crianças aprendem desde cedo sobre Revolução Industrial, Guerras Européias, Independência dos Estados Unidos, mas pouco aprendem sobre nossos próprios vizinhos, nossos parceiros de Mercosul. Não sabemos quando se tornaram independentes, as lutas pelas quais passaram, a situação de extrema pobreza e desigualdade na qual vive uma significativa parcela da sua população. Por que não mostrar as nossas crianças a situação na qual se encontram os demais países latinos? Será que está pratica tem como principio a idéia de que é perigoso saber sobre o que se passa tão perto de nós, em uma escala na qual podemos atuar? E dessa forma é menos perigoso aos Estados e ao Capital que apenas tenhamos conhecimentos do que se passa em outros continentes, onde nada podemos fazer? Quando pensamos nisso, é impossível não remetermos ao caso da menina Isabella. Ninguém nega, nem seria possível negar, que sua morte foi chocante e que os culpados devem responder por seus atos. No entanto, o espaço destinado a este caso na mídia não condiz com o atual cenário sócio – político ambiental brasileiro. Enquanto os jornais, a população, todos os meios de comunicação estavam preocupados em cobrir o caso, pouco se falou em Corrupção nas diversas escalas do Governo, em leis que estavam sendo sancionadas ou não pelo poder legislativo, na invasão dos transgênicos, no desmatamento descontrolado da Amazônia, nas mortes no trânsito, na transposição do São Francisco.
O Brasil não pode mais ficar estático, em frente à TV vendo o que a mídia escolhe, sem ação, sem reação, sem opinião. Quando os estudantes invadem reitorias, exigem que reitores deixem seus cargos, que a infra-estrutura das universidades seja melhorada, muitas revistas, meios de comunicação e uma grande parcela da sociedade julgam-os como baderneiros ou rebeldes sem causa. Porém, se cada um de nós tivesse um pouco da disposição, força e coragem que os estudantes possuem, em “dar a cara a tapa”, ir a luta, “fazer barulho” e exigir um pouco de justiça, “ordem e progresso”, não estaríamos vivendo uma total degradação dos valores sociais. Enquanto não estivermos dispostos a lutar por um país mais junto não haverá solução para os complexos problemas que assolam profundamente o Brasil. Enquanto preferirmos assistir á um programa de “reality show” para eliminarmos algum participante, ao invés de assistirmos ao horário eleitoral para escolhermos nossos governantes, será a sociedade que continuará a ser eliminada do acesso aos seus direitos básicos: saúde, educação e lazer. Pois estes são direitos que se transformaram em privilégios de alguns. Afinal, quando os jornais anunciam o aumento da expectativa de vida dos brasileiros, pergunto-me: de quais brasileiros? Dos que vivem nas favelas, dos que moram no sertão nordestino, nas periferias das grandes capitais? Realmente, acho que não. Vida com dignidade, e dignidade para todos. É por isso que devemos lutar.

* Monica Marlise Wiggers é acadêmica do Curso de Geografia da Universidade Federal de Santa Maria.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Algumas provocações à você !!!! ..



Quais as conseqüências de um ´mundo sem fronteiras´ possibilitado pelas tecnologias?

Quanto mais temos, menos sabemos o que temos...?

Quanto mais temos em informação ‘passageira’ menos temos em conhecimento seguro?

Quanto mais caminhos se apresentam, mais difícil fica dar o primeiro passo?

Por que será que nossa limitação humana, nossa existência real não possibilita um ‘iniciar por todos os caminhos´ ao mesmo tempo?

Está certo o provérbio chinês o qual afirma que: “maior é a angustia daquele que vê a morte chegando e acumula celeiros de arroz sendo que não consegue comer mais de uma colher a cada vez?

Noutros tempos, quando o nosso agir limitava-se as possibilidades de um mundo mais delimitado e menos expansivo, as concepções de liberdade também eram de certa forma menos ambiciosas e por isso, mais saciáveis e menos complicadas?

Sendo assim, a nossa ânsia por liberdade voa de acordo com as possibilidades de sua realização?

Sonha-se assim até aonde os olhos podem visualizar enchergar, mesmo estando eles fechados?

Com o advento das tecnologias que estendem a nossa percepção, nossa visão e conhecimento do mundo, a vontade de agir livremente expande-se?

Estaríamos aparelhados, rodeados por dispositivos que possibilitam ampliar a nossa visão de mundo, mudando assim a rota até mesmo dos nossos desejos mais íntimos e privados?

Adentramos numa era onde a liberdade humana caminha de acordo com os dispositivos que orientam e amplificam a nossa visão e conhecimento do mundo?

Dispomos de alguma espécie de controle, como a inteligência, razão e a intuição, menos influenciados ou condicionados por um ambiente já midiatizado?

Como refletir fora desta ‘ambiência midiatizada’ a qual nos acolheu e dentro dela iniciamos o nosso processo de desenvolvimento dos poderes de controle? (razão, inteligência e a intuição)...

