sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A Infidelidade Partidária: Para onde vai o nosso voto?


Amigo leitor e Amiga leitora!
É difícil falar de “fidelidade” quando a fruta do (a) vizinho (a) aparenta ser mais atraente e apetitosa. Mesmo a Eva do paraíso Bíblico não se conteve. Assim nos relata o Livro do Gênesis em seu terceiro capítulo: “Então a mulher viu que a árvore tentava o apetite, era uma delícia para os olhos e desejável... Não resistiu, pegou o fruto e o comeu”. Assim também fez o Adão.
A nossa reflexão de hoje aborda o termo “(in)fidelidade”, o qual transpassa o campo sensual, dos sentidos, ou das férteis imaginações que nos possibilitam as “instáveis” relações conjugais da dita “Pós-Modernidade”*.
O que enfatizo aqui é algo mais misterioso, complexo e atualíssimo. Pois é gente! Mais uma vez adentro ao campo da política. E se falar de política é um pouco complicado, imaginem então dissertar sobre “Fidelidade Político-Partidária”!
Como nos orienta o espírito cientifico, primeiramente, observemos as raízes. É abaixo da superficialidade que se encontram as verdades e explicações.
Podemos então começar questionando: Por que os políticos mudam tanto assim de partido? Ou melhor: O que há de tão motivador e sedutor para repentinas e sucessivas trocas partidárias?
Nietzsche, Filósofo alemão, nos dá algumas explicações. Segundo ele, o termo “fidelidade” expressa “a impossibilidade de o indivíduo vivenciar novas experiências; sendo que os desejos para o novo e o desconhecido geram possibilidades de “maior poder”.
Ainda no campo da Filosofia, outro pensador nos ajuda a concluir que esses “infiéis partidários” sofrem de certo grau de amnésia, pois segundo Montaigne: “a fidelidade é virtude da memória, assim a infidelidade é sua falta, ou seja, o esquecimento”.
Esquecimento do que? Digamos que “de tudo”, das promessas feitas e de que um partido político é antes de mais nada a expressão de um ideal coletivo e jamais um degrau para a ascensão individual.
Enfim, a grosso modo, a questão do "troca-troca partidário" é uma artimanha utilizada pelos políticos (os eleitos e pelos que dependem da política) para se "acomodarem” a um partido em que possam tirar um maior proveito pessoal, independentemente de manter a fidelidade à legenda pela qual foi eleito.
Nesta época, os “políticos ciganos” (os eleitos e os grandes nomes da política) ficam na superficialidade, encima do muro, aguardando as pesquisas para fazerem o serviço ou então desocuparem a moita. É engraçado quando alguns destes “políticos nômades” são questionados sobre possíveis candidaturas ou coligações: Ninguém dá certeza de nada, o pulso e o discurso amolecem, “quase” nada se firma, a identidade, se é que existia, se esvazia!
Segundo Cremonese*, cientista político, a infidelidade partidária tem sido uma marca da política brasileira desde o período da dita “democratização”. No entanto, esta "naturalidade" do "troca-troca" tem causado prejuízos às instituições políticas, sendo a principal causa do descrédito dos políticos frente à opinião pública.
Em meio á este jogo do “vai-e-vem partidário”, permanece o nosso voto, meio sujo por ficar sempre na parte de baixo do “puleiro das negociações”. Negociações que em muitas vezes não ultrapassam o umbigo de uma minoria que mama e engorda às nossas custas.
Sejamos eleitores críticos, exigindo um sistema político realmente público, participativo e mais transparente, que realmente atenda às nossas ansiedades e preocupações. Boa reflexão!

Fontes:

*http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang&cod=30032;

*MAFFESOLI, Michel: A Transfiguração do Político: A Tribalização do Mundo. 3ª Ed. Porto Alegre: Sulina, 2005.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

O caso Fernando Coelho: Politicagem, Política e Esperanças!


