quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Os Políticos do nosso "Coração"


Em nossa região, falar de política partidária está sendo cada vez mais desafiador. Há um bom tempo atrás você ainda tinha possibilidades de seguir uma linha crítica a respeito de algum político específico, pois a sua identidade e firmeza ideológica lhe proporcionava certo campo de distinção frente aos demais.
No entanto, podemos perceber que essa “identidade ou firmeza ideológica” que o político assumia foi aos poucos desaparecendo.
Podemos até dizer que já não se fazem ou elegem mais políticos como antigamente, os de pulso firme, aqueles que possuíam uma personalidade e postura não somente em discurso, mas também em atitudes. A distinção era explicita e se sabia que os políticos “vermelhos” andavam á frente e junto ao povo e que os “azuis” eram à frente de uma classe minoritária e historicamente privilegiada.
Essa dificuldade de se distinguir um político de outro é devido à superficialidade ideológica partidária que fixa raízes há muito tempo aqui em nossa região. Falo aqui dos políticos eleitos, dos que já tiveram a oportunidade. Segundo Maffesoli*, sociólogo francês, o político se estrutura cada vez mais na razão monovalente, em uma única visão linear que não abre espaço ou não comporta mais a pluralidade da vida social, que é a sua base. Em nossa realidade é assim também, pois nada pode escapar da monofonia ditadora que sobe de maneira exclusiva da capital.
Parece que tudo já está traçado e embalado para o próximo 03 de Outubro. Um exemplo disso são as pesquisas encomendadas que rolam por aí. Nesta semana, fui abordado na rua por um agente de pesquisa eleitoral que me induzia a escolher respostas prontas. Eram nomes de possíveis candidatos com suas coligações. Fiquei perdido quanto à resposta, pois jamais imaginaria que seria possível misturar o vinagre com o azeite. Com isso, concluí que se variavam os nomes, mas a estrutura ideológica permanece a mesma.
Isso é uma prova de que para as amarras políticas de nossa região nada é impossível, afinal ninguém quer deixar o poder tão fácil. Quando se enfraquece aqui, busca-se o equilíbrio ali, e assim vai se compondo a tradicional salada de frutas, com um sabor tuti-fruti, você engole o todo, mas não identifica mais com precisão o sabor de cada uma das frutas. Somente quem prepara tem uma leve percepção dos ingredientes, e quando questionado sobre a receita, incorpora o camaleão, afirmando que coligações são naturais e necessárias. Há desquites, separações partidárias, mas isso não passa de briguinhas pelo poder interno, nada que se considere ou que se amplie numa divergência político-ideológica de fato.
O que mais me preocupa é que devido à correria pela sobrevivência a grande maioria do povo se vê limitado a essa mesmice. Dentro dessa busca pela aliança entre os partidos, percebe-se a lógica maquiavélica, onde “os fins justificam os meios”. É lógica a certeza de que quem se remete à busca de qualquer parceiro para sobreviver, isso condiz a um conceito: o de prostituição.
Fiquemos de olho nos engravatados que sobem da capital para o nosso meio oeste, buscando reduzir a riqueza de nossa política à voracidade e ganância de seus interesses pessoais.

Fonte de pesquisa: *MAFFESOLI, M. A Transfiguração do Político. Porto Alegre: Sulina, 2005.

Nenhum comentário: