segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Sucesso em 2008!!! Mas qual Sucesso?


“Tempo de repensar nosso paradigma de ‘sucesso’”!
Quando seminarista saindo da adolescência para a juventude nas periferias e favelas de São Paulo me deparei com muitas pessoas de sucesso.
Mas como ser pessoa de sucesso e morar em uma favela?
Para conseguirmos entender isso precisamos quebrar nossas estruturas de pensamento, nossas janelas ideológicas que muitos definem como “paradigmas”. Os paradigmas podem nos conduzir, mas também podem nos cegar, deixar-nos reduzidos ao nosso ponto de vista...
Perdemos a oportunidade de vivermos com mais intensidade quando não saímos de nossos paradigmas.
Por que falo isso? Porque em fim de ano, Natal e início de um novo período sempre há um clima para avaliação do ano que passou e planos para o próximo. E nesse contexto gostaria de ressaltar que precisamos rever nosso paradigma de “sucesso”, já que o que mais desejamos aos outros e almejamos para nós se resume nesta palavra: Sucesso em 2008!!!
Há vários séculos as pessoas, principalmente no mundo ocidental, buscaram construir sua felicidade a partir da busca do sucesso. E este sucesso sempre foi compreendido como o alcance de um elevado poder de compra, uma boa conta bancária, ter possibilidade de freqüentar lugares finos, de viajar...
Esse paradigma de sucesso foi se modernizando. Hoje para ter sucesso não precisa ter, basta mostrar o que se tem, então as pessoas alienam-se no mundo da aparência, das vaidades, da moda, do consumismo.
Vão perdendo a habilidade de relacionar-se com as pessoas, principalmente com aquelas que não fazem parte da sua classe social. Vivemos um paradigma do sucesso centrado no individualismo e na superficialidade.
E aí pergunto novamente: O que é ter sucesso? Qual o sentido do sucesso?
Por isso falo de D.Lurdes, uma pessoa que conheci em uma favela de São Paulo. Ela era uma líder, organizou uma cooperativa de padaria e costura, composta por mulheres que buscavam uma renda para alimentar seus filhos.
D.Lurdes preocupava-se primeiramente com os outros e depois com ela... Só estava feliz se a sua comunidade estivesse bem. D.Lurdes viveu mais de 30 anos dando sua vida para o bem comum e para a felicidade de seus vizinhos, que considerava sua família.
D.Lurdes e as outras mulheres não se preocupavam somente consigo e por isso eram pessoas extremamente humanas e sensíveis. D.Lurdes foi para mim uma verdadeira professora de humanidade, de inteligência solidária e de compaixão.
O desapego aos bens materiais, ao mundo da aparência e da vaidade pode conduzir as pessoas ao sucesso diferente deste que conhecemos. Um sucesso centrado na ambição por valores humanos, pela compaixão, pela comunidade e pela solidariedade.
O século XXI exige, além de uma educação profissionalizante, uma aprendizagem para este sucesso que torna as pessoas mais humanas. A idéia de um sucesso humano nos deixará pessoas mais felizes, mais livres, menos reféns das aparências, das vitrines, dos carros novos, das marcas de roupas, dos modelos de celular...
O modelo de sucesso alicerçado no consumismo e na obsessiva conquista de sonhos materiais já causou sérios prejuízos ao meio ambiente, já provocou elevados índices de concentração de renda e de violências...
O sonho de viver apenas para ficar rico é muito pobre e mesquinho! Empobrece nossa rica humanidade!
Ainda neste espírito Natalino, possamos refletir melhor sobre o sentido de sermos profundamente seres de sucesso, mas acima de tudo “humanos”!
Evandro e Joel Guindani..

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Decretos de Natal... Papai Noel que se cuide!!!


Amigo leitor! Amiga leitora!
Fica decretado que, neste Natal, em vez de dar presentes, nos faremos presentes junto aos famintos, carentes e excluídos. Papai Noel será malhado como Judas e, lacradas as chaminés, abriremos corações e portas à chegada salvífica do Menino Jesus.
Por trazer a muitos mais constrangimentos que alegrias, fica decretado que o Natal não mais nos travestirá no que não somos: neste verão escaldante, arrancaremos da árvore de Natal todos os algodões de falsas neves; trocaremos nozes e castanhas por frutas tropicais; renas e trenós por carroças repletas de alimentos não perecíveis; e se algum Papai Noel sobrar por aí, que apareça de bermuda e chinelas.
Fica decretado que cartas de crianças só as endereçadas ao Menino Jesus, como a do Lucas, que escreveu convencido de que Caim e Abel não teriam brigado se dormissem em quartos separados; propôs ao Criador ninguém mais nascer nem morrer, e todos nós vivermos para sempre; e, ao ver o presépio, prometeu enviar seu agasalho ao filho desnudo de Maria e José.
Fica decretado que as crianças, em vez de brinquedos e bolas, pedirão bênçãos e graças, abrindo seus corações para destinar aos pobres todo o supérfluo que entulha armários e gavetas. A sobra de um é a necessidade de outro, e quem reparte bens partilha Deus.
Fica decretado que, pelo menos um dia, desligaremos toda a parafernália eletrônica, inclusive o telefone e, recolhidos à solidão, faremos uma viagem ao interior de nosso espírito, lá onde habita Aquele que, distinto de nós, funda a nossa verdadeira identidade. Entregues à meditação, fecharemos os olhos para ver melhor.
Fica decretado que, despidas de pudores, as famílias farão ao menos um momento de oração, lerão um texto bíblico, agradecendo ao Pai de Amor o dom da vida, as alegrias do ano que finda, e até dores que exacerbam a emoção sem que se possa entender com a razão. Finita, a vida é um rio que sabe ter o mar como destino, mas jamais quantas curvas, cachoeiras e pedras haverá de encontrar em seu percurso.
Fica decretado que arrancaremos a espada das mãos de Herodes e nenhuma criança será mais condenada ao trabalho precoce, violentada, surrada ou humilhada. Todas terão direito à ternura e à alegria, à saúde e à escola, ao pão e à paz, ao sonho e à beleza.
Fica decretado que, nos locais de trabalho, as festas de fim de ano terão o dobro de seus custos convertido em cestas básicas a famílias carentes. E será considerado grave pecado abrir uma bebida de valor superior ao salário mensal do empregado que a serve.
Como Deus não tem religião, fica decretado que nenhum fiel considerará a sua mais perfeita que a do outro, nem fará rastejar a sua língua, qual serpente venenosa, nas trilhas da injúria e da perfídia. O Menino do presépio veio para todos, indistintamente, e não há como professar o "Pai Nosso" se o pão também não for nosso, mas privilégio da minoria abastada.
Fica decretado que toda dieta se reverterá em benefício do prato vazio de quem tem fome, e que ninguém dará ao outro um presente embrulhado em bajulação ou escusas intenções. O tempo gasto em fazer laços seja muito inferior ao dedicado a dar abraços.
Fica decretado que as mesas de Natal estarão cobertas de afeto e, dispostos a renascer com o Menino, trataremos de sepultar iras e invejas, amarguras e ambições desmedidas, para que o nosso coração seja acolhedor como a manjedoura de Belém.
Fica decretado que, como os reis magos, todos daremos um voto de confiança à estrela, para que ela conduza este país a dias melhores.
Não buscaremos o nosso próprio interesse, mas o da maioria, sobretudo dos que, à semelhança de José e Maria, foram excluídos da cidade e, como uma família sem-terra, obrigados a ocupar um pasto, onde brilhou a esperança...
Um Santo e Extensivo Natal por todos os seus dias de 2008!!!!

Fonte de Pesquisa: www.adital.org.br.. Frei Beto.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Eiii! Você tem geladeira? Cuidado...!!!


Amigo leitor, amiga leitora!
Ao conversar com um cidadão de nossa redondeza, ouvi-o contar que na infância, vivida na pobreza, a fome existia, mas não completamente. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. "Quem trouxe mais fome foi a geladeira", disse.
Aí comecei a me perguntar: o que tem haver a geladeira com a fome? Mas logo ele continuou:
“O eletrodoméstico (geladeira) impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes, iogurtes, hambúrguer e outras frescuras mais. Também, antes não havia a necessidade do acúmulo e da gula. Tudo tinha de ser consumido de um dia para o outro. Isso era bom, pois o egoísmo era menor. Matava-se uma vaquinha e toda a redondeza se alegrava e se alimentava”.
Por isso, creio eu, que vivemos em tempos bem distintos. Hoje, a grande maioria possui ao menos uma geladeira em casa e junto dela, toda essa aura de insatisfação.
Este eletrodoméstico, estando em consonância com a economia de mercado, centrada no lucro e no acumulo, nos submete também ao consumo obsessivo de símbolos. Por exemplo: O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade ou necessidade. Assim, a fome a que se refere o meu amigo é inelutavelmente insaciável. É a fome que nasce dos olhos, despertada incessantemente pelas inúmeras técnicas da publicidade.
Marx já havia se dado conta do peso da geladeira e também da cultura do consumo simbólico. Ele constata que "o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em si, o ser humano não tem valor, não vale nada." E mais...: "Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência"
Sendo assim, as mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam o meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão.
Hoje em dia, não se compra uma “Calça”, compra-se um “Jeans Colcci”; não se adquire um carro, e sim um AUDI, uma BMW. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista ou a etiqueta de uma boa marca, a gata borralheira transforma-se em Cinderela.
E se somos privados desse privilégio, do consumo simbólico, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade em muitos casos o suicídio, como vem ocorrendo diariamente em famílias materialmente poderosas.
Com isso, percebemos que o capitalismo de tal modo desumaniza, já não somos apenas consumidores, somos também consumidos, somos a matéria prima; somos estuprados para o prazer de poucos que lucram à custa de nossa idiota fome pela aparência.
Não importa que a pessoa seja imbecil ou ignorante. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela: bens, cifrões, cargos etc.
Para finalizar, Frei Beto complementa-me: “Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo. Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático, respondo. Olham-me intrigados. Então explico:
Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz"... Boa Reflexão....e atenção com o essencial...cuidado com a sua geladeira!!!

Fontes de Pesquisa: *Alberto Libânio Christo (Frei Beto). *Luta de classe e luta política. Karl Marx.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Os nossos políticos: Revolucionários ou Reformistas?


O assunto de hoje é tão complicado quanto lamber o próprio cotovelo...! Mas vamos lá!
Em nossa terra, muitos políticos nascem da noite para o dia. A grande maioria na madrugada, na escuridão das negociatas.
Poucos se salvam, ou melhor, querem é sempre salvar alguma coisa através das facilidades que o poder lhes proporciona.
Depois de algum tempo de convivência e observação, percebi que muitos políticos vêem em tudo um lado "bom" e um lado "mau" e que andam por todos os caminhos... andarilhando... Por muito tempo permanecem encima do muro... Esperando o Bonde passar ou o tico-tico fazer o ninho!
Dessas atitudes, percebemos um forte clima de superficialidade nas ações de muitos executivos e legislativos... Porém, estão sempre na atividade. Um celular em cada mão, alternando o mesmo tempo com acenos e tapinhas nas costas...
Fiquei até sabendo que um político do Demo da Bahia, lançou a estudantes universitários o desafio de se fazer uma mão artificial para se cumprimentar ao mesmo tempo o maior número de pessoas... Seria um sucesso por aqui!
Amigo leitor, amiga leitora. Com isso, quero que atine sua consciência para a superficialidade existente não somente na prática, mas acima de tudo no discurso de muitos políticos...
Não estou generalizando!!! Existem aqueles de boa vontade, que ajudam um aqui e outro acolá! Porém o que ressalto, é quanto à carência de Políticos incisivos e profundos, que tenham um começo, meio e um fim....., de políticos que realmente possuam na prática uma vivência de solidariedade e de comprometimento radical pelas causas urgentes de nossa realidade... Enfim, “procura-se político revolucionário e não assistencialista”
Reforço!!! Nem todos demonstram somente a superficialidade... Porém, quando tentam revolucionar, logo são tolhidos, restando-lhes as grades e a inação. O Prefeito Fernando de Erval Novo que nos diga!
Raramente existem os comprometidos. Mas aí, quando são institucionalizados pelo poder político, a imensa vontade é reduzida ou encabrestada pelas ordens dos “tubarões engravatados” que sobem do “litoral”.
Aristóteles já afirmava que o meio tem o grande poder de moldar o indivíduo. Verdade! No meio político os moldes estão constituídos... Tudo já está secularmente edificado... Se Jesus retornasse em nossa região, ele com certeza gritaria: Políticos do Meio Oeste catarinense parem de besteira; “Ninguém costura retalho de pano novo em roupa velha; do contrário, o remendo novo puxa o tecido velho e o rasgão se torna maior ".
Por este e por tantos outros motivos, acredito que pouco se mudará por essa via, por esse sistema ou tecido dito democrático-eleitoral... Afinal a sua natureza é representativa e não participativa... Sua plataforma está ensaboada: só permanece quem aprender o rebolado.
Creio que é preciso, antes, transformar a sociedade através de conquistas vindas debaixo. Os movimentos sociais e pastorais são exemplos disso. O MST modifica a raiz do problema: a concentração de renda, gênese de todas as desgraças do passado e de nossos tempos. A Pastoral da criança além de formar, oferece subsídios concretos para a vida de milhões de crianças, independentes de serem elas partidárias ou não. Nestas estâncias, a luta é pela a vida e não pelo poder.
Pois bem! É preciso lutar por vias diferentes. É mesquinho acreditar que o Estado (Executivo e Legislativo) seja o único lugar onde reside o poder da transformação. Reafirmo: os movimentos sociais, pastorais, algumas ONGs, a esfera da arte e da cultura são fortes meios e novos modos de pensar, de sentir e de agir politicamente...
Já nos alertou a revolucionária Alemã Rosa Luxemburgo: é preciso renunciar as amarras políticas que não favoreçam as profundas transformações... “É preciso agir para revolucionar e não apenas para reformar”.
Para finalizar, cantemos com Duduca e Dalvam:.... “Mas entra ano e sai ano e o tal de fulano ainda é pior...”...
Vamos á luta como diz Frei Beto; para a Luta da humanização contra a desumanização, da solidariedade contra a alienação, da vida contra a morte. Boa reflexão!!!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Deus-Amor ou Deus-petróleo?


Amigo leitor, amiga leitora...

Com o passar do tempo o ser humano foi redimensionando os conceitos e a face desse Mistério que em muitas tradições é chamado de YHWH, Abdallah, Alá, Jeová, Devas etc. etc.
Sei que em sua mente configura-se alguma imagem ou conceito sobre Ele.
Eu, quando criança, tinha por certo que Deus era um velho barbudo e que em uma mão carregava os dez mandamentos e em outra uma lista enorme com os meus piores pecados.
Creio que isso, deva-se também ao que Durkheim* afirmou: “os fiéis, quando nascem, encontram já feitas as crenças e práticas de sua vida religiosa”
Mas com o passar do tempo, entre encontros e desencontros, fui restabelecendo uma relação amiga e mais próxima com o então Velho Barbudo, isto devido o meu contato com as pastorais e movimentos sociais, junto ao povo sofrido, tendo o desejo e certeza de que é ali que ele se encontra vivo e de braços abertos.
Enfim, não quero ater-me às questões de imagem ou imaginação, pois são insignificantes perante a grandiosidade do Mistério!
Porém, é certo que o conceito de Deus também é fruto de cada tempo, cultura, enfim, está interligado à natureza e ao mutismo das relações humanas...
Por mais que os enviados por Deus, como Jesus, Maomé, Buda e tantos outros, tenham deixado explicito que “Deus é amor”, na prática de hoje não é o que observamos.
Como diz uma música do Movimento Sem Terra (MST): “Eu não consigo entender, Achar a clara razão... De quem só vive pra ter... E ainda se diz um bom Cristão!”
E se não bastasse, devido à descoberta de novas fontes de petróleo em nosso território, uma nova concepção de Deus se aflorou, ou melhor, somente legitimou o que já se definia nas discussões da sociologia pós-moderna.
Uma reportagem publicada na revista britânica The Economist comenta a descoberta do campo de petróleo de Tupi, num país já farto em recursos naturais, afirmando, com ironia, que por este motivo "Deus pode mesmo ser brasileiro".
A cultura dos tempos atuais delineia as novas faces do Deus.
O sistema capitalista, tão defendido pelos políticos da direita como o PSDB, DEM, PP e por seus parceiros neoliberais, quer e afirma que o nosso Deus deve ser sim o Deus-negócio, Deus-lucro, Deus-petróleo. Ou seja, o fim último do ser humano é o lucro, o consumo.
A transcendência só acontece por esta via. Basta acompanhar as resoluções conservadoras destes políticos em nossa história e na atualidade: Abriram as porteiras para as grandes empresas de desejos e do mundo do prazer material.
Ainda diz a reportagem: “existe até o dito popular de que Deus é brasileiro e agora, parece que há bilhões deles a mais do que se pensava, agora sob as águas profundas da costa brasileira".
Se este juízo sobre Deus pode ser considerado verdadeiro, o que será das regiões que não possuem este Deus?
Por fim, creio que também temos uma parcela de culpa: quantas vezes divinizamos algo material em detrimento do humano e do amor ao próximo?
Em nossa cidade, são muitos os indivíduos que desfilam em seus carros de luxo, queimando o deus-petróleo, desviando dinheiro público, virando a cara para o Deus-Amor que certamente habita no sofrimento dos mais necessitados e excluídos deste chão! Boa reflexão!!!