Amigo (a) Leitor (a). De início, quero esclarecer que este espaço é um meio utilizado para se evidenciar o “óbvio que passa despercebido”. Também anseio aqui, denunciar ações injustas de nosso cotidiano, centrando a mira nos abusos causados pela força do “caciquismo político-ideológico”* de nossa terra.
Pois bem! Um dos casos que venho analisando é a conjuntura política e judicial pela qual o Prefeito Fernando Coelho (Erval Velho) está submetido: Preso há mais de quatro meses, em “suposta preventiva”, somente para não atrapalhar as "supostas" investigações de "supostas" irregularidades inferidas contra sua pessoa. Parece-me que vivemos em tempos em que as suposições e hipóteses prevalecem sobre as verdades.
Antes de entrar em algumas especificidades do caso, gostaria de refletir sobre os fundamentos que legitimam esse lamentável acontecimento.
Bem sabemos que a prisão do Fernando é nada mais do que “embrulhos” de uma dita “justiça” e de embolações políticas históricas. Percebo também, uma esperta artimanha sendo utilizada pela acusação: a “misteriosa” morosidade judicial servindo de bode expiatório e como base para legitimar a sua cassação (Prefeito Fernando).
Como diz o meu vizinho - “Isso é primeiro um caso de política e não de polícia”. Pura verdade! O Prefeito Fernando é vítima de um esquema político, de uma política que deveria morrer antes mesmo do próximo nascer do sol. Bem nos alertou Dom Pedro Casaldáliga em uma de suas cartas: “Essa política deve morrer. Já é mundialmente uma política morta para a sociedade que quer viver humanamente e construir um futuro autenticamente democrático, humanizador, participativo, sem essas desigualdades e injustiças que clamam ao Céu”.*
Esse tipo de política, popularmente conhecida como “politicagem”, já encontra repouso há muito tempo em nossas redondezas. É sob seu discurso pseudo-democrático e sempre engravatado que se sustentam infindáveis negociações e favorecimentos, porém sempre em mão única, em benefício dos mesmo que amarelam e amam o lado lucrativo do poder.
Este sistema Político-Judicial, que posterga a liberdade do Prefeito Fernando, é há muito tempo um grande e bom negócio, uma forma de recurso utilizado para suceder sempre os mesmos no poder, abertamente em nome de poucos, sempre distante do povo; é a política que possibilita e consagra o ditado eleitoreiro: “uma mão lava a outra”.
Porém, amigo leitor, amiga leitora; existe outra política, a qual se faz necessária, pois todos nós somos políticos por natureza. Somos seres de relações, não estamos isolados, fazemos parte de uma organização, de um processo político-organizativo chamado sociedade. A verdadeira política, a qual estamos inseridos, é mais que uma dimensão partidária ou de poder, ela abrange e estrutura todas as dimensões da vida social, desde o preço do feijão até as esferas econômicas mais complexas.
Neste sentido, temos sim que nos envolver e fazer política, não a “politicagem”, a coisa suja, ganha no tapete. Mas não desanimemos, pois algumas pessoas nos indicam formas de se fazer a política limpa de fato:
Nos últimos dias, mais de “1600 cidadãos” de Erval Velho se organizam e assinam seus nomes e sobrenomes em um “abaixo assinando”, evidenciando assim, a superioridade popular frente ao insignificante número dos processantes ou acusadores: apenas 02 (dois). Uma boa diferença hein!
Eis aí, expresso no “abaixo assinado”, noções de uma verdadeira política, a que nasce dos desejos e da necessidade da maioria; Esta sim é uma prática política necessária, humana e social, que brota do sonho por justiça em favor da verdade.
Que este povo continue caminhando, nos dando o exemplo e construindo novas formas de esperanças em favor da vida.

Fontes de pesquisa:

Adital*. Dom Pedro Casaldáliga. Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia (MT) e um dos mais importantes militantes brasileiros pelos direitos humanos

SODRÉ, Muniz. Antropológica do Espelho: Uma teoria da Comunicação linear e em Rede. Rio de Janeiro. Cortez. Petrópolis, Rio de Janeiro, 2005