sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Deus-Amor ou Deus-petróleo?


Amigo leitor, amiga leitora...

Com o passar do tempo o ser humano foi redimensionando os conceitos e a face desse Mistério que em muitas tradições é chamado de YHWH, Abdallah, Alá, Jeová, Devas etc. etc.
Sei que em sua mente configura-se alguma imagem ou conceito sobre Ele.
Eu, quando criança, tinha por certo que Deus era um velho barbudo e que em uma mão carregava os dez mandamentos e em outra uma lista enorme com os meus piores pecados.
Creio que isso, deva-se também ao que Durkheim* afirmou: “os fiéis, quando nascem, encontram já feitas as crenças e práticas de sua vida religiosa”
Mas com o passar do tempo, entre encontros e desencontros, fui restabelecendo uma relação amiga e mais próxima com o então Velho Barbudo, isto devido o meu contato com as pastorais e movimentos sociais, junto ao povo sofrido, tendo o desejo e certeza de que é ali que ele se encontra vivo e de braços abertos.
Enfim, não quero ater-me às questões de imagem ou imaginação, pois são insignificantes perante a grandiosidade do Mistério!
Porém, é certo que o conceito de Deus também é fruto de cada tempo, cultura, enfim, está interligado à natureza e ao mutismo das relações humanas...
Por mais que os enviados por Deus, como Jesus, Maomé, Buda e tantos outros, tenham deixado explicito que “Deus é amor”, na prática de hoje não é o que observamos.
Como diz uma música do Movimento Sem Terra (MST): “Eu não consigo entender, Achar a clara razão... De quem só vive pra ter... E ainda se diz um bom Cristão!”
E se não bastasse, devido à descoberta de novas fontes de petróleo em nosso território, uma nova concepção de Deus se aflorou, ou melhor, somente legitimou o que já se definia nas discussões da sociologia pós-moderna.
Uma reportagem publicada na revista britânica The Economist comenta a descoberta do campo de petróleo de Tupi, num país já farto em recursos naturais, afirmando, com ironia, que por este motivo "Deus pode mesmo ser brasileiro".
A cultura dos tempos atuais delineia as novas faces do Deus.
O sistema capitalista, tão defendido pelos políticos da direita como o PSDB, DEM, PP e por seus parceiros neoliberais, quer e afirma que o nosso Deus deve ser sim o Deus-negócio, Deus-lucro, Deus-petróleo. Ou seja, o fim último do ser humano é o lucro, o consumo.
A transcendência só acontece por esta via. Basta acompanhar as resoluções conservadoras destes políticos em nossa história e na atualidade: Abriram as porteiras para as grandes empresas de desejos e do mundo do prazer material.
Ainda diz a reportagem: “existe até o dito popular de que Deus é brasileiro e agora, parece que há bilhões deles a mais do que se pensava, agora sob as águas profundas da costa brasileira".
Se este juízo sobre Deus pode ser considerado verdadeiro, o que será das regiões que não possuem este Deus?
Por fim, creio que também temos uma parcela de culpa: quantas vezes divinizamos algo material em detrimento do humano e do amor ao próximo?
Em nossa cidade, são muitos os indivíduos que desfilam em seus carros de luxo, queimando o deus-petróleo, desviando dinheiro público, virando a cara para o Deus-Amor que certamente habita no sofrimento dos mais necessitados e excluídos deste chão! Boa reflexão!!!

*Fonte de Pesquisa: E. Durkheim, As regras do método sociológico, p. 2

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Fazer... Fazer e Fazer...Para isso que você vive?


Amigo leitor, amiga leitora

O nosso papo de hoje é curto, porém muito importante. Não vai tomar mais que 5 minutos de seu tempo. Prometo!
Se o que vou dizer fizer sentido, ficarei muito agradecido e feliz. Se não fizer sentido, é só esquecê-lo, ou melhor, mande-me um e-mail falando o que quiser.
Neste momento estamos girando com o universo. Eu, há mais de duas décadas, sou uma pluma neste redemoinho da existência.... Até quando não sei, mas por enquanto aqui estou... Ou melhor, aqui “estamos”.
Há poucos dias, recebi de meu irmão um e-mail interessante... Muito refleti sobre isso. Pois bem:
Certa hora, “começamos a questionar o valor de estarmos e vivermos aqui pelo simples fato de acordarmos da rotina e percebermos que estamos aqui unicamente para “fazer”... “fazer”... “fazer” e fazer....
E que este “fazer” não tem um sentido, a não ser esvair-se nele mesmo! Um “fazer”, em muitas vezes, “vazio”...
Somos pressionados com prazos, com metas para “fazer” sem limites. E vemos que o limite está no aumento do limite da conta bancária da elite financeira do planeta... Percebo que o que nos sobra é somente as migalhas...
Perguntemos-nos: Será que o sentido do verdadeiro “fazer” não está naquilo que ainda não fizemos...? Vamos lá gente! Busquemos e lutemos pela nossa liberdade!
Coletivamente nos unamos na busca pela liberdade, pela rejeição a toda forma de pressão, de metas que tem como único objetivo concentrar a renda da elite planetária...
Isso não é besteira ou só indignação da boca pra fora; é a nossa realidade:
Um estudo recente do Observatório da Cidadania mostrou que “358” supermilionários detêm a mesma riqueza que os 46% da população mundial mais pobre, ou seja, cerca de “2,4 bilhões” de pessoas... E mais:
Nas manchetes dos jornais, lemos há poucos dias: “Lucro do Banco Itaú atinge quase R$ 4 bilhões e bate recorde histórico”.
Busquemos na cultura, na musica, na poesia, na espiritualidade o nosso ser transcendente, livre... Não busquemos esse fracasso mascarado de sucesso oferecido a nós pelo sistema capitalista que enriquece apenas 358 pessoas....
Busquemos nos irmanar nas dores do fracasso coletivo. Rejeite a idéia de que “você” pode ter sucesso!
A busca pelo sucesso individual nos leva a sermos reféns do nosso “fazer”: a nossa rotina individual, nos levará ao fracasso humano!
Repudie as receitas do mundo da imagem. Como são pobres e mesquinhas as pessoas que aceitam reduzir sua vida ao status e à imagem!
Abandone a idéia de que o Segredo está em você e passe a olhar para os lados e construir coletivamente a sociedade, o seu mundo, o seu bairro!
A concentração de renda aumenta a cada ano e continuamos iludidos com as migalhas que nos caem através dos discursos ideológicos do sucesso individual!
Fujamos da ilusão dos conceitos: empreendedorismo, criatividade, brechas do mercado, oportunidades de negócio, vestir a camisa da empresa, etc. etc.!!!! Não podemos continuar sendo um simples “fazer”... Um “fazer” sem sentido e sempre distante do nosso mais profundo desejo...
Viver em condomínios fechados, carros blindados, corações blindados; é esse o seu sonho?
Não quero essa ilusão para mim!
Este é um Relato de um estudante e trabalhador brasileiro de classe média”...