*Fonte de Pesquisa: E. Durkheim, As regras do método sociológico, p. 2

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Fazer... Fazer e Fazer...Para isso que você vive?


Amigo leitor, amiga leitora

O nosso papo de hoje é curto, porém muito importante. Não vai tomar mais que 5 minutos de seu tempo. Prometo!
Se o que vou dizer fizer sentido, ficarei muito agradecido e feliz. Se não fizer sentido, é só esquecê-lo, ou melhor, mande-me um e-mail falando o que quiser.
Neste momento estamos girando com o universo. Eu, há mais de duas décadas, sou uma pluma neste redemoinho da existência.... Até quando não sei, mas por enquanto aqui estou... Ou melhor, aqui “estamos”.
Há poucos dias, recebi de meu irmão um e-mail interessante... Muito refleti sobre isso. Pois bem:
Certa hora, “começamos a questionar o valor de estarmos e vivermos aqui pelo simples fato de acordarmos da rotina e percebermos que estamos aqui unicamente para “fazer”... “fazer”... “fazer” e fazer....
E que este “fazer” não tem um sentido, a não ser esvair-se nele mesmo! Um “fazer”, em muitas vezes, “vazio”...
Somos pressionados com prazos, com metas para “fazer” sem limites. E vemos que o limite está no aumento do limite da conta bancária da elite financeira do planeta... Percebo que o que nos sobra é somente as migalhas...
Perguntemos-nos: Será que o sentido do verdadeiro “fazer” não está naquilo que ainda não fizemos...? Vamos lá gente! Busquemos e lutemos pela nossa liberdade!
Coletivamente nos unamos na busca pela liberdade, pela rejeição a toda forma de pressão, de metas que tem como único objetivo concentrar a renda da elite planetária...
Isso não é besteira ou só indignação da boca pra fora; é a nossa realidade:
Um estudo recente do Observatório da Cidadania mostrou que “358” supermilionários detêm a mesma riqueza que os 46% da população mundial mais pobre, ou seja, cerca de “2,4 bilhões” de pessoas... E mais:
Nas manchetes dos jornais, lemos há poucos dias: “Lucro do Banco Itaú atinge quase R$ 4 bilhões e bate recorde histórico”.
Busquemos na cultura, na musica, na poesia, na espiritualidade o nosso ser transcendente, livre... Não busquemos esse fracasso mascarado de sucesso oferecido a nós pelo sistema capitalista que enriquece apenas 358 pessoas....
Busquemos nos irmanar nas dores do fracasso coletivo. Rejeite a idéia de que “você” pode ter sucesso!
A busca pelo sucesso individual nos leva a sermos reféns do nosso “fazer”: a nossa rotina individual, nos levará ao fracasso humano!
Repudie as receitas do mundo da imagem. Como são pobres e mesquinhas as pessoas que aceitam reduzir sua vida ao status e à imagem!
Abandone a idéia de que o Segredo está em você e passe a olhar para os lados e construir coletivamente a sociedade, o seu mundo, o seu bairro!
A concentração de renda aumenta a cada ano e continuamos iludidos com as migalhas que nos caem através dos discursos ideológicos do sucesso individual!
Fujamos da ilusão dos conceitos: empreendedorismo, criatividade, brechas do mercado, oportunidades de negócio, vestir a camisa da empresa, etc. etc.!!!! Não podemos continuar sendo um simples “fazer”... Um “fazer” sem sentido e sempre distante do nosso mais profundo desejo...
Viver em condomínios fechados, carros blindados, corações blindados; é esse o seu sonho?
Não quero essa ilusão para mim!
Este é um Relato de um estudante e trabalhador brasileiro de classe média”...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Até aonde vai a nossa consciência política?


Amigo Leitor, Amiga Leitora!
No artigo de hoje, exponho um assunto o qual todo o consciente cidadão deveria ao menos considerar importante.
Desde o meu primeiro artigo, venho enfatizando a importância de se ter um olhar crítico sobre os acontecimentos políticos de nossa atualidade. É preciso ter conhecimento sobre o chão em que semeamos as nossas esperanças. Este chão é a nossa realidade, o caminho pelo qual vamos concretizando os nossos sonhos, um caminho onde na maioria das vezes já nos é preparado por um “outro”.
Abaixo segue uma breve e introdutória análise da conjuntura política atual. Parece ser um pouco ampla e distante de nosso cotidiano, mas tenha certeza, isso é o que permeia as principais transformações de nossa vida. Vamos lá!
Bem sabemos que o mundo vem sendo transformado drasticamente nos últimos anos pela globalização e pelas políticas neoliberais. Para melhor compreendermos essa reflexão vamos esclarecer alguns conceitos.
Quando falamos de neoliberalismo e globalização estamos falando de uma nova ordem mundial. Nesta nova ordem, o Estado (Desde o Executivo Nacional até a câmara de vereadores de sua cidade) entra em crise e é obrigado a redefinir as suas ações, desde que estejam sempre em conformidade com as leis do mercado. Vamos adiante: Mas o que são as ditas políticas neoliberais?
* Políticas neoliberais: É o mínimo de intervenção do Estado (Poder Público) em investimentos sociais como em saúde, educação, habitação etc., ou seja, o que já era pouco tende a desaparecer.
Neste espaço, aberto pela ausência do estado, as grandes empresas aproveitam para ditar normas, salários, a ordem político-social.
Por este motivo, não é à toa também, que num passado próximo as privatizações (processo de venda de uma empresa ou instituição do setor público – estatal - que integra o patrimônio do Estado - para empresas privadas), e a “mercantilização” dos direitos públicos tomaram conta de nosso país. Percebemos aí, o forte sistema de globalização neoliberal. Mas o que é globalização neoliberal?
*Globalização neoliberal: é um sistema ou atuação pelo qual os países do Terceiro Mundo (África, Ásia, América Latina) são explorados pelos paises do Primeiro Mundo (EUA, Japão e grande parte da Europa) através de suas multinacionais, quebrando assim a produção nacional, as indústrias nacionais, os pequenos agricultores e, porque não, o país.
Isto se dá, sobretudo, pela abertura comercial, através de Tratados de Livre Comércio como a ALCA (Área de livre comércio das Américas), processo amplamente privilegiado no governo FHC e com sinal intermitente no Governo Lula. Espelho disso são as privatizações, ocorridas no passado.
De acordo com o CEFET (Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo), de 1991 a 2002 o país/governo-COLLOR/FHC, perdeu pelo menos 87 bilhões de reais com as privatizações. Além deste prejuízo, são inúmeras as complicações causadas no período pós-privatização.
A principal delas é a abertura para grandes grupos multinacionais, os quais compram as empresas estatais, sugam ao extremo a mão de obra barata, remetendo os lucros e impostos para os seus países de origem.
Enquanto isso em nosso país os problemas sociais agravam-se e a desigualdade aumenta, a violência toma conta.
De acordo com o Advogado Arthur Garcia Cyrino, as conseqüências desta nova ordem mundial não demoram aparecer: “A renda dos brasileiros que estão no topo da pirâmide social, os 10% mais ricos, é quase dez vezes maior que a soma dos rendimentos de todos os brasileiros juntos”. Isto é mais do que preocupante, afinal, quase a metade da população brasileira vive abaixo da linha da pobreza, na miséria de fato. Basta olharmos para as margens de nossas cidades.
Ao final deixo um questionamento: "Para quem deve o presidente/governo/prefeito governar; para o interesse do mercado/empresas ou para toda a sociedade?"
A resposta parece ser óbvia, mas em algumas realidades não é o que percebemos. Porém, quando alguém tenta governar para a maioria, já se é esperado as implicações e complicações. Na próxima semana retomaremos essa discussão! Uma boa reflexão!

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Prisões, politicagem e esperanças: Até aonde vai o desejo humano?


Creio que de nada adianta querer amarrar um Leão em perna de mesa... Dentro de cada um de nós existe uma força divina, sobre-humana. Marx, Filósofo alemão estava certíssimo ao gritar para os generais do governo prussiano: “Podem me prender, as grades não serão limites para o meu mundo e muito menos para as minhas idéias”!
Mas nesta humana vida, muitos são os sistemas que tentam amordaçar a vitalidade de nossos desejos.
Na verdade, o sistema prisional é isso: lugar de se prender aqueles que desejam demais. Seja por causa de desejos positivos ou negativos. Por desejos ruins são inúmeros, mas por desejos bons são muitos os casos, os exemplos. Este último nos causa indignação.
Ficamos revoltados ao identificarmos pessoas sendo presas pelo simples fato de desejarem a transformação da vida, do bem comum. Jesus Cristo foi um destes casos, aprisionado por que desejava incondicionalmente o amor.
Creio que até hoje Pilatos não entende. Na época, chegou a repetir por três vezes: “Mas qual foi o crime dele? Não vejo neste homem nada que faça com que ele mereça a condenação”. (Lucas 23:22). Mesmo assim o prenderam, crendo que este seria o seu “fim”... Pura besteira!... Seus desejos eram tão intensos que Ele está mais vivo do que nunca!
Tenho como verdade que em todos os tempos os grandes “doutores da lei” nunca gostaram daqueles que despertam além dos próprios desejos também os desejos do povo, pois ao povo cabe apenas dar à Cezar o que era de Cezar, sem muito desejar para si, sem questionar que, este imposto pago à Cezar era na verdade a força dos próprios desejos materializados em uma moeda.
No entanto, poucos se interessavam e se organizavam, possibilitando e legitimando assim as “misteriosas tramas político-Judiciais” que, ainda hoje ganham corpo e fazem novas vítimas.
Amigo leitor, amiga leitora! Percebi esta ação injusta sendo praticada até com uma árvore plantada numa rua do centro de uma velha cidade... Quem a plantou, pôde não imaginar que em sua pequenez habitava grandes desejos.
Esta árvore foi crescendo, crescendo pela força de seus desejos. Ela foi tomando conta da rua da velha cidade. Pela sua naturalidade, foi a cada dia desejando às pessoas mais vida, presenteando-as com um ar “novo”, mais “puro” e “transparente”. Até que um dia, pessoas ignorantes, por não compreenderem a grandiosidade de seus desejos, resolveram a enquadrar num sistema: o de corte.
É que no fundo, essas pessoas e outras mais, dependiam das coisas sujas e poluentes da velha rua. Preferiam as impurezas, meios pelos quais disfarçavam e confundiam seus “misteriosos” e encardidos sustentos.
Tentaram então matar a companheira árvore. Era mês de Junho, forte do inverno. Em um lampejo a cortaram. Mas foi em vão. Ela não morreu, pois seu tronco desejante ali ficou. A árvore teve paciência e esperou a primavera. Como o seu desejo pela vida era incomensurável, novos e mais fortes ramos começaram a brotar.
Era anoitecer de uma sexta feira quando o povo da velha rua foi tocado por esta divina força. Imbuídos de alegria, ao redor dela começaram a construir um lindo jardim. Hoje, aquela mesma árvore, morta para alguns, é o que dá mais vida e esperanças, colorindo de sorrisos a nova rua.
Que nós, a exemplo dos que muito nos ensinaram sobre a arte de desejar, possamos sempre almejar o infinito, o ilimitado. Mas que este desejar seja partilhado em favor de um bem maior do que algo egoísta e pessoal.
Ao final, possamos terminar cantando com Raul Seixas... “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só... Mas sonho que se sonha junto é realidade...!!! Boa reflexão!!!

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Reflexões sobre um “Novo” Erval Velho!


Amigo leitor, amiga leitora!
Pois é minha gente, a vida nos ensina através do tempo e este mesmo tempo nos faz viver e pensar e pensar!!!
Gostaria de começar este artigo relembrando a música de Cássia Eller: "Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre sem saber que o pra sempre, sempre acaba?”
Chego à conclusão de que quase tudo possui a sua finitude, o seu fim. Como afirmava o Filósofo Heráclito, há mais de 2500 anos atrás: tudo muda e nada é eterno, não podemos tomar banho duas vezes no mesmo rio, pois no segundo banho a primeira água já passou e você jamais será o mesmo.
Tudo está se renovando em cada momento. Conforme sugere o título, algo de significativo deve ter mudado para alguma realidade. Por isso, Lulu Santos canta para Erval Velho: "Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia".
Gostaria de sugerir, ao menos neste artigo, que de hoje em diante “Erval Velho” fosse chamado de “Erval Novo”. Afinal muito tem mudado por lá... Não somente o teor das conversas nos salões de beleza e nas rodas de chimarrão, mas principalmente no que diz respeito à estrutura e cultura política local.
Uma nova consciência social está encontrando espaço nas mentes e no coração dos “ervalhenses”. Como já havia escrito em artigo anterior, um novo jeito de fazer política está se evidenciando, rompendo preconceitos e estruturas que antes eram consideradas “normais e corretas”, mas que no fundo, serviam apenas para uma aristocracia seleta e nada popular.
Porém, para algumas regras há exceções. Não se torna possível findar os sonhos ou a vitalidade do imaginário coletivo. Bem que tentaram, mas esta chama não se apaga com qualquer vento. A infinitude do Fernando é fato, está por aí! Ele agora está na corredeira desta existência e suas pegadas tornam-se indeléveis no chão do cotidiano “ervalhense”. O município de “Erval Novo” recebe de volta mais um cidadão, ou melhor, um “conterrâneo”, aquele que possui a existência junto a terra e que fora dela não existiria sentido para ambos.
Podemos afirmar, que independente das tramitações, finitudes e negociações realizadas nos “porões” da dita “justiça politiqueira”, o Fernando continuará imortalizado na dinâmica histórica de sua terra como sendo um grande e vivo reformista, idealizador de uma sociedade melhor e mais justa.
O ervalhense Fernando é um mundo de possibilidades para a sua terra, sendo que, a força popular é o que poderá tornar ainda mais fecunda esta semente.
A distância que o separou de sua terra juntamente com o seu retorno, serviram como uma picada de abelha, capaz de acordar esperanças adormecidas e horizontes já esquecidos por muitos cidadãos.
Mais uma vez comprovo que o verdadeiro político é aquele que detém a arte de despertar os sonhos e os sentimentos de um povo, mesmo estando ele por perto ou não.
Essa é a característica dos verdadeiros líderes, onde para eles, o tempo e o espaço não são limites, mas sim, pequenos degraus que lhes conferem mais força e visibilidade. A vitalidade de um líder é imanente, vem de dentro, ao contrário dos que buscam o poder para si, comprando os olhares e reconhecimentos de fora.
Enfim, alegremos-nos por em nossa região algo de novo e significativo estar acontecendo. De mesmices e normalidades estamos cheios. Parabéns cidadãos de “Erval Novo”, terra onde efetivamente a esperança vence o medo!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A Infidelidade Partidária: Para onde vai o nosso voto?


Amigo leitor e Amiga leitora!
É difícil falar de “fidelidade” quando a fruta do (a) vizinho (a) aparenta ser mais atraente e apetitosa. Mesmo a Eva do paraíso Bíblico não se conteve. Assim nos relata o Livro do Gênesis em seu terceiro capítulo: “Então a mulher viu que a árvore tentava o apetite, era uma delícia para os olhos e desejável... Não resistiu, pegou o fruto e o comeu”. Assim também fez o Adão.
A nossa reflexão de hoje aborda o termo “(in)fidelidade”, o qual transpassa o campo sensual, dos sentidos, ou das férteis imaginações que nos possibilitam as “instáveis” relações conjugais da dita “Pós-Modernidade”*.
O que enfatizo aqui é algo mais misterioso, complexo e atualíssimo. Pois é gente! Mais uma vez adentro ao campo da política. E se falar de política é um pouco complicado, imaginem então dissertar sobre “Fidelidade Político-Partidária”!
Como nos orienta o espírito cientifico, primeiramente, observemos as raízes. É abaixo da superficialidade que se encontram as verdades e explicações.
Podemos então começar questionando: Por que os políticos mudam tanto assim de partido? Ou melhor: O que há de tão motivador e sedutor para repentinas e sucessivas trocas partidárias?
Nietzsche, Filósofo alemão, nos dá algumas explicações. Segundo ele, o termo “fidelidade” expressa “a impossibilidade de o indivíduo vivenciar novas experiências; sendo que os desejos para o novo e o desconhecido geram possibilidades de “maior poder”.
Ainda no campo da Filosofia, outro pensador nos ajuda a concluir que esses “infiéis partidários” sofrem de certo grau de amnésia, pois segundo Montaigne: “a fidelidade é virtude da memória, assim a infidelidade é sua falta, ou seja, o esquecimento”.
Esquecimento do que? Digamos que “de tudo”, das promessas feitas e de que um partido político é antes de mais nada a expressão de um ideal coletivo e jamais um degrau para a ascensão individual.
Enfim, a grosso modo, a questão do "troca-troca partidário" é uma artimanha utilizada pelos políticos (os eleitos e pelos que dependem da política) para se "acomodarem” a um partido em que possam tirar um maior proveito pessoal, independentemente de manter a fidelidade à legenda pela qual foi eleito.
Nesta época, os “políticos ciganos” (os eleitos e os grandes nomes da política) ficam na superficialidade, encima do muro, aguardando as pesquisas para fazerem o serviço ou então desocuparem a moita. É engraçado quando alguns destes “políticos nômades” são questionados sobre possíveis candidaturas ou coligações: Ninguém dá certeza de nada, o pulso e o discurso amolecem, “quase” nada se firma, a identidade, se é que existia, se esvazia!
Segundo Cremonese*, cientista político, a infidelidade partidária tem sido uma marca da política brasileira desde o período da dita “democratização”. No entanto, esta "naturalidade" do "troca-troca" tem causado prejuízos às instituições políticas, sendo a principal causa do descrédito dos políticos frente à opinião pública.
Em meio á este jogo do “vai-e-vem partidário”, permanece o nosso voto, meio sujo por ficar sempre na parte de baixo do “puleiro das negociações”. Negociações que em muitas vezes não ultrapassam o umbigo de uma minoria que mama e engorda às nossas custas.
Sejamos eleitores críticos, exigindo um sistema político realmente público, participativo e mais transparente, que realmente atenda às nossas ansiedades e preocupações. Boa reflexão!

Fontes:

*http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang&cod=30032;

*MAFFESOLI, Michel: A Transfiguração do Político: A Tribalização do Mundo. 3ª Ed. Porto Alegre: Sulina, 2005.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

O caso Fernando Coelho: Politicagem, Política e Esperanças!


Amigo (a) Leitor (a). De início, quero esclarecer que este espaço é um meio utilizado para se evidenciar o “óbvio que passa despercebido”. Também anseio aqui, denunciar ações injustas de nosso cotidiano, centrando a mira nos abusos causados pela força do “caciquismo político-ideológico”* de nossa terra.
Pois bem! Um dos casos que venho analisando é a conjuntura política e judicial pela qual o Prefeito Fernando Coelho (Erval Velho) está submetido: Preso há mais de quatro meses, em “suposta preventiva”, somente para não atrapalhar as "supostas" investigações de "supostas" irregularidades inferidas contra sua pessoa. Parece-me que vivemos em tempos em que as suposições e hipóteses prevalecem sobre as verdades.
Antes de entrar em algumas especificidades do caso, gostaria de refletir sobre os fundamentos que legitimam esse lamentável acontecimento.
Bem sabemos que a prisão do Fernando é nada mais do que “embrulhos” de uma dita “justiça” e de embolações políticas históricas. Percebo também, uma esperta artimanha sendo utilizada pela acusação: a “misteriosa” morosidade judicial servindo de bode expiatório e como base para legitimar a sua cassação (Prefeito Fernando).
Como diz o meu vizinho - “Isso é primeiro um caso de política e não de polícia”. Pura verdade! O Prefeito Fernando é vítima de um esquema político, de uma política que deveria morrer antes mesmo do próximo nascer do sol. Bem nos alertou Dom Pedro Casaldáliga em uma de suas cartas: “Essa política deve morrer. Já é mundialmente uma política morta para a sociedade que quer viver humanamente e construir um futuro autenticamente democrático, humanizador, participativo, sem essas desigualdades e injustiças que clamam ao Céu”.*
Esse tipo de política, popularmente conhecida como “politicagem”, já encontra repouso há muito tempo em nossas redondezas. É sob seu discurso pseudo-democrático e sempre engravatado que se sustentam infindáveis negociações e favorecimentos, porém sempre em mão única, em benefício dos mesmo que amarelam e amam o lado lucrativo do poder.
Este sistema Político-Judicial, que posterga a liberdade do Prefeito Fernando, é há muito tempo um grande e bom negócio, uma forma de recurso utilizado para suceder sempre os mesmos no poder, abertamente em nome de poucos, sempre distante do povo; é a política que possibilita e consagra o ditado eleitoreiro: “uma mão lava a outra”.
Porém, amigo leitor, amiga leitora; existe outra política, a qual se faz necessária, pois todos nós somos políticos por natureza. Somos seres de relações, não estamos isolados, fazemos parte de uma organização, de um processo político-organizativo chamado sociedade. A verdadeira política, a qual estamos inseridos, é mais que uma dimensão partidária ou de poder, ela abrange e estrutura todas as dimensões da vida social, desde o preço do feijão até as esferas econômicas mais complexas.
Neste sentido, temos sim que nos envolver e fazer política, não a “politicagem”, a coisa suja, ganha no tapete. Mas não desanimemos, pois algumas pessoas nos indicam formas de se fazer a política limpa de fato:
Nos últimos dias, mais de “1600 cidadãos” de Erval Velho se organizam e assinam seus nomes e sobrenomes em um “abaixo assinando”, evidenciando assim, a superioridade popular frente ao insignificante número dos processantes ou acusadores: apenas 02 (dois). Uma boa diferença hein!
Eis aí, expresso no “abaixo assinado”, noções de uma verdadeira política, a que nasce dos desejos e da necessidade da maioria; Esta sim é uma prática política necessária, humana e social, que brota do sonho por justiça em favor da verdade.
Que este povo continue caminhando, nos dando o exemplo e construindo novas formas de esperanças em favor da vida.

Fontes de pesquisa:

Adital*. Dom Pedro Casaldáliga. Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia (MT) e um dos mais importantes militantes brasileiros pelos direitos humanos

SODRÉ, Muniz. Antropológica do Espelho: Uma teoria da Comunicação linear e em Rede. Rio de Janeiro. Cortez. Petrópolis, Rio de Janeiro, 2005

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Palavra da moda.




Fala-se tanto em desenvolvimento sustentável em telejornais, revistas, empresas e escolas. O conceito é tão conhecido, quanto mal compreendido. Em 1987, a ONU definiu-o como: a capacidade de atender as necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem também as suas. O tripé que assegura um desenvolvimento com sustentabilidade é composto por crescimento econômico, justiça social e preservação ambiental. No entanto, será que isso é possível?O tão sonhado crescimento econômico Chinês, de 10% ao ano, é atingido à custa de degradação ambiental (poluição de rios, destruição dos solos e vegetação), de baixíssimos salários e da existência de um enorme exército industrial de reserva (desempregados) e do crescente incentivo ao consumismo.
Enquanto, de um lado, fala-se tanto em sustentabilidade, de outro, a mídia nos incentiva a trocar de carro todo ano, de celular, se possível, todo mês, a termos tantos sapatos e roupas de grife quanto pudermos, ou seja, consumir, consumir e consumir.
Não é de hoje que se ouve: se todos os habitantes do globo chegarem ao padrão de vida de um norte-americano o planeta Terra não suportará. No entanto, o que vemos é o incentivo e a busca por uma vida repleta de bens materiais, novos, modernos e descartáveis. Será que substituir gasolina por álcool, visando diminuir a poluição do ar, irá gerar grandes efeitos se o número de automóveis em circulação cresce aceleradamente?
É possível acreditar em um manejo sustentável: Reutilizar, Reciclar, Reduzir (os famosos 3 Rs).Porém, pensar em um desenvolvimento sustentável, vivendo sob uma economia mundial que prega o aumento da produtividade, dos lucros, da cultura do consumismo e, por conseqüência, o aumento do lixo, parece uma utopia.Alguns menos informados sugerem que a degradação ambiental e o subdesenvolvimento seriam amenizados com um maior controle da natalidade, principalmente, nos países mais pobres. Mas basta pensar um pouco para ver a lacuna dessa idéia: não são as populações pobres as que consomem os recursos naturais. Diminuir as taxas de natalidade vai, talvez, amenizar a dor de nossos olhos, por vermos que o número de famintos está diminuindo. No entanto, isso não irá tirar da miséria as milhares de famílias de todo o globo. Além do mais, especialistas em estudos populacionais afirmam que a Terra é capaz de sustentar o dobro da população mundial existente, claro que não com o estilo de vida de um norte-americano ou de um europeu médio, mas com distribuição de recursos, consumo racional, respeito aos direitos humanos e proteção ambiental.
Devemos ser lúcidos e críticos, mas também otimistas e fortes. A luta por um mundo mais humano, onde a idéia de sustentabilidade deixe de ser utopia e torne-se realidade, é uma luta de todos nós

*Monica Marlise Wiggers ´ Graduanda em Geografia pela UFSM

domingo, 30 de setembro de 2007

Os Políticos “Calheiros” de nossa região!!!