Dentro destas instâncias, encontra-se alguma vontade humana de transcendência, de lançar-se para o além de qualquer esfera de controle ou de dogmatização?

Como desenvolver essa capacidade humana para além desta ambiência midiatizada a qual nos desenvolvemos e nos encontramos neste momento?

Quais as suas reflexões sobre tudo isso ???????????

Colaborações via j.educom@gmail.com

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Um bate papo com Frei Beto...Como vai a nossa realidade?


Assim iniciou a conversa: Para onde caminha a humanidade?

Esta indagação não pode ser respondida sem termos como central os meios de comunicação, em especial aqui a TV, seus conteúdos, produção e recepção. Mesmo sendo desgastante aos ouvidos, falar do conteúdo é sobrepor à utilidade instrumental e tecnológica deste meio.
Sem muito quebra cabeça adentramos ao popular conteúdo: Big Brother Brasil 8. Um programa especial, onde o faturamento diário ultrapassava facilmente os R$ 8 Milhões. O fenômeno parece ser de outro mundo; é fantástica a façanha de se conseguir tamanha quantia de dinheiro em tão pouco tempo; mobilizando mais de 72 milhões de ligações em uma única noite.
Segundo Frei Beto, “este meio nos toca através dos cinco sentidos”; tudo acrescenta à nossa busca por entretenimento, menos à nossa cultura e à nossa espiritualidade. “a cultura toca o interior, mas não dá ibope. Experimente veicular na mesma hora um recital de poesias para ver aonde vai a audiência”, diz ele.
O entretenimento compensa as nossas carências, ameniza o vazio que no pega após a sacies de um prato fino, após os momentos de adoração das materialidades ou de uma noite de prazer sem compromissos. Para não se embebedar, estes conteúdos compensam o esquecimento necessário, proporciona risos, a alienação do real, da solidão.
Abaixo dessa questão, encontra-se o pano de fundo. Vivemos atualmente uma mudança de época que foi vivenciada somente há 500 anos, introduzidas pelas idéias de Copérnico, Newton e Descartes.
De acordo com Frei Beto, a “aste” central que segura a lona do circo está fragilizada. Esta “aste” central seria o nosso paradigma, onde até então,manifestava-se através do poder da razão e da ciência, tentando responder e resolver todas as inquietações e necessidades humanas.
Estaríamos hoje na outra ponta da modernidade; de uma nova ruptura com este paradigma que fracassou, concentrando poder e conduzindo 75% da população abaixo da linha da pobreza. Somente para os 25% da população, os advindos da “loteria biológica”, este sistema deu certo.
Porém como enfatiza Viser em seu livro, mídia e movimentos sociais, “não sabemos se o paradigma desta nova sociedade (da informação, do conhecimento, da comunicação) promoverá mais desigualdade e mais concentração de poder, ou se alcançara distribuir mais equitativamente os recursos que asseguram um acesso mais igualitário a melhores condições de vida compartilhadas por toda a sociedade”.
Após 500 anos, segundo Frei Beto, adentramos na Pós-Modernidade. Seguindo o curso histórico, partindo da Fé para a Razão, olhamos e sentimos o mundo hoje através do Mercado: fora do mercado não há vida, não há salvação.
As nossas catedrais são os Shoppings Center’s. Vamos ao Shoppings com a roupa que antes íamos à missa. No interior dos shoppings não há violência, cheiro de esgoto; tudo é plasticamente perfeito e agradável ao espírito que ainda clama por beleza.
O paradigma do mercado atravessa a nossa existência. Os campos sociais sentem-se à deriva das águas deste paradigma.
O jornalismo e a informação tornam-se moeda de troca, meios e fins para o mercado. O caso Isabela tornasse um conteúdo bem produzido, um show capaz de aumentar o prazer de se “ver TV”, e por esta via, de se consumir o que dela sair às ordens do mercado.
Finalizando, Frei Beto falou sobre a filosofia que norteia e permeia esse novo paradigma social: o neoliberalismo; o qual busca destruir a cidadania e a comunidade nos transformando em consumidores individuais. A recompensa é a “aura” que nos reveste os bens do mercado. (qual a diferença em se chegar de ônibus ou de BWM na casa da namorada?)
Outra pretensão do mercado através de sua filosofia é a de estimular o cultivo da imagem. Como nos instigava a propaganda do guaraná Kuat,: Sede não é nada, imagem é tudo!
Parecer-se eternamente jovem é a nova ordem do sucesso e da paz consigo e com os outros. Não é a toa que atualmente as academias são mais freqüentadas que as livrarias.
Alimentando incessantemente este paradigma de pensamento, de modo correto de vida e de pensamento estão os meios de comunicação. Concentrados em “feudos midiáticos”, centralizando as decisões do que pode ou não ser verdadeiro e relevante para a realidade.
Para Frei Beto, devemos lutar por uma isonomia informativa, onde o sofrimento da maioria da população seja também notícia e tema central da discussão pública. Que as leis do mercado não tomem o espaço ou sejam mais importantes que o assassinato de nove trabalhadores, que na mesma noite eram esquecidos pelas câmeras que mergulhavam exclusivamente no “show-caso Isabela.”

