quarta-feira, 19 de março de 2008

Sobre a midiatização



A mídia, enquanto espaço de produção, mediação e da veiculação de sentido, é em muitas vezes analisada sob a ótica da instrumentalidade, da funcionalidade, de mera agenciadora ou mediadora de realidades desconexas.
Além desta aferição, é necessário ampliar a problemática da sociedade dos meios e mediações para o campo da Sociedade Midiatizada a qual não se define ou se encerra somente pela presença de meios técnicos, mas sim pela forma que passa a agir e pensar as coisas a partir de protocolos de racionalidade midiática.
Estes protocolos, orientadores da então sociedade midiática, têm seu marco fixado na sociedade industrial, perpassando pela inscrição de técnicas para uma sociedade demarcada pelo ligeiro fluxo de produção e consumo.
Sendo assim, creio eu, a midiatização ocorre quando os meios de comunicação começam a interferir com mais força na organização da sociedade e seus protagonistas: É a emergência de novas técnicas transformando os processos de vinculação social.
Contemporaneamente, a virtualizacao instaura novas formas de realização das relações humanas, fazendo com que os campos sociais extrapolem seus limites, antes assegurados pela tradição e pelos contratos sociais, ou pelas agendas definidas.
Na sociedade midiatizada, os campos sociais estão “atravessados pela ação dos meios”. Vivemos a passagem das sociedades de “campo” para as sociedades de “redes”, de fluxos e de “aglomerações momentâneas”, como afirma Baumann
A midiatização é na atualidade, uma marca indelével no tecido social. Diríamos que se trata de uma marca que adentra profundamente as tecituras da sociabilidade.
Impossível conceber a "midiatização" como um aporte externo ou simplesmente como um instrumental facilitador para as relações sociais.
A midiatização torna-se parte indissociável dos discursos e práticas sociais. Podemos afirmar que surge uma "homogeneidade", "transcruzamento" entre midiatização e todos os campos de produção de sentido.
Midiatização, além da tecnicidade, é uma forma de ser no mundo, uma ética. Um estar em "com-tato", de materializar e de espalhar para o mundo a "sensualidade individual": uma corporalidade desmaterializada.
Midiatização que entra pelo cordão umbilical de nossas relações, pela nossa externalidade embebida numa cultura das mediações do "além" corpo, face, mãos e circulo social...