Caro amigo, Cara amiga... Depois da novela Mega-Sena, o que mais tem ocupado a agenda das discussões de nosso povão?
Bem sabemos que um ótimo lugar para se saber são os salões de beleza e os bares da cidade..... As padarias também são úteis neste sentido. Nestes dias, tomando um café em uma padaria da região, um grupo de pessoas, alguns engravatados e outros menos, definiam a pauta da semana: O caso Renan Calheiros! Muitas eram as opiniões, as quais eu ouvia e, sem saída, engolia seco junto com um café meio amargo.
Pois bem; tomemos o caso Renan Calheiros como substrato para problematizarmos uma discussão mais próxima de nossa realidade.
O bendito caso Renan me fez refletir sobre o desrespeito, a incoerência e o sentimento de impunidade que se alastram pela sociedade brasileira como um todo; sintomas percebíveis também aqui em nossa região.
Bem sabemos que as barbaridades políticas também encontram uma sombra e água fresca por aqui. Não precisamos quebrar a cabeça ou nos apropriarmos de teorias lunáticas para ter certeza de que muitos “Calheiros” co-habitam nossas redondezas. Diríamos que muitos destes políticos são as verdadeiras “calheiras”, que diminuem a nossa força ao se intitularem os reais e legítimos representantes de nossa voz, utilizando-se deste poder em benefício do próprio umbigo. Por este e por outros “motivo$”, que a grande maioria deles não quer desmamar tão cedo... Basta percebermos as barbaridades que acontecem durante o período eleitoral. Cria-se uma verdadeira arena de discursos, agressões, vales-gasolina e cestas básicas aos caminhões...
Caro (a) leitor (a), os mecanismos responsáveis pela absolvição do Renan lá no senado são os mesmos utilizados para encobertar as insanidades políticas daqui. Eis a força do “Corporativismo Mercantil-Político”, que na história de nossa região já apaziguou as juras de morte, fazendo subir no mesmo palanque o azeite e o vinagre, aqueles inimigos mortais em eleições passadas. Eis por aqui, alguns vestígios que sustentam o discurso Pós-Moderno da sociedade em liquidez, incerta, imprevisível e misteriosa.
Onde está o discurso inflamado das lideranças nacionais do PT? Esvaziou-se para não perder o poder? Com isso, o DEM, representantes dos velhos coronéis e o PSDB tentam aderir a um discurso de oposição e de esquerda, vestindo-se em pele de cordeiro, tentando apagar de nossas memórias os 20 anos em que estiveram à frente da construção de toda essa estrutura corrupta a qual chegamos.
Enfim.... É pobre demais assistir a Globo para se ver apenas a um único “Calheiros”, por aqui existem muitos e ao vivo ainda... Basta abrimos os olhos e desconfiarmos dos que já estão há muito tempo, amarelando no poder, com o mesmo “tapinha nas costas”... Estes sim são os responsáveis pelas angústias e injustiças de nossa terra.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Os mistérios de nossa Região. Os casos: Fernando, Paulo e Mega Sena!!!


O que vem acontecendo em nossa região é lamentável.. Parece haver um surto de incertezas. Sinto-me envergonhado pelo fato de sermos matéria da Revista Veja e dos noticiários da Globo: veículos de comunicação tendenciosos, que somente polemizam para obter o lucro e por fim, nada resolver.
Pois bem, além de sermos considerados a terra do bom carnaval, também acredito sermos o celeiro de muitos mistérios: Onde está Paulo Stuart Wrigth? De quem é o prêmio da Mega Sena? Por que o Fernando ainda está Preso?
Eis algumas inquietações que não querem calar; teríamos outros mais, principalmente se bisbilhotarmos o nosso passado político. Vale à pena refletirmos sobre alguns. Para isso, deixemos de lado a chatice da Mega Sena, pois, mesmo se tudo for esclarecido, apenas dois serão os ganhadores. Vamos ao interessante...
Na semana passada, completou-se três meses da prisão do Prefeito de Erval Velho, o Fernando. Umas das prisões mais misteriosas que nossa realidade pôde conhecer. Misteriosa mas não incomum à nossa região, pois o mesmo obscurantismo que ronda a prisão do Fernando pode ser comparado com o misterioso desaparecimento do “Deputado Joaçabense Paulo Stuart Wright na década de 80”.
Este “nosso verdadeiro Deputado”, envolveu-se com a classe trabalhadora, organizando cooperativas, formando os primeiros sindicatos de Joaçaba. Foi alguém além do seu tempo. Sua família, fundou uma escola nos salões de madeira da Igreja Presbiteriana aqui de Herval D´ Oeste e também o primeiro posto de puericultura da região.
Enfim, o verdadeiro Deputado do nosso coração, Paulo Stuart Wrigth foi “Um leigo cristão irrequieto e inconformado e, sobretudo, corajoso”, que realmente deu o sangue por nossa terra. Estava identificado com os sofrimentos e necessidades do nosso povo. Foi alguém que denunciou as injustiças.
Por estes motivos e pelo simples fato de não usar terno e gravata nas sessões do Legislativo, foi logo ameaçado, caçado e obrigado a viver na clandestinidade. Nos primeiros dias de setembro de 1973, foi seqüestrado pelo II Exército e levado aos porões do DOI-CODI de São Paulo, onde foi torturado e morto nas primeiras 48 horas.
Até os dias de hoje, ninguém sabe de seu paradeiro, pois o sistema judicial-militar da extrema direita, com ajuda da mídia (Globo), logo abafou o caso.
A realidade do Prefeito Fernando, muito se assemelha ao do nosso Deputado Joaçabense Paulo Stuart Wrigth. Ambos, vítimas de um esquema político-judiciário poderoso e bem amarrado. Cada qual em seu tempo.... Esses fatos me entristecem. Sou filho desta terra e não quero imaginar e muito menos crer que nossa região tem repulsa a pessoas que lutam pela verdade... Vamos então acordar... Não podemos continuar manchando a nossa história com tantos mistérios, incertezas e injustiças.

* Fonte de pesquisa: www.desaparecidospoliticos.org.br

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Você é fruto de suas escolhas?