terça-feira, 15 de abril de 2008

MAIS DA METADE DOS JOVENS DO PAÍS NÃO ESTUDA


Mais da metade (53,1%) dos jovens brasileiros não estuda em qualquer modalidade de ensino, segundo dados do Índice de Desenvolvimento Juvenil (IDJ) 2007, relatório que investiga a situação econômica e social da juventude brasileira.
O índice só é menor que 50% em seis Estados: Amapá (44,4%), Amazonas (49,3%), Piauí (46,9%), Sergipe (48,9%), Rio de Janeiro (45,7%) e Distrito Federal (45,9%). Além disso, ao analisar o percentual de quem estuda, verificou-se que mais de 50% não estão nas séries correspondentes às idades.



Nem estudo, nem trabalho
O relatório mostrou também que 51% dos jovens brasileiros exercem algum tipo de atividade remunerada. Destaca-se a região Sul, com 57,5% dos jovens trabalhando, especialmente Santa Catarina, onde 61,9% dos jovens estão inseridos no mercado.



Analfabetismo
Os dados mostraram também uma queda na taxa de analfabetismo (de 3,4%, em 2003, para 2,4%, em 2006), sendo que grande parte deste índice (65,4%) está no Nordeste. O relatório também mostrou que apenas 33% dos jovens tiveram acesso à Internet. Este é o terceiro relatório IDJ. Os outros foram publicados em 2003 e 2005.



Lazer, cultura e esporte

Os indicadores sobre equipamentos culturais no Brasil justificam e reforçam a preocupação com a falta de espaços de lazer e de cultura para a população jovem, em especial para aqueles em situações de pobreza. Cerca de 19% dos municípios brasileiros não têm uma biblioteca pública; cerca de 73%, não dispõem de um museu; cerca de 75%, não contam com um teatro ou casa de espetáculo, e em 83%, não existe um cinema. Predominam carências também quanto a ginásios poliesportivos, já que cerca de 35% dos municípios não contam com tal equipamento, enquanto que em 64% deles não há uma livraria. Na maioria das cidades capitais há menos de uma biblioteca para cada mil jovens. Já a situação quanto a cinemas também deixa a desejar. Em São Paulo, por exemplo, conta-se com 0,04 cinemas para cada mil jovens que aí moram.



Situação em Fraiburgo

Como está a situação da biblioteca pública em Fraiburgo? Temos Museu e qual a situação dos mesmos? Temos teatro em Fraiburgo? Os ginásios poliesportivos, quantos são em Fraiburgo? Qual a condição deles? Eles estão abertos nos finais de semana e noites, para a pratica esportiva? Quanto temos que pagar para utilizar estes espaços que foram construídos com dinheiro público? Temos cinema em Fraiburgo?



O índice

O Índice de Desenvolvimento Juvenil (IDJ) 2007, elaborado pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), usa critérios semelhantes aos utilizados pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), mas faz uma adaptação para analisar jovens na faixa etária de 15 a 24 anos.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Sobre a midiatização



A mídia, enquanto espaço de produção, mediação e da veiculação de sentido, é em muitas vezes analisada sob a ótica da instrumentalidade, da funcionalidade, de mera agenciadora ou mediadora de realidades desconexas.
Além desta aferição, é necessário ampliar a problemática da sociedade dos meios e mediações para o campo da Sociedade Midiatizada a qual não se define ou se encerra somente pela presença de meios técnicos, mas sim pela forma que passa a agir e pensar as coisas a partir de protocolos de racionalidade midiática.
Estes protocolos, orientadores da então sociedade midiática, têm seu marco fixado na sociedade industrial, perpassando pela inscrição de técnicas para uma sociedade demarcada pelo ligeiro fluxo de produção e consumo.
Sendo assim, creio eu, a midiatização ocorre quando os meios de comunicação começam a interferir com mais força na organização da sociedade e seus protagonistas: É a emergência de novas técnicas transformando os processos de vinculação social.
Contemporaneamente, a virtualizacao instaura novas formas de realização das relações humanas, fazendo com que os campos sociais extrapolem seus limites, antes assegurados pela tradição e pelos contratos sociais, ou pelas agendas definidas.
Na sociedade midiatizada, os campos sociais estão “atravessados pela ação dos meios”. Vivemos a passagem das sociedades de “campo” para as sociedades de “redes”, de fluxos e de “aglomerações momentâneas”, como afirma Baumann
A midiatização é na atualidade, uma marca indelével no tecido social. Diríamos que se trata de uma marca que adentra profundamente as tecituras da sociabilidade.
Impossível conceber a "midiatização" como um aporte externo ou simplesmente como um instrumental facilitador para as relações sociais.
A midiatização torna-se parte indissociável dos discursos e práticas sociais. Podemos afirmar que surge uma "homogeneidade", "transcruzamento" entre midiatização e todos os campos de produção de sentido.
Midiatização, além da tecnicidade, é uma forma de ser no mundo, uma ética. Um estar em "com-tato", de materializar e de espalhar para o mundo a "sensualidade individual": uma corporalidade desmaterializada.
Midiatização que entra pelo cordão umbilical de nossas relações, pela nossa externalidade embebida numa cultura das mediações do "além" corpo, face, mãos e circulo social...

sábado, 15 de março de 2008

Uma Sociabilidade quente ou fria?


Falar de sociedade, atualidade é antes de tudo fazer uma reflexão sobre as nossas formas de interação, de convivialidade.
Diríamos que essa vocação interior à sociabilidade, vem acompanhada de pressupostos externos, pré-estabelecidos, variando de acordo com o "campo" específico no qual habitamos como exalta Bordieau.
A virtualidade, meio ou suporte para a sociabilidade, não somente possibilita novas formas de interação, mas acima de tudo, molda e legitima novas práticas sociais
Não é raro, em nosso tempo, concluir que tudo está transpassado pelo código da utilidade e da praticidade. A obsolêscencia parece habitar a alma de todas as existências: Eis a força da tecnologia impregnando novos jeitos e hábitos em nossa genética social...
As formas de relação com o mundo, dão-se cada vez mais pelo plano da fugacidade... A humana vontade de sair de sí à uma sociabilidade, recria a todo o instante novas formas e meios, estes sempre acompanhados de dispositivos e plataformas pré-definidas...
A sociabilidade que antes se efetivava em espaços públicos, no calor das discussões, agora se satisfaz cada vez mais em espaços limitados, frios, individualizados, privados.
Os instrumentos de mediação, impregnados pela "nanotecnologia", pela redução da matéria em espaços cada vez menores, parecem atrofiar e limitar também as possibilidades de um abrir-se para espaços maiores, mais arejados e humanamente real.
A capacidade de transformação do sensorial em códigos imateriais, virtuais, coloca em área de risco as formas de sociabilidades mais humanas e concretas... O instantâneo "click", subjuga e deleta possibilidades práticas de contato, de emoção, e não obstante,de uma felicidade concretamente real!!! Eis o nosso desafio.. Uma boa reflexão!!!

segunda-feira, 3 de março de 2008

Juventude e cultura neoliberal


A cultura neoliberal teme o idealismo dos jovens. Todos os grandes revolucionários da história tinham menos de 30 anos de idade ao ousarem consagrar suas vidas a transformar sonhos em realidade.
São três os recursos utilizados pelo neoliberalismo para neutralizar as motivações utópicas da juventude. Primeiro, a desistorização do tempo.
Extirpar o caráter histórico do tempo, herdado dos hebreus e tão presente na mensagem de três judeus paradigmáticos à nossa cultura: Jesus, Marx e Freud. Sem o varal da história, o tempo transforma-se num movimento cíclico. A historicidade cede lugar à simultaneidade. O compromisso ao “ficar”. O projeto ao prazer imediato. Assim, perde-se a dimensão biográfica da vida, agora reduzida à esfera biológica.
O antídoto para este atentado à cultura é a participação política: no grêmio ou no diretório estudantil; nos movimentos sociais ou partidários; na luta por direitos humanos ou pela defesa do meio ambiente. Toda escola deveria ser um centro de formação política, sem partidarismo, mas tendo clareza de formar cidadãos e não consumidores.
O segundo recurso neoliberal é a redução da cultura ao mero entretenimento. Nada de programas televisivos que despertem a consciência ou imprimam densidade ao espírito.
Valem o apelo sensitivo, o jogo de imagens, o voyeurismo, a pornografia e a violência. Nada de fazer pensar e, muito menos, ter senso crítico.
Neste caso, o antídoto é a própria cultura. Acostumar crianças a lerem livros e jovens a debaterem temas da conjuntura nacional e internacional. Educar o olhar em cineclubes e sessões de vídeos, em que filmes, capítulos de novelas e clipes publicitários são analisados criticamente.
O terceiro recurso neoliberal é o consumo como fonte de valor humano. Em si, a pessoa nada vale. Mas revestida de uma mercadoria valiosa, como carro importado, mansão e grifes, passa a ter valor. Ou seja, é a mercadoria que imprime valor às pessoas e não o contrário.
Neste caso, o antídoto é a espiritualidade. Quem abre-se ao transcendente, faz a experiência de Deus, entusiasma-se no serviço ao próximo, já não busca fora de si a felicidade saboreada em seu espírito.
Prefere a solidariedade à competitividade. Vive o amor, não como dever, mas como o prazer de ser feliz por fazer os outros felizes. Um boa reflexão!

Fonte de Pesquisa: Frei Betto.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

FIDEL: Um exemplo... Uma esperança!!!


Uma das coisas que aprendi no meio científico é que é preciso ir além das aparências ou da superficialidade. Deixar um pouquinho de lado às informações que nos são despejadas por uma mídia aparelhada pelo grande mercado e que somente informa os fatos sem explicar a fundo as raízes e as razões! Mas vamos adiante...
Na história da humanidade existiram muitos grandes homens que são recordados por suas façanhas, por liderar grandes exércitos na consecução de vitórias que os enaltecem ante seus compatriotas, e como tais alcançaram fama e glória.
Fidel Castro forma parte desses líderes excepcionais. Destes que, segundo José Martí, o Herói Nacional de Cuba, são verdadeiros defensores de sua pátria, pois fizeram o que deviam fazer, isto é, "preparar um povo para defender-se e para viver com honra".
O visionário cubano estava convencido de que: "O povo necessita somente de uma força: não desconfiar de sua força.”
Também introduziu questões fundamentais, como a de que apenas uma sociedade não fundada no mercado, no egoísmo pode terminar com o analfabetismo, universalizar direitos de saúde, de educação e culturais para toda a população. Isso tudo fazendo com que um pequeno país sem grandes produtos de exportação, com baixo valor de carteira no mercado internacional, pudesse ter a projeção que teve.
Para quem nunca esteve lá, afirma Frei Beto, “Cuba deve seguir sendo o país mais solidário do mundo”, uma referência em saúde no mundo todo e o que tem mais médicos trabalhando ativamente fora do país. Isso para não falar na escola latino-americana de Medicina, que está formando as primeiras gerações de médicos pobres, provenientes inclusive do Brasil.
A sociedade cubana tem um grande espírito de solidariedade totalmente contraditório com o espírito mercantil que o capitalismo difunde pelo mundo afora e que afirma ser ditadura todo aquele sistema que não propicia um “consumir livremente”.
As dificuldades são enormes, pois vivem numa quádrupla ilha: geográfica; única nação socialista do Ocidente; órfã de sua parceria com a União Soviética; bloqueada há mais de 40 anos pelo governo dos EUA.
Mesmo assim, o país apresenta uma taxa de alfabetização de 99,8%; conta com 70.594 médicos para uma população de 11,2 milhões (1 médico para 160 habitantes); índice de mortalidade infantil de 5,3 por cada 1.000 nascidos vivos (nos EUA são 7 e, no Brasil, 27); 800 mil diplomados em 67 universidades, nas quais ingressam, por ano, 606 mil estudantes.
Hoje, Cuba mantém médicos e professores atuando em mais de 100 países, incluído o Brasil, e promove, em toda a América Latina, a Operação Milagros, para curar gratuitamente enfermidades dos olhos, e a campanha de alfabetização Yo sí puedo (Sim, eu sou capaz), com resultados que convenceram o presidente Lula a adotar o método no Brasil.
Haverá, sim, mudanças em Cuba quando cessar o bloqueio dos EUA; forem libertados os cinco cubanos presos injustamente na Flórida por lutarem contra o terrorismo; e se a base naval de Guantánamo, ora utilizada como cárcere clandestino - símbolo mundial do desrespeito aos direitos humanos e civis - de supostos terroristas for devolvida.
Não se espere, contudo, que Cuba arranque das portas de Havana dois cartazes que envergonham a nós, latino-americanos, que vivemos em ilhas de opulência cercadas de miséria por todos os lados: "A cada ano, 80 mil crianças morrem vítimas de doenças evitáveis. Nenhuma delas é cubana". "Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma é cubana". Uma boa reflexão!!!
(Fonte de pesquisa: FREI BETO)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Aos donos de nossa terra!