O que sustenta e dá alicerce à nossa espécie humana é a singularidade enquanto um “ser que pensa”. Somos da espécie que “Pensa logo existe” como queria o Filósofo Descartes. Além disso, somos “Homo Sapiens, Sapiens”, ou seja: seres conscientes do seu saber.
Temos, até certo ponto, o domínio de nossas ações através da racionalidade. Porém, não somos tão redutíveis a um simples sistema lógico-racional. Existe o lado obscuro de nossa espécie como estuda e afirma a Psicanálise. Lembro-me agora de alguns simples dizeres que ressalvam a nossa complexidade existencial, como por exemplo: Somos aquilo que sonhamos e assim por diante...
É notório que vivemos em um período existencial nada generoso para com essa nossa subjetividade, para com a nossa parte livre, desejável e sonhadora. A cada instante, somos interpelados por situações inesperadas, as quais nos exigem tomadas de decisão e opções cada vez mais precisas e perfeitas: o errar já não é mais tolerável ou humanamente aceito. Isto vale para todas as instâncias da vida, seja ela pessoal, social; profissional ou afetiva...
Em conversa com uma amiga, especialista em RH (Recursos Humanos), a mesma afirmava que o mercado atual necessita de pessoas dotadas com capacidade de “agir rapidamente”, pessoas que tomem decisões cada vez mais a curto prazo: Tudo o que o patrão precisa nunca é para o amanhã, mas sim sempre para o ontem!
Isto se deve também ao avanço das tecnologias da informação, principalmente a internet, a qual através de um simples “click” resolve problemas, tranqüilizando a inquietação causada pela incerteza e pela dúvida. Enfim, como nadamos na correnteza do mercado e convivemos com estas tecnologias, vamos também nos moldando de acordo com seus cursos e necessidades. Com isso, a nossa subjetividade interior vai se tornando técnica e superficial, de acordo com as tendências comerciais.
Sendo assim, podemos nos questionar: Até que ponto somos o resultado das “Nossas escolhas”? Não pretendo aqui definir verdades acerca de um questionamento que é antes um processo pessoal. Porém, um substrato comum, é quanto à realidade que co-habitamos. A nossa casa comum, lugar onde cristalizamos os sonhos é antes um meio pré-existente. Como dizia o inglês George Orwell (1984), “fomos abraçados por sistemas inteiros, criados para controlar não somente as atividades, mas os nossos próprios pensamentos e sonhos”.
Creio eu, que desde o útero materno fomos sendo moldados de acordo com os valores e costumes pré-estabelecidos. Aos poucos fomos sendo pintados. Muitos foram e são os pintores: pais, avós, instituições como a igreja, escola e atualmente a mídia. Em meio a tudo isso nos questionamos: Quem realmente somos? Rubem Alves afirma que: “Somos o intervalo entre o nosso desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de nós”.
Porém, carregamos a esperança de sermos mais do que isso, afinal não nascemos prontos e embalados. As possibilidades de nossas opções futuras contém em si as mesmas possibilidades de serem o reflexo dos nossos sonhos ou desejos mais profundos, distantes assim de um querer ou desejo tão alheio.
Na questão profissional, espero que estes sonhos e desejos não sejam simplesmente queimados como um combustível necessário para locomover um sistema produtivo, que gera riqueza e tranqüilidade à sua minoria proprietária.
Um sinal de uma opção impessoal é quando o fruto de nossas escolhas não gera a própria satisfação. Por aí, tem muito “Puro Sangue puxando carroça” como canta Humberto Gessinger. Enquanto isso vamos à luta, iluminados pela ousadia do “nosso querer”, procurando sermos sempre maiores que os nossos sonhos!!!

Os Políticos do nosso "Coração"


Em nossa região, falar de política partidária está sendo cada vez mais desafiador. Há um bom tempo atrás você ainda tinha possibilidades de seguir uma linha crítica a respeito de algum político específico, pois a sua identidade e firmeza ideológica lhe proporcionava certo campo de distinção frente aos demais.
No entanto, podemos perceber que essa “identidade ou firmeza ideológica” que o político assumia foi aos poucos desaparecendo.
Podemos até dizer que já não se fazem ou elegem mais políticos como antigamente, os de pulso firme, aqueles que possuíam uma personalidade e postura não somente em discurso, mas também em atitudes. A distinção era explicita e se sabia que os políticos “vermelhos” andavam á frente e junto ao povo e que os “azuis” eram à frente de uma classe minoritária e historicamente privilegiada.
Essa dificuldade de se distinguir um político de outro é devido à superficialidade ideológica partidária que fixa raízes há muito tempo aqui em nossa região. Falo aqui dos políticos eleitos, dos que já tiveram a oportunidade. Segundo Maffesoli*, sociólogo francês, o político se estrutura cada vez mais na razão monovalente, em uma única visão linear que não abre espaço ou não comporta mais a pluralidade da vida social, que é a sua base. Em nossa realidade é assim também, pois nada pode escapar da monofonia ditadora que sobe de maneira exclusiva da capital.
Parece que tudo já está traçado e embalado para o próximo 03 de Outubro. Um exemplo disso são as pesquisas encomendadas que rolam por aí. Nesta semana, fui abordado na rua por um agente de pesquisa eleitoral que me induzia a escolher respostas prontas. Eram nomes de possíveis candidatos com suas coligações. Fiquei perdido quanto à resposta, pois jamais imaginaria que seria possível misturar o vinagre com o azeite. Com isso, concluí que se variavam os nomes, mas a estrutura ideológica permanece a mesma.
Isso é uma prova de que para as amarras políticas de nossa região nada é impossível, afinal ninguém quer deixar o poder tão fácil. Quando se enfraquece aqui, busca-se o equilíbrio ali, e assim vai se compondo a tradicional salada de frutas, com um sabor tuti-fruti, você engole o todo, mas não identifica mais com precisão o sabor de cada uma das frutas. Somente quem prepara tem uma leve percepção dos ingredientes, e quando questionado sobre a receita, incorpora o camaleão, afirmando que coligações são naturais e necessárias. Há desquites, separações partidárias, mas isso não passa de briguinhas pelo poder interno, nada que se considere ou que se amplie numa divergência político-ideológica de fato.
O que mais me preocupa é que devido à correria pela sobrevivência a grande maioria do povo se vê limitado a essa mesmice. Dentro dessa busca pela aliança entre os partidos, percebe-se a lógica maquiavélica, onde “os fins justificam os meios”. É lógica a certeza de que quem se remete à busca de qualquer parceiro para sobreviver, isso condiz a um conceito: o de prostituição.
Fiquemos de olho nos engravatados que sobem da capital para o nosso meio oeste, buscando reduzir a riqueza de nossa política à voracidade e ganância de seus interesses pessoais.

Fonte de pesquisa: *MAFFESOLI, M. A Transfiguração do Político. Porto Alegre: Sulina, 2005.

Mortes do Vôo da TAM: 189. Mortes diárias causadas pela fome: 24 mil!


É evidente e justa a compaixão do povo brasileiro para com as vítimas da tragédia do Vôo 3054 da TAM. Aparentemente, a mídia se mostrou um poço de sensibilidade concedendo um total espaço ao fato ocorrido. Porém não sejamos ingênuos! O aumento da audiência, devido à tragédia, também proporcionou a essa mesma mídia um faturamento ainda maior.
Há muito tempo, a pauta dos grandes veículos de comunicação vem sendo orientada pela crise do setor aéreo. São as câmeras flagrando a irritação, o desconforto das pessoas dormindo nos bancos, reclamando impaciente pelos atrasos ou cancelamentos...
Um dos angustiantes apelos televisados foi o de uma linda jovem que teve dois dias de suas férias atrasados por motivo de cancelamento de um vôo: Ela ia fazer compras em Las Vegas nos EUA.
Através das palavras desta jovem, indignada por não satisfazer o seu mundo “Dionisíaco”, do prazer; percebemos que a crise aérea afeta principalmente a uma classe específica. Não estou generalizando, pois em algum momento, alguém da classe pobre já viajou ou irá viajar de avião. Porém, está probabilidade é bem remota à grande maioria que mal apenas tem a sorte de uma carona para se locomover.
Enquanto isso, as atenções e os investimentos se voltam ao setor aéreo. É necessário o investimento neste setor, porém, que tenhamos a sensibilidade para com um número maior de vidas, afinal, por dia são 24 mil pessoas morrendo por conseqüência da fome no mundo. Essas mortes são reais mesmo não sendo mostradas pela TV.
Que possamos abrir os olhos e cobrarmos investimentos de acordo com as necessidades mais urgentes. Frei Beto nos aponta algumas saídas: “No Brasil, reduzir o analfabetismo entre mulheres em apenas 1% equivale a evitar 415 mortes por ano. Aumentar em 1% a rede de esgoto significa evitar 216 mortes/ano. Se o número de casas que recebem água tratada aumenta 1%, 108 mortes são evitadas/ano. E se o número de leitos nos hospitais aumenta 1%, 27 mortes são evitadas/ano. Os dados são do estudo de Mário Mendonça e Ronaldo Motta, Saúde e Saneamento no Brasil, Ipea, 2005”. (Fonte: www.adital.org.br)
Enquanto isso vamos à luta... Estamos juntos neste mesmo avião, dos impostos e taxas, mas também do direito a uma vida com mais tranqüilidade e esperança!!!

Vivemos para a vida ou para a morte?