Vivemos num tempo onde um grupo dita o ritmo. Porém, o lastimável é que apenas uma minoria entra na dança.
O que vem acontecendo em nossas cidades é triste. A falta de sensibilidade por parte das ditas “autoridades” de nosso chão parece ser cada vez mais evidente.
Extremo é o descaso frente aos habitantes indígenas de nossas cidades. Na oportunidade, reproduzo a matéria feita pelo meu companheiro de profissão, Clemir Schimitt:
“Dona Carlota, uma índia de 89 anos é uma senhora que vive as margens da estrada de ferro, em Herval D’ Oeste. Ela está tecendo uma áspera malha de bambu que pouco a pouco vai dando forma a mais um cesto.
O que parece o descaso das autoridades e a indiferença da sociedade tornou Dona Carlota invisível, porque muitos até comentam, alguns fingem que se importam, mas poucos são os que agem diante da cena de miséria.
A quase centenária senhora está ali com seus mais de 40 familiares, a maioria crianças desde novembro do ano passado e absolutamente nada foi feito para ampará-los a não ser um esforço sobrenatural de alguns órgãos municipais para expulsá-los da cidade.
Dona Carlota é a matriarca do grupo, mas com a exceção de seus descendentes poucos sabem da importância de seus descendentes, poucos sabem da importância de sua existência, porque sua prole sempre foi tratada neste país como netos do alheio, filhos do descaso, herdeiros do absurdo.
Pobres ignorantes, não sabem os que mal tratam são os verdadeiros donos deste chão. A sociedade dita civilizada é esquisita. Na escola veste as crianças com tangas e penas, no calendário relembram o dia do índio e quando está cara a cara com eles, torce o nariz, vira o rosto. Que gente hipócrita, não é Dona Carlota!”
Acrescento: Devemos ter consciência de que a terra para o índio é espaço sagrado, lugar dos mortos, lugar dos vivos, lugar de continuar vivendo. Para eles, a terra é mais do que um espaço de sobrevivência, de produção, de comercialização, ela é a própria vida, é a simbiose entre a vida, a história e as lutas.
Da mesma forma que a terra se traduz em vida, a ausência da terra pode ser traduzida em morte. Tanto a morte física como a morte cultural.
Outro grave erro é querer enquadrar o índio dentro de nossa cultura, dentro de nosso modo de produção ou estilo de vida...
Que possamos no mínimo compreendê-los e respeitá-los como os verdadeiros donos de nosso chão. Uma boa reflexão!

*Fonte de pesquisa: Pedro Uczai. Os últimos 500 anos de resistência.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Aos políticos sem rumo!


Estimado político. Imagino quão desnorteado deve estar o seu coração...
Angustiado está o coração daquele candidato que nunca se preocupou com o chão onde pisa os seus possíveis eleitores...
Roendo unhas está o pretensioso candidato que em sua história sempre foi levado ao poder por meio do voto comprado, pela posição financeira ou social ou ainda pelas promessas engavetadas.
Parte desta realidade é o estado de indiferença daquele eleitor que se preocupa exclusivamente com a sobrevivência hedonista, com a satisfação dos prazeres pessoais, minimizando a importância de sua participação em atividades e assuntos coletivos e políticos...
Nesta lógica, a consciência crítica popular se enfraquece e permanece debilitada frente às poucas opções ou mediante as fortes amarras da esperta politicagem.
A inércia da maioria do povo parece amortecer até mesmo o tino, a intuição dos nossos políticos de plantão. Ficam eles perdidos ‘que nem gato em dia de mudança’...
Sem um sinal de fumaça por parte do povo, estes políticos ficam desnorteados, logo encomendam pesquisas para saberem em qual dos ventos vai à voz popular...
Neste ínterim, nas padarias, salões de beleza e botecos, edificam-se as mais variadas teorias e conspirações políticas... Mas todas essas vozes não passam de meras opiniões ou superficialidades do já tido, ou, esperado.
Enquanto isso, onde tudo é visto e medido pela ótica da compra e venda, os políticos começam a passar por períodos de metamorfose... É agora o momento de fantasiar possibilidades, de imaginar e conjecturar a nova mercadoria que estará nas gôndolas do Super Pleito 2008.
Quando a opinião popular é ainda desmedida, fraca e desconfiada, a mídia entra com o seu aparelhamento. Nomes são evidenciados em programas e debates, os quais também especulam para o seu lucro. Sorte maior se o possível candidato for um bem dotado empresário. O patrocínio é certeiro!
Alguns destes possíveis candidatos buscam nesta época reforçar laços de confiança e amizade com a poderosa mídia. Jantares e cervejadas servem de pressupostos para que ao menos sejam bem falados e menos criticados pelos tais comunicadores.
Por enquanto, para estes possíveis candidatos, tudo é cogitação. Quando questionados, o discurso permanece frouxo e imprevisível. Poucos deles fazem apontamentos significativos, porque até mesmo o inimigo pode ser o seu mais novo aliado... Uma boa reflexão!!!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

E lá se foi o carnaval... E agora meu povo?


Amigo leitor, amiga leitora!

Não podemos nos ater a simples interpretações dessa milenar e plural cultura que é o carnaval...
Há aqueles que dizem ser o mal de nosso tempo. A desgraça que vai do pecado aos olhos de Deus à imoralidade de uma cultura endógena e conservadora...
Percebi isso enquanto tomava um café em uma padaria e ouvia duas senhoras de meia idade opinando sobre o carnaval, diziam elas: - “Perda de tempo, gastos infindáveis, aparências que se evaporam em duas noites de luzes e brilhos sem sentido”. E assim, prolongaram-se as ranzinzas em torno deste fenômeno...
Por outro lado, em tempos de desgraça e desalento à maioria dos marginalizados de nossas cidades, o carnaval torna-se o lugar de transcender, sair de si, vibrar, enlouquecer, ir além...
Buscar na outra margem um momento de libertação da amarga realidade que é o cotidiano.
O povo esquecido tem a oportunidade de ir ao centro de cabeça erguida... Atinge, por um pouco mais de 20 minutos, a centralidade da existência, tenta ser reconhecido...
É o rei, é a rainha, exclamando aos olhares que o rodeiam... “Olhem, eu existo, posso ser o centro e a causa de sua atenção, de seu interesse...”.
Felicidade aos poucos que se vêem simbolicamente revestidos por ouro e prata...
Roupas maravilhosas são colocadas sobre corpos que nos demais dias do ano apenas de forma comum ou fora dos padrões podem se vestir...
O Carnaval é um aproximador de águas que nos demais dias do ano percorrem por abismos distantes: Nas escolas, ricos e pobres costuram na mesma mesa, riem debaixo do mesmo barracão, valorizam-se por inteiro, de dentro para fora...
E se a escola for a campeã, o abraço se efetiva com mesma intensidade, peito a peito... Eis a maravilha do carnaval!
Na era medieval, em tempo de carnaval, armavam-se grandes mesas para senhores e escravos comerem e festejarem a vontade, sem distinções. E os escravos tinham direito de dizer verdades sobre seus donos, ridicularizá-los, fazer o que quisessem.
Como percebemos, até mesmo a idade média, com a rígida tutela religiosa sobre a vida social, a qual não poderia trazer acréscimos significativos ao carnaval, não conseguiu extinguir esses festejos, que continuaram existindo como um contraponto à monótona existência dos feudos.
Nesta lógica, percebe-se que o carnaval é também expressão da força popular. Não há sistema que consiga enquadrá-la ou extingui-la.
Temos, por outro lado, que analisar este fenômeno sob o chão em que pisamos...Bem sabemos que tudo o que nos move são as relações de produção, consumo e lucro...
O carnaval, analisado sob esta ótica, não passa de um simples fenômeno propício ao bolso de alguns... Uma “industria cultural” como nos diz os pensadores críticos de Frankfurt...
Nada escapa ao viés do lucro, da promoção comercial... Prova disso foram alguns carros alegóricos explicitando marcas de empresas privadas... Contradição para o carnaval que antes de tudo é expressão do público, do popular...
Mas... Felizes os comerciantes e grandes empresários que lucram ainda mais neste tempo... Infeliz deste “povo/cultura" que em mais uma vez rende-se a essa vergonha...
Carnaval: festa para os olhos e coração de quem assiste; momento de vida, êxtase e esquecimento para quem samba na avenida...
Carnaval: Oportunidade para a denúncia, politização, conscientização e inclusão. Nestes quesitos, Parabéns Dragões e Vale Samba!
Enfim, lá se foi a festa da carne.. Em algumas escolas as portas se fecham até as vésperas da próxima correria comercial e estética...
E agora meu povo? O carnaval deve ser o canal para libertação e não o ópio da alienação...
É hora de invadir os barracões, fazer deste espaço um meio de libertação não somente da carne, mas acima de tudo de consciências e de uma realidade que não se apresenta tão festiva assim nos demais dias que virão por aí...
Ao poder púbico, esperamos que olhem com o mesmo alento para os demais fenômenos de nossas cidades: Saúde, educação, moradia etc... É através destes eventos que a vida efetivamente acontece...

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Aos políticos e eleitores: "Deus é brasileiro?"


Será mesmo que Deus é brasileiro? Quanto às nossas condições ambientais, estou convencido de que Ele, ainda que não seja brasileiro, sem dúvida privilegiou o nosso país: temos dimensões continentais e nenhuma catástrofe natural, como terremoto, furacão, ciclone, tornado, tufão, vulcão, deserto, geleira. A Amazônia ocupa 2/3 de nosso país e conserva 12% da água potável disponível no planeta, sem contar o vasto potencial do Aqüífero Guarani, ainda inexplorado no centro-sul do país. Produzimos todo tipo de alimentos e temos uma área cultivável de 600 milhões de hectares.

Se o Brasil não é o Jardim do Éden a culpa não é de Deus, é dos políticos que elegemos e de nossa inércia diante do estrago que produzem, atuando em favor, não do povo, mas de seus interesses corporativos. Nossa abundante riqueza é injustamente distribuída. Saúde aqui é privilégio de quem dispõe de plano privado; a educação pública está sucateada; jamais conhecemos a reforma agrária; nossas cidades estufam-se de favelas; a desigualdade social é gritante; a violência urbana provoca mais vítimas por ano que a guerra dos EUA ao Iraque.

Deus não pode ser culpado por nada disso. A culpa é de governos que prometem mudanças e, uma vez empossados, deixam tudo como dantes no quartel de Abrantes, restritos a políticas públicas eleitoreiras, incapazes de atacar as causas que promovem tamanhos desníveis sociais. Mudam-se governos, perenizam-se as estruturas injustas.

Deus não tem nacionalidade nem religião, mas tem rosto. Está no capitulo 25 do evangelho de Mateus, versículos 31 a 46: "tive fome e vocês me deram de comer etc." Quem vê o faminto, o desamparado, o enfermo, o migrante, enfim, o excluído, vê Deus. É neles que Deus quer ser visto, servido e cultuado.

Nesse sentido, Deus pode ser visto e servido em qualquer lugar do Brasil, pois toda parte está repleta de gente com fome, desamparada, enferma etc. Deus não é brasileiro, mas esse contingente enorme de excluídos - cerca de 12 milhões de pessoas - é a mais singular imagem e semelhança de Deus, e neles Ele quer ser amado.

Resta saber se estamos dispostos a reconhecer a presença de Deus, não apenas nos benefícios naturais, como poços de petróleo; mas; sobretudo; na face daqueles que, neste país, não escolheram nascer e viver como miseráveis e pobres, desprovidos de condições mínimas de acesso aos bens que asseguram ao ser humano dignidade e felicidade. Na loteria biológica, eles tiveram o azar de engrossar os 2/3 da humanidade que, segundo a ONU, vivem abaixo da linha da pobreza ou, em termos financeiros, com renda mensal inferior a US$ 60.

Se nenhum de nós escolheu a família e a classe social em que nasceu, a loteria biológica é injusta e pesa sobre os premiados uma dívida social. Resta-nos assumi-la para que Deus seja de fato brasileiro: quando todos, enfim, tiverem direito ao "pão nosso" e, assim, proclamarem sem mentira que ele é "Pai/Mãe nosso".

Fonte de pesquisa:adital.org.br/Freibeto

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

AOS 24 ANOS, MST SEGUE NA LUTA


No final da década de 70, a propagação das lutas populares pela abertura política no país, numa conjuntura marcada pelo desemprego no campo e nas cidades, estimulou a retomada das organizações de luta pela terra, na linha de continuidade do legado deixado pelas Ligas Camponesas. É nesse contexto que, entre os dias 20 e 24 de janeiro de 1984, nas dependências do Seminário Diocesano, em Cascavel, Paraná, ocorreu o 1º Encontro Nacional dos Sem Terra.

O Encontro reuniu trabalhadores rurais de 12 estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Bahia, Pará, Goiás, Rondônia, Acre e Roraima, além de representantes da Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária), da CUT (Central Única dos Trabalhadores), do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e da Pastoral Operária de São Paulo.

A participação destas entidades representou a união de intelectuais, operários, indígenas e trabalhadores rurais em torno de um movimento em defesa dos camponeses sem terra.

Além de apresentar as principais lutas desenvolvidas pelos sem terra e as políticas dos governos locais e federal acerca da questão, os trabalhadores reafirmaram a necessidade da ocupação como uma ferramenta legítima das trabalhadoras e trabalhadores rurais.

Ao final do Encontro, foi lida a mensagem de D. José Gomes, bispo de Chapecó e presidente da CPT (Comissão Pastoral da Terra), de apoio à fundação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST.

Hoje, ao completar 24 anos, o MST entende que seu papel como movimento social é continuar organizando os pobres do campo, conscientizando-os de seus direitos e mobilizando-os para que lutem por mudanças. Nos 24 estados em que o Movimento atua, a luta não é só pela Reforma Agrária, mas pela construção de um projeto popular para o Brasil, baseado na justiça social, na soberania popular e na dignidade humana.

Abaixo, leia o poema do companheiro Pedro Francisco Bagatin, do MST em Cascavel, no Paraná.

MST 24 ANOS

Havia algumas ocupações
Em 1979, Rio Grande do Sul
Mas sem nenhumas preocupações
De se criar um Movimento
Por causa das famílias exploradas
Exploradas em seus trabalhos
Expulsas de suas terras
Por usinas hidrelétricas
O povo não queria ir morar na cidade
Até que em janeiro de 1984
Cascavel Paraná
Partindo da necessidade
Lutando por justiça e pela terra
Surgiu o MST
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Inicia uma luta pra valer
Durante seus vinte e quatro anos
Tivemos várias conquistas
Foram escolas e assentamentos...
Vários cursos
Resgatemos uma parte de nossa cultura
Uma parte de nossa história
O MST trouxe esperança
Auto-estima para as famílias
Perdemos companheiros
Mas que serviu como força
Para seguirmos em nossa caminhada
Lutando pela terra
Por Reforma Agrária
E pela transformação social
Estamos resgatando A Educação do Campo
É a Pedagogia da Terra
Debatendo com as famílias sem terra
A diferença entre o campo e cidade
Temos nossa própria Escola
É a Itinerante
Mostrando a verdadeira história
Ensinando a partir da realidade
Falta unir o campo e cidade
Se queremos transformar
Unindo forças
Para não ter perigo
O nosso inimigo
Vamos derrubar.