Nestes tempos, alguns fatos me levaram a refletir sobre a relação vida e morte. Em um mesmo momento rememorava o primeiro ano de falecimento de um grande amigo (Antonio Zamboni) e também recebia a triste notícia do trágico falecimento de uma amiga (Kaline Coradi), ex-residente em Sede Belém. Ambos jovens, vítimas de acidente automobilístico.
Quando tocamos neste assunto, logo nos vem o sentimento de repulsa, como que se isso fosse alheio à nossa realidade. Por outro lado, estabelecemos uma proximidade com a morte desde os primeiros indícios de nossa vida, pois não há vida fora da morte como não há morte fora da vida!
A morte está tão próxima de nós que acaba se tornando um dos melhores argumentos quando se falta assunto numa roda de conversa. Além de se falar sobre as condições do tempo (Será que chove, será que faz sol?), a morte e a tragédia sempre aparecem (Nossa!!! você soube daquele acidente, daquela morte?) fazendo se espichar o papo...
Por este motivo que a maioria dos conteúdos midiáticos estão vermelhos de sangue, mesmo sendo friamente espetácularizado por parte do veículo transmissor, objetivando simplesmente o lucro gerado pela audiência.
Mesmo em nossa cultura religiosa, o espanto para com a morte sempre se fez mais presente do que admiração para com a beleza da vida. Temos alguns exemplos: Na Páscoa, a programação é extensa, a igreja se torna pequena, porém, no dia 25 de Dezembro a mesma igreja se torna mais aconchegante e espaçosa. Uma outra prova disso, principalmente nas comunidades do interior, é o fato de se tocar o sino quando alguém morre, no entanto, quando há um nascimento os sinos silenciam-se. As juras conjugais seladas ao pé do altar também encontram o seu natural encerramento neste fenômeno: “até que a morte os separe”, mesmo se acreditando em vida eterna.
Podemos também identificar dois tipos de morte que rondam a nossa existência.
A primeira é morte impactante, aquela que apaga a luz da vida num instante. É o impiedoso ponto final. A morte de fato. Aquela que nos ataca repentinamente.
Por outro lado, detectamos também a morte de cada dia. Aquela que vai corroendo aos poucos, pelas beiras. Seria uma espécie de morte paulatina, nos possibilitando certa margem de reação. Não me refiro aqui somente à questão da morte física ou o inevitável envelhecimento, mas acima de tudo aquela morte que não se torna tão perceptível aos nossos olhos. Cito algumas:
Para a consolidação de uma cultura patriarcal e machista, quantas mulheres que lentamente morriam ou ainda morrem para a satisfação dos desejos de um homem, se limitando a clausura dos afazeres domésticos através da submissão, sem poder jamais vivenciar ou experimentar a docilidade das suas potencialidades?
Em nossos dias, quantos são aqueles que morrem lentamente vítimas do abuso dos patrões, em jornadas massacrantes de trabalho? Ou por outro lado, quantos são aqueles que morrem lentamente vítimas de um padrão de vida e de consumo (status quo), sempre atormentados pela insatisfação e angústia gerada a cada novo lançamento de grife ou marca?
Enquanto isso vamos à luta, vivendo de maneira significante não somente ao nosso “mundinho”, mas sim ao maior número de outras vidas possíveis. Quanto à morte enquanto fim da vida, não nos preocupemos tanto assim. O filósofo Nietzsche nos tranqüiliza, pois: “Onde a morte está já não estamos mais...Onde estamos a morte não está”. Façamos de nossas vidas uma esperança, pois esta é a ultima que morre...Coragem e força de vida à todos nós...

Movimento “CANSEI”: Os analfabetos políticos do Brasil!


Este tal de “Cansei” é o mais imbecil e contraditório movimento social dos últimos tempos. Por alto, observamos que os participantes deste movimento são provenientes da classe abastada e historicamente privilegiada de nosso país.
São eles: Alguns advogados “conservadores”, dizendo-se a totalidade da OAB-SP, Sindicatos “Elitistas” e “Patronais”, dirigentes de grandes “multinacionais” como Paulo Zottolo da Philips, com seu salário anual de R$ 2 milhões, artistas bem maquiados como “Hebe” e o “Padre Antonio Maria”. Inclusive a classe política como notórios defensores “tucanos e demos”.
O presidente da Philips, um dos líderes do “Cansei”, em entrevista ao jornal econômico, não conseguiu esconder sua visão excludente e etnocêntrica ao afirmar que: “Se o Piauí deixar de existir ninguém vai ficar chateado". Eis aí, explícito neste discurso a essência deste movimento, que busca estabelecer-se com ar de superioridade social, subjugando ainda mais sob seus pés a classe trabalhadora.
O que mais revolta é observar pessoas, sem conhecimento dessa realidade, continuarem sendo favoráveis a eles, reforçando as ações desses lobos transvertidos em cordeiro. Inclusive, a grande mídia se posiciona á favor, dando amplo espaço, pois no final sempre tira o seu jabá.
O “Cansei” é a expressão popular de uma parcela politicamente ignorante de nossa sociedade. O Próprio título de uma matéria do site UOL denuncia a baixaria destes ditos “cansados”: “Movimento 'Cansei' reúne grifes, sendo um protesto diferente, com direito a fotógrafos da revista de celebridades Caras, equipe do programa "TV Fama", bolsas Prada e óculos Dior para as mulheres e blazer com abotoaduras, gel no cabelo e colarinho branco para os homens”. Até mesmo o vice-governador de São Paulo não se conteve, afirmando que este “é um movimento de “dondocas”. (Fonte: www.uol.com.br)
A elite brasileira do “Cansei”, contradiz-se ainda mais com essa atitude. Como pode o próprio assassino chorar pela morte da vítima? Como pode uma classe gritar por Paz e Igualdade sendo que é ela própria que origina a crescente desigualdade social e a miséria?
Quem, por mérito, deveria estar no lugar deles seriam os verdadeiros “cansados”: operários das grandes e milionárias empresas, donas de casa, professores massacrados pela insignificante remuneração, idosos humilhados pelo salário e pelo sistema público.
Devemos reprovar esse bando de analfabetos políticos. Estes que segundo o poeta alemão Bertolt Brecht não sabe o custo da vida, o preço do feijão, da farinha e do remédio. São desses imbecis políticos que nasce a violência, os menores abandonados e o grito dos pequenos agricultores que tentam sobreviver diante de tanta exploração. Enquanto isso vamos à luta, somando a nossa força num mesmo ideal.

“O CONTESTADO”: Isso sim explica a nossa realidade!


Com os ingressos sempre na pindaíba, a Peça teatral “O Contestado” proporcionou à nossa região fortes momentos de emoção... Esta oportunidade fez emergir uma enorme força, capaz de reacender inúmeros e diversos sentimentos no publico presente. Além de ser um rico resgate histórico, “O Contestado” instigou-me a algumas reflexões acerca de nossa realidade enquanto meio oeste catarinense.
Sabemos que a desigualdade social, evidente aqui em nossa região, não é fruto de uma lógica simplista, ou do por que “Deus quis assim”. A violência que prende e divide o ser humano entre muros e grades, bons e maus, possui sua gênese em fatos mais do que reais e não em razões metafísicas, distantes da ação humana como julga o senso comum.
Jamais existe realidade ou vida atual sem antes ser ela o resultado de elementos históricos.
Até mesmo o discurso da minoria rica, “Meu capital é fruto do meu suor” se evapora se posto em paridade com os fatos do nosso passado.
Os bugres, os jagunços da Guerra do Contestado, massacrados pelos coronéis e políticos da época, ainda continuam vivos no sangue de muita gente por aqui. Espoliados e “pinchados” na base de tiros e torturas, estes pequenos agricultores viram seus pedaços de vida serem concedidos aos políticos e depois virarem lucro de uma empresa norte americana.


Rubem Alves: Tenho direito à terra como tenho direito ao meu próprio corpo: por que ao corpo, o corpo pertence à terra...E até dei ordens para ser cremado, quando morrer, e minhas cinzas serem colocadas na raiz de um Ipê amarelo...É que tenho claustrofobia aos túmulos, e desejo ser devolvido à circulação de fertilidade..Que meu corpo fique Semente... Direito à terra: o problema está em onde se colocam as cercas...Claro que as cercas são necessárias. A pele é uma primeira cerca, depois a roupa, a casa...Mas há aqueles que fincam cercas para além dos limites da necessidade do seu corpo... Um latifúndio é formado com a carne de todos aqueles que são deixados de fora dele...Mas quando a terra é algo mais do que o corpo necessita ela deixa de ser vida e se transforma em lucro...em sobras...em aquilo que não foi consumido pela vida.... Assim a terra perde a sua sacralidade e passa a ser uma extensão do Banco.. Transformam-se em demônios..Daí a